NA TELA DA MAX | HORIZON : UMA SAGA AMERICANA PART 1

POR Adilson Carvalho

Confesso que fiquei muito curioso com o Western épico de Kevin Costner, e igualmente impressionado com a tenacidade de seu realizador. O ator e diretor do clássico Dança Com Lobos (1990) co-escreveu o roteiro com Jon Baird e Mark Kasdan por volta de 1988 e teve o projeto recusado por vários estúdios. Kevin ainda enfrentou a pandemia de COVID-19, seguido da morte de seus pais em 2021, conflitos de agenda, incluindo uma disputa de contrato com a Paramount Pictures e Taylor Sheridan na última temporada de Yellowstone, o divórcio e as greves de escritores e atores em 2023. Tantas adversidades não abalaram a confiança de Kevin que investiu seu próprio dinheiro e vendeu propriedades para garantir a oportunidade de fazer Horizon – Uma Saga Americana, planejado para 4 capítulos.

A Warner ficou com a distribuição mas parece não acreditar no projeto apesar do bom desempenho no Festival de Cannes desse ano. O filme teve seu lançamento nas telas abaixo do esperado nos Estados Unidos, foi retirado do lançamento internacional, anunciado pouco depois na Max, cancelado novamente e agora finalmente chegando ao público pela MAX. A história se passa em 1859, quando muitas famílias são atraídas para o oeste e se estabelecem em territórios do Wyoming ao Kansas. O problema que talvez tenha afastado o público seja o número grande de personagens que passam pela tela. Kevin interpreta Hayes Ellison, um rústico caubói que se vê em fuga com uma prostituta (Abbey Lee) e um garoto depois de matar um atirador. Kevin, no entanto, não assume o protagonismo, aparecendo somente depois de 1 hora de filme. Praticamente, esse protagonismo é dividido com outros personagens, cada um um arquétipo do gênero bang bang como a viúva sobrevivente (Sienna Miller), sua filha Lizzie (Georgia MacPhail), o guerreiro Apache rebelde Pionsenay (Owen Crow Shoe), o líder dos colonos (Luke Wilson) e a cavalaria (Sam Worthington, Michael Rooker e Danny Houston). A narrativa é lenta e são muitas histórias paralelas a acompanhar, o que dificulta para o público que não consegue manter um foco narrativo.

Talvez Horizon ficasse melhor no formato de minissérie de TV, nos moldes da clássica Centennial – A Saga do Colorado (1978), mas é inegável que Kevin se esforça para contar uma história sem pressa de desenvolvê-la, mergulhando no histórico avanço para o oeste para criar um espetáculo visual digno de John Ford ou Howard Hawks, com direito a planos amplos e a visão do Monument Valley. Costner é competente seja nos enquadramentos ou na escolha narrativa de ser respeitoso ao legado do gênero sem glamourizar as ações  humanas por traz da conquista do Oeste, mostrando que não há heróis mas há famílias em busca de terras, civilizações indígenas tendo seu território invadido, exploradores e assassinos, a escória agrupada em uma terra sem lei. Nesse sentido a coerência de Costner se faz sentir válida mas ainda assim dispersa, dilui com muitas sub tramas em paralelo. Se vale a pena assistir, sim até para termos a experiência de um cinema que consegue contar uma história que não é reboot, remake nem franquia de super herói. Esperamos pelo segundo capítulo, que talvez venha a ser menos chato que essa primeira parte, seja lá quando for.

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