HQ TERRITORIO NEUTRO | SPAWN ORIGENS VOL 3

Por Leandro “Leo” Banner

Se há uma coisa que ninguém pode dizer é que TODD McFARLANE é um ingênuo ou vítima das circunstâncias. Não obstante seu incontestável talento ARTÍSTICO (como ilustrador, frise-se), é preciso reconhecer que McFarlane tem um uma visão empresarial e tino comercial extremamente aguçados. Lançou seu personagem SPAWN com histórias absolutamente tenebrosas de tão ruins, que, a despeito de sua arte esplendorosa, contavam com roteiros – na melhor das hipóteses – medíocres. E o que fez, então? Chamou um time estelar de excelentes autores do ramo das HQs para produzirem histórias verdadeiramente diferenciadas de um personagem que nada mais era que uma colcha de retalhos conceitual, um conjunto de ideias recicladas e cheio de clichês mais do que batidos, que ajudaram a alçá-lo a um status de personagem relevante. Com isso, certamente SPAWN decolou… no entanto, mesmo do alto de sua arrogância e prepotência, Todd McFarlane (ainda que jamais tenha admitido ) tinha (e certamente ainda tem) ciência de sua tremenda limitação como contador de histórias, mas ainda que seja teimoso demais para abrir mão do posto de roteirista principal ou do controle criativo do seu personagem, deu mais uma cartada certeira ao convocar GRANT MORRISON para produzir aquele que seria – até este ponto, pelo menos – o MELHOR arco de SPAWN desde sua criação, e é justamente essa história publicada em SPAWN ORIGENS – VOLUME 3, que analisaremos nesse post.
A edição se inicia com uma história em duas partes intitulada “MITOS”, com roteiro e arte de McFarlane, na qual o Violador, preso na sua forma humana e gorducha de um metro e meio, conta um de seus combates há cerca de 800 anos contra um “malfeitor”. No entanto a história se revela como sendo uma situação deturpada pelo interlocutor infernal, na qual o demônio (aqui desprovido de seus poderes) combateu o Spawn Medieval e sofreu uma fragorosa derrota. Cronologicamente esta história se situa ANTES dos eventos narradas na minissérie VIOLADOR, escrita por Alan Moore, que já foi objeto de análise neste espaço.
Em seguida, finalmente, o arco em três partes chamado “REFLEXÕES”, com roteiro de GRANT MORRISON, desenhos de GREG CAPULLO e arte-final de ART THIBERT com DAN PANOSIAN e MARK PENNINGTON, que mostra que alguns anos atrás uma poderosa explosão subterrânea abriu uma passagem para o inferno, composta por uma substância que os cientistas chamaram de “psicoplasma”, capaz de tornar realidade os maiores temores de quem entra em contato com ela. Para ter acesso a essa temível substância, Jason Wynn oferece ao demônio Malebólgia, a alma de seu melhor agente, Al Simmons.
Nos dias atuais, os agentes celestiais decidem transformar Wynn em um Soldado de Luz para combater e derrotar Spawn. Malebólgia leva Spawn para um passeio a “Simmonsville”, um simulacro criado com psicoplasma a partir das lembranças de Simmons nas proximidades de uma base militar em Nevada. Depois disso, Spawn e o Soldado de Luz – o Anti-Spawn” – criado pelos seres celestiais, travam um violento combate que se mostra quase fatal para o Soldado do Inferno.

Encerrando a edição, a história em duas partes “HORA DO SHOW”, escrita por TOM ORZECHOWSKI e ANDREW GROSSBERG, com desenhos de GREG CAPULLO e arte-final de MARK PENNINGTON auxiliado por TODD McFARLANE na conclusão, mostra que em 1945 executivos e militares conseguiram estabelecer contato com seres demoníacos e que a explosão da bomba atômica na época guarda uma relação com esse fato. Em outra época, seres de diversas origens se encontram no lugar chamado SOBREPOSIÇÃO, uma espécie de intersecção dimensional entre a realidade e o inferno, para descobrirem se uma explosão atômica pode matar um demônio. Para atingir seu intento, influenciam cientistas russos a explodirem uma bomba atômica numa convenção em Nova Iorque para destruírem Spawn, que tem a inesperada ajuda de Harry Houdini, que se mostra um viajante do tempo que circula entre várias épocas.
Excetuando-se o primeiro, temos aqui dois bons arcos em sequência do personagem, com destaque para os desenhos de GREG CAPULLO, aqui muito melhores do que os apresentados na minissérie do VIOLADOR, mas a cereja do bolo vai para o arco escrito por Morrison, que dá uma contribuição significativa para o cânone do personagem. Definitivamente, o ponto alto da edição, que vale muito a pena.

Avaliação: 3/5

Vida longa e próspera e até a próxima!🖖🏻

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