Por Adilson Carvalho

Oscar Isaac (Cavaleiro da Lua) parece ter adorado Nosferatu, de Robert Eggers, mas isso não significa que ele não tenha um pouco de inveja das habilidades exibidas no filme. Moderando uma sessão de perguntas e respostas na cidade de Nova York na semana passada com os membros do elenco Lily-Rose Depp, Willem Dafoe e Bill Skarsgård, Isaac elogiou a arte de Nosferatu, oferecendo um apreço especial pelo desempenho incrivelmente físico de Depp e pelo trabalho que Skarsgård fez para conseguir a voz assombrosa do morto-vivo Lord Orlok. “Isso me irrita”, disse Isaac, ao descobrir que não foram adicionados efeitos para obter o timbre de Orlok. Ele continuou sobre o desempenho de Skarsgård: “Acho que o que realmente me impressiona é quando você diz que é ‘um apetite’. Em um determinado momento, o personagem de Willem diz que é uma força maior que o mal que causa o mal, é bastante binário, certo? Isso é algo que vai além disso”. Skarsgård concordou com a avaliação de Isaac sobre Orlok, expressando a dificuldade de abraçar tal figura, especialmente no início do processo, quando ele estava tentando encontrar o personagem de forma autêntica. “É um papel muito abstrato, porque você está sentado em seu quarto de hotel ou na sala de estar trabalhando nele, parecendo você mesmo e tentando explorar a voz e tudo o mais, e você está perdendo a cabeça”, disse Skarsgård. “Acho que é preciso ser louco para fazer o que fazemos, mas as peças com as próteses e o figurino, tudo isso faz com que pareça real quando você está atuando.” Ao trabalhar para capturar o mal que Orlok exala, Skarsgård concentrou seus esforços em se tornar o mais desumano possível. Como Orlok aparece frequentemente nas sombras e só pode ser definido pela forma como se comunica, Skarsgård concentrou grande parte de seu tempo na criação de uma voz que parecesse de outro mundo. Para conseguir isso, Skarsgård estabeleceu um método para colocar mais graves em sua voz e, ao mesmo tempo, adicionar mais ressonância. “A voz era algo que eu sabia que ele queria que fosse desumanamente profunda, e eu não acho que minha voz normal seja muito profunda, então foi: ‘OK, como posso acessar uma profundidade que eu não sabia que tinha em mim?” disse Skarsgård. “Foi uma exploração maravilhosa e trabalhar com uma cantora de ópera tentando abaixar a voz o máximo possível e tentando ficar o mais relaxado possível, e eu explorei e trabalhei tanto nisso que criei essa pequena rotina para mim mesmo que eu sabia que, ‘OK, minha voz é ótima quando estou realmente relaxado’. Então, usei essa rotina de 20 minutos que eu fazia para estar no lugar onde a voz ressoava e vinha de mim, em vez de sentir que eu estava colocando a voz.” Isaac logo será visto em seu próprio filme de monstro, Frankenstein, de Guillermo del Toro.