CICLO EASTWOOD : MAKE MY DAY | A CONQUISTA DA HONRA / CARTAS DE IWO JIMA

Por Adilson Carvalho

Somente Clint Eastwood teria coragem para tocar um assunto tão delicado quanto a Segunda Guerra e fazê-lo seguindo dois pontos de vista antagônicos, abordando culturas dicotômicas como a americana e nipônica. Tendo em foco a batalha de Iwo Jima, Clint conheceu tentou adquirir  o livro Flags of our Fathers de James Bradley e Ron Powers, publicado em maio de 2000. No entanto, o produtor Steven Spielberg já havia comprado os direitos naquele verão e, no início de 2001, atribuiu a adaptação do livro ao roteirista William Broyles Jr. Spielberg não ficou satisfeito com o roteiro resultante e assim o projeto ficou inativo até que Spielberg se encontrasse com Eastwood após o Oscar de 2004. Depois disso, Eastwood assumiu o cargo de diretor e Spielberg o de produtor.

A história sobre o hasteamento da bandeira em Iwo Jima apos o feroz confronto entre os aliados e o imperio japonês guardou durante muito tempo a polêmica sobre a veracidade da foto tirada por Joe Rosenthal em 23 de fevereiro de 1945, e aclamada com um Pulitzer.  O filme A Conquista do Oeste, custou US$ 55 milhões, embora tenha sido originalmente orçado em US$ 80 milhões. A princípio a ideia era que o filme tivesse duas narrativas paralelas seguindo o ponto de vista americano e japonês. Depois Eastwood decidiu fazer dois filmes separados, cada um mostrando a decisiva batalha sob olhar de duas culturas diferentes e que foram cruciais no encerramento do conflito. Em uma entrevista de 2006, o roteirista Paul Haggis declarou que Clint Eastwood havia filmado o filme em pouco mais de 50 dias, ou seja, quase metade do cronograma original de filmagem. Posteriormente, a Variety baixou o preço para US$ 25 milhões. O orçamento do filme complementar, Cartas de Iwo Jima (2006), foi oficialmente creditado em US$ 20 milhões, mas, de acordo com a Variety, o custo real foi de “menos de US$ 70 milhões” para os dois filmes juntos, o que significa que Cartas de Iwo Jima custou cerca de US$ 15 milhões, mas superou a bilheteria de A Conquista da Honra. Em abril de 2007, os dois filmes tiveram uma bilheteria mundial combinada de US$ 135 milhões, sendo que esse filme teve um desempenho, segundo a Variety, “muito forte” no mercado de vídeo doméstico.

Esse foi o primeiro filme de Clint Eastwood a passar por um processo intermediário digital, em vez de ser colorido da maneira fotoquímica tradicional. Eastwood e o diretor de fotografia Tom Stern queriam usá-lo anteriormente em Sobre Meninos e Lobos (2003), mas não tiveram tempo suficiente para fazê-lo antes da estreia do filme em Cannes, e decidiram não usá-lo tampouco em Menina de Ouro (2004), achando que os pretos do filme ficariam mais saturados se fossem cronometrados fotoquimicamente. A Conquista da Honra tambem veio a ser a estreia no cinema do filho de Clint Eastwood, Scott Eastwood. Já Cartas de Iwo Jima tornou-se um dos nove únicos filmes em língua estrangeira a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme. Embora tenha sido filmado quase inteiramente em japonês, com elenco predominante japonês, foi uma produção americana e, portanto, não foi indicado para o prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira.O diretor Spike Lee (Infiltrado na Klan)  criticou publicamente Clint Eastwood pela falta de atores afro-americanos nesse filme e em A Conquista da Honra (2006). Eastwood rebateu com o fato histórico de que o exército dos EUA era segregado na época e os soldados negros eram geralmente mantidos longe das linhas de frente. Ambos os filmes se destacam na filmografia de Eatswood como um poderoso relato de como um conflito afeta duas culturas, e que a história é quem julga.

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