Por Adilson Carvalho

Com a chegada de Nosferatu, de Robert Eggers, conferimos o talento de Bill Skarsgård em papéis de monstros icônicos de filmes de terror. O ator impressionou em It – A Coisa, de 2017, no papel de Pennywise, o palhaço dançarino (um papel que ele está reprisando na futura série Max, Welcome to Derry). No caso, havia a atuação marcante de Tim Curry na minissérie de 1990, e muitos tiveram que concordar que Skarsgard conseguiu fazer uma atuação igualmente impactante. Agora o desafio é fazer o papel do Conde Orlock, vivido por Max Schreck em 1922 no filme de F. W. Murnau, e depois por Klaus Kinski em 1979 no filme de Werner Herzog. E para complicar ainda mais as coisas, ainda tem A Sombra do Vampiro (2000), que fez com que Willem Dafoe usasse a famosa maquiagem de Orlok para interpretar uma versão (fictícia) de Max Schreck. Curiosamente, Dafoe também aparece no novo Nosferatu, interpretando um caçador de vampiros. E, no entanto, apesar das adversidades, Skarsgård faz do Conde Orlok o seu próprio personagem, assim como fez com Pennywise. Embora Nosferatu, de Robert Eggers, siga mais ou menos as mesmas linhas da história do filme original (e de inúmeros outros filmes de Drácula), o Orlok de Skarsgård causa impacto por ser um monstro muito diferente do que estamos acostumados a ver. Em vez de recriar a maquiagem memorável que Max Schreck usou no filme original (e que Herzog reaproveitou em seu remake), o filme de Eggers apresenta um Orlok com aparência muito diferente. Enquanto os outros Orloks parecem monstruosos e desumanos, com presas de rato e orelhas pontudas, o Orlok de Skarsgård parece um cadáver ambulante e falante – sua pele é cerosa, seus membros estão deteriorados, seus olhos afundaram no crânio. Ele realmente parece um cadáver que, de alguma forma, ganhou vida. Eggers teve a ideia de escalar Skarsgård depois de ver o ator interpretar a encarnação humana de Pennywise na sequência It – Capítulo 2. Embora ele frequentemente interprete personagens grotescos, é óbvio que Skarsgård é um cara muito bonito, e Eggers queria encontrar uma maneira de explorar isso e, ao mesmo tempo, tornar seu Orlok repulsivo. “Bill é tão alto e tão magro, o que é perfeito para a fisicalidade que eu estava procurando”, disse o diretor. Nosferatu estreia nos cinemas em 2 de janeiro.