PERFIL | PAMELA ANDERSON

Por Adilson Carvalho

Na década de 90 a atriz Pamela Anderson ganhou a fama internacional como a salva vidas C.J.Parker da série Baywatch. O sucesso teve um efeito negativo, já que a atriz ficou marcada por papeis que exaltavam apenas sua beleza e sexy appeal como já na sua estreia nos cinemas no sci fi pós apocalíptico Barb Wire (1996). Apesar de participações em filmes como Todo Mundo em Pânico 3 (2003) e Borat (2006), a atriz canadense só conseguia ser enxergada como símbolo sexual de volúpia e curvas generosas. Não ajudou muito ter sido a inspiração e a voz da personagem Stripprela (2033), de uma curta série de animação criada por Stan Lee. Ficou ainda pior para a imagem da estrela quando vazou um vídeo na internet de sua relação sexual com o marido Tommy Lee, da banda Motley Crue, um relacionamento tumultuado marcado por drogas, brigas e traições, mas que gerou dois filhos. O polêmico casamento da estrela foi adaptado na série Pam & Tommy (2022) na extinta Star +, com Lily James no papel de Pamela. A atriz, que já posou nua para a Playboy, também estrelou a série VIP (1998/20002) sobre uma vendedora de hot-dog que se torna símbolo de uma agência de guarda-costas.

Agora Pamela de subestimada intérprete se torna uma atriz respeitada graças ao seu papel em The Last Showgirl, ao lado de Jamie Lee Curtis, Kiernan Shipka, Dave Bautista e Billie Lourd. Dirigido por Gia Coppola, o filme conta a história de Shelley (Anderson), uma dançarina experiente, que, aos seus 50 anos, está prestes a encerrar sua carreira de forma abrupta e embarcar para uma nova jornada em seu futuro. O filme foi exibido com sucesso no Festival de Toronto, e vem trazendo indicações de melhor atriz para Pamela no Golden Globe, SAG Awards e quem sabe, talvez, ao Oscar. A roteirista de primeira viagem Kate Gersten tinha uma atriz em mente para interpretar Shelley, a própria Pamela Anderson. O problema foi que o agente de Anderson na época não se deu ao trabalho de encaminhar o roteiro. “Ele jogou o roteiro no lixo em uma hora e nunca mais me ligou”, diz Anderson sobre seu antigo representante. “Ele não era um agente. Ele era apenas alguém que me trazia trabalho por dinheiro.” Sem se deixar abater, a diretora do filme, Gia Coppola, encontrou o filho de Anderson, Brandon, por meio de amigos em comum, e ele prometeu passar o roteiro para sua mãe, que havia desistido de atuar e se mudado para a Colúmbia Britânica.

Lembro-me de sair do meu jardim, receber uma mensagem de Brandon, sentar no meu computador e lê-la. E pensei: ‘É isso‘”, lembra Anderson. “Esta é a minha oportunidade de colocar toda a minha experiência de vida em algo, uma mulher que é tão bem escrita, bem completa, com falhas, interessante, complexa. Foi um trabalho de tirar o fôlego. Nunca tinha tido essa sensação antes”. Menos de um ano depois, Anderson – hoje com 57 anos – estava rodando o filme que a coloca no centro das atenções da temporada de premiações pela primeira vez em sua icônica carreira, recebendo indicações ao Globo de Ouro e ao SAG de melhor atriz. Grande parte do crédito por essa metamorfose inesperada é de Gersten, que abriu caminho em um subgênero – a tentação do topless – antes dominado por homens. De Showgirls, de Joe Eszterhas, a Striptease, de Andrew Bergman, esses filmes ofereciam pouca visão da vida interior das dançarinas objetificadas. Mas Gersten – cuja família inclui uma mãe dançarina moderna, um pai gerente de palco da Broadway e um tio fundador do Public Theater – estava determinado a humanizar a experiência delas. Como disse em entrevista no Jimmy Fallon, “Sempre achei que era capaz de mais do que apenas correr de maiô por aí. Então, pensei: ‘Sabe, eu quero tentar isso’. E me dediquei de corpo e alma a esse projeto…” Acreditamos em você, Pam.

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