Por Adilson Carvalho

No seu documentário Marlee Matlin: Not Alone Anymore (ainda sem título em português), a estrela continua a explorar o espaço por vezes solitário que ocupou desde que entrou em cena em 1986: o de ser uma representante das pessoas surdas e de ser ela própria, desde os 18 meses de vida. Durante mais de três décadas, Matlin foi a única intérprete surda a ganhar um Óscar e uma das poucas a ter o que poderia ser considerado uma carreira de atriz bem sucedida. Isso mudou quando Troy Kotsur, seu co-protagonista no drama No Ritmo do Coração (2021), vencedor do Oscar de melhor filme, melhor roteiro adaptado e melhor ator coadjuvante para Troy Kotsur em 2021, Aos 19 anos, Matlin foi escalado para contracenar com William Hurt na adaptação da peça Filhos do Silêncio (1987). Ela interpretou Sarah Norman, uma empregada de limpeza numa escola para surdos. O personagem de Hurt é um professor de oratória. Ela resiste a falar. Ele diz que não a vai forçá-la a falar, mas termina vindo a fazê-lo. Após a produção, Hurt tornou-se o par romântico de Matlin na vida real. Por isso, é possível que tenha se sentido desconcertado quando o documentário mostra Hurt a abrir o envelope na noite do Óscar e a anunciar que Matlin ganhou. Jane Fonda, nomeada na mesma categoria, parece mais feliz por Matlin do que por Hurt. Mais tarde, viria a saber-se que a relação de Matlin com o ator de 35 anos era muito difícil. A atriz afirma que ele se tornou física e emocionalmente abusivo. (Hurt, que morreu em 2022, refutou esta afirmação). Trabalhou também em séries de televisão como Reasonable Doubts (1991 – 1993) no qual interpretou uma promotora pública, e pelo qual foi indicada ao Emmy Award, Picket Fences durante a última temporada (1995/1996), além de ter trabalhado também em The West Wing e outras. Buscando autenticidade total, Marlee entragou a direção do documentário à  Shoshannah Stern, também surda e está em exibição no Festival Sundance de 23 de janeiro a 2 de fevereiro.