HQ TERRITORIO NEUTRO | SPAWN : ORIGENS

POR Leandro “Leo” Banner

Neste novo compilado da Panini reunindo as edições de SPAWN #27 a 32, publicados originalmente em 1995, a primeira história traz consequências diretas das edições de YOUNGBLOOD #8-10 (inéditas no Brasil), nas quais o CAPELA, a fim de chegar até SPAWN, decide assassinar Bobbie, um de seus amigos mendigos do Bowery, local que o Soldado do Inferno adotou como lar depois de retornar dos mortos. Condoído e cheio de remorso por seus conflitos atingirem seus amigos mais próximos, Spawn decide, mesmo lhe custando um considerável dispêndio de energia, usar seus poderes para ressuscitar Bobbie, que volta à vida extremamente agradecido ao amigo. Logo em seguida, um desequilibrado chamado MALDIÇÃO ataca o Bowery decidido a encontrar Spawn e destruí-lo. Enquanto isso, Terry Fitzgerald e sua esposa Wanda Blake refletem sobre os últimos acontecimentos, e Wanda decide procurar por Spawn a fim de entender suas razões de ter salvado a vida de seu marido quando todos os demais lhe viraram as costas.
Na edição #28 Spawn derrota o Maldição e decide crucificá-lo em meio às toneladas de lixo do Bowery, enquanto Wanda Blake se dirige para a localidade e os detetives Burke e Twitch desvendam o teor das provas que lhes foram entregues por Spawn, que implicam o Chefe de Polícia Banks. O encontro entre Wanda e Spawn finalmente acontece. SPAWN #29 se passa imediatamente depois dos eventos mostrados na minissérie ÂNGELA, publicada pela Editora Abril em 1998, e não republicada pela Panini – e provavelmente não será – por conta da disputa pela titularidade da criação da personagem entre Neil Gaiman e Todd McFarlane, com Gaiman tendo vencido a pendenga judicial e levado a personagem para a Marvel. Na história da minissérie, Spawn é levado para os céus, entra em combate com Ângela, os dois acabam tendo um envolvimento além do conflito, e Spawn é jogado de volta à Terra, caindo numa cidade do interior norte-americano (início da história integrante do compilado deste post) onde é auxiliado pelo filho de um xerife que sofre maus tratos. O Soldado do Inferno passa alguns dias se recuperando e quando percebe a situação da pobre criança que o ajudara, decide dar uma lição no pai abusivo, o que acaba gerando consequências inesperadas.
Em seguida, na edição #30, preferindo caminhar para não consumir as energias de seu traje, afetado pelo combate com Ângela, Spawn chega a uma cidade aterrorizada pelos membros do grupo supremacista Ku Klux Kan. Fechando o volume, as duas últimas histórias mostram Spawn chegando a Nova York enquanto o QG Celestial recebe sua nova diretora, Gabrielle, que decide selecionar uma nova pessoa para se tornar o Anti-Spawn, aqui rebatizado de REDENTOR. Rastreando o psicoplasma (energia integrante do corpo de SPAWN) o Redentor abduz Bobbie, que emite pequenas porções de energia do Soldado do Inferno depois de ter sua vida restaurada por ele, deixando os mendigos do Bowery aterrorizados. Spawn parte para o QG celestial a fim de resgatar seu amigo e se depara com Deus que, no fim das contas, fica positivamente impressionado com as atitudes do herói, o que pode ser motivo de esperança para Al Simmons.
Todas as histórias deste volume foram escritas por TODD McFARLANE, que até possuem boas premissas, mas uma execução fraca por conta das limitações do quadrinista como escritor, mas, por incrível que pareça, desta vez não tivemos nenhuma história intragável. Até se percebe uma sutil melhora na qualidade dos roteiros, que ainda padecem da desnecessária e irritante verborragia de McFarlane. A arte também está boa, com GREG CAPULLO assumindo os desenhos, eventualmente auxiliado por McFarlane, que também participa da arte-final em alguns momentos, juntamente com KEVIN CONRAD.
A grande crítica desta vez vai para o trabalho da Panini Comics, que traz uma edição repleta de ERROS de tradução e uma página de créditos preguiçosa, na qual atribui a arte de toda edição a Todd McFarlane e Greg Capullo. No entanto, há edições em que os desenhos a lápis são feitos apenas por Capullo e outras em que é auxiliado por McFarlane, com a mesma situação valendo para a arte-final, que tem McFarlane em algumas edições e outras em que é auxiliado por KEVIN CONRAD, que SEQUER É MENCIONADO nessa página de créditos preguiçosa. Outro erro CRASSO da Panini foi a ordem de menção dos artistas das capas das edições originais, TODAS elas desenhadas por GREG CAPULLO com arte-final de TODD McFARLANE (a forma como a Panini colocou faz pensar que foi o inverso, com McFarlane nos desenhos e Capullo na finalização). Pode parecer algo irrelevante, mas tais detalhes são relevantes para uma análise verdadeiramente acurada da arte, uma vez que esses equívocos nas informações podem levar a conclusões não condizentes com a realidade, podendo resultar em injustiças com alguns artistas. Os erros da Panini são constantes e repetitivos, e é inacreditável e inaceitável que uma editora que se tornou uma das principais do país no ramo de HQs há mais de 20 anos não tome providências EFETIVAS para ao menos mitigar a frequência desses equívocos.