PERFIL OSCAR | DEMI MOORE

Por Adilson Carvalho

A vitória de Demi Moore no Golden Globe foi o prelúdio de sua indicação ao Oscar de melhor atriz, a primeira de uma carreira notável renascida após A Substância. Demi Gene Guynes foi durante as décadas de 80 e 90 uma das atrizes mais populares do cinema americano, de beleza incontestável e talento igual. Fez parte do Brat Pack, viveu uma linda história de amor com um fantasma, seduziu Michael Douglas, e não poupou esforços para diversificar seus papéis, fosse fazendo streaptease ou raspando as longas madeixas para se tornar fuzileira naval. Hoje a atriz completa 62 anos, voltando a chamar a atenção pelo seu papel em A Substância (2024) depois de um longo tempo afastada dos grandes papeis. Foi casada com Bruce Willis, com quem teve três filhas: Rumer, Scout e Tallulah. Demi estava noiva de Emilio Estevez quando conheceu o astro Bruce Willis, e com quem se casou em 1987. Anos mais tarde, já divorciada, viveu com o ator Ashton Kutcher. Mas sua vida e carreira sempre esteve ao sabor de altos e baixos. Demi tinha um problema com drogas quando foi escalada para O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1986). Um dia, o diretor Joel Schumacher exigiu que ela deixasse o set porque estava muito drogada. Moore teve de se submeter à reabilitação e prometer ficar limpa para interpretar uma personagem com problemas com drogas. Mais tarde, em uma autobiografia, Moore revelou que tinha um problema com cocaína e que consumia um oitavo de onça da droga a cada dois dias. Ela fez tratamento por 15 dias e depois teve um conselheiro com ela durante as filmagens do filme.

De acordo com o livro de memórias de Demi Moore, quando filmou Não Somos Anjos (1990) com Robert DeNiro e Sean Penn, o clima dos bastidores era bem hostil já que Sean e o diretor irlandês Neil Jordan não se davam bem no set devido a diferenças criativas durante as filmagens. Um dos maiores sucessos da carreira de Demi Moore, no entanto, foi ao lado do saudoso Patrick Swayze e Whoopi Goldberg em Ghost – Do Outro Lado da Vida (1990). Na história, Sam Wheat (Swayze) é um jovem executivo apaixonado por sua namorada, Molly. Ele acaba morto em um assalto, mas seu espírito não vai para o outro plano e descobre que Molly também corre perigo. Para salvá-la, Sam pede ajuda a uma médium (Whoopi Goldberg) que consegue ouvi-lo. O filme a transformou na atriz mais bem paga de Hollywood na época.

Muito polêmico na época de seu nascimento, foi Proposta Indecente (1993) no qual Demi vive uma mulher casada passando por uma grave crise financeira, mas que recebe uma possível solução de um misterioso bilionário (Robert Redford), um milhão de dólares em troca de uma noite de sexo com ela. O diretor Adrian Lyne e Demi Moore brigavam frequentemente no set por causa da personagem dela, com Woody Harrelson tentando ser o mediador entre os dois. Lyne argumentou que queria que Moore demonstrasse vulnerabilidade, enquanto a atriz se defendia. Mais tarde, quando Lyne estava editando o filme, ele percebeu que ela estava representando o que ele queria o tempo todo e logo se desculpou com Moore.

A estrela passou de vítima seduzida a vilã sedutora em Assédio Sexual (1994). Demi interpreta uma executiva empenhada em atrair um subordinado (Michael Douglas) que perdera a chance de uma promoção, e mesmo assim a rejeita, em meio a uma trama de conspirações empresariais. Curiosamente, Uma década depois, Demi Moore foi processada por assédio sexual pelo zelador de seu rancho em Idaho, Lawrence Bass, que alegou que ela se aproximou dele da mesma forma que se aproximou do personagem de Douglas nesse filme e o demitiu depois que ele rejeitou seus avanços.

Streaptease (1996) foi polêmico na época de seu lançamento trazendo Demi no papel de uma secretária do FBI que perde o emprego e a custódia da filha por causa do marido, um golpista. Para reaver a guarda da filha, Erin começa a trabalhar como stripper e enfrenta políticos corruptos, um congressista tarado e o ex-marido. A atriz Jennifer Tilly (A Noiva de Chucky) defendeu Demi Moore em uma entrevista depois que Moore foi criticada por sua nudez nesse filme. Tilly deduziu que as atrizes que criticaram Moore eram hipócritas. “A maioria das mulheres que você ouve criticando Demi Moore já fez cenas de nudez ou de sexo.” Também foi observado que a maioria das vencedoras do Oscar de Melhor Atriz desde 1970 apareceram nuas na tela, algumas várias vezes.

Mudança radical de visual foi o que ela fez em Até o Limite da Honra (1997), no papel de uma oficial escolhida para o treinamento dos fuzileiros navais especificamente devido à sua feminilidade. Ela passa a fazer parte de um treinamento severo , mas mesmo pressionada ela ganha o respeito do superior com sua determinação. Em seu livro de memórias Inside Out, Demi Moore chamou esse filme de sua maior realização profissional. A atriz faz uma vilã em As Panteras Detonando (2003). No filme Demi Moore dirige uma Ferrari Enzo até a praia em uma cena. O carro teve que ser levado de avião da fábrica na Itália para a cena; após o término das filmagens, o Enzo foi levado de avião para a França para ser apresentado oficialmente no Salão do Automóvel de Paris. Moore foi, portanto, a primeira pessoa em solo americano a dirigir o carro. Com tanta diversidade de papeis, demorou para que a Academia reconhecesse seu talento, enquanto seus fãs agradecem por ela.

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