Por Leandro “Leo” Banner

Criado em 1941 por JOE SIMON e JACK KIRBY, o CAPITÃO AMÉRICA teve sua primeira aparição no título CAPTAIN AMERICA COMICS #1, sendo o herói patriótico da TIMELY COMICS (que anos mais tarde se tornaria MARVEL COMICS), que usava um uniforme com as cores da bandeira dos Estados Unidos. Conceitos e personagens essenciais para o cânone do herói foram estabelecidos nessa época, em que o raquítico e patriótico jovem Steve Rogers desejava lutar pelo seu país nas trincheiras da guerra, mas, não obstante possuir o desejo, coragem e obstinação, lhe faltava saúde e todas as demais condições físicas necessárias. Por conta disso, aceita servir de cobaia em um experimento que objetivava criar um exército de supersoldados para lutar em nome dos Estados Unidos. Dessa forma, Steve Rogers toma um soro experimental que aprimora seu corpo, resistência e força física a níveis consideravelmente superiores aos de um homem comum. Porém, no exato momento em que os resultados positivos do experimento estão sendo celebrados, um espião nazista assassina o dr. Erskine, cientista criador do soro e dos raios vita, antes que ele pudesse passar adiante os segredos de seu exitoso experimento. Dessa forma, como único beneficiado do procedimento, Steve Rogers assume a identidade do CAPITÃO AMÉRICA e, portando um escudo e auxiliado pelo seu inseparável companheiro BUCKY, passa a lutar em nome de seu país como sempre desejara.

O principal mote das histórias na época era o incansável combate às potências do Eixo durante a Segunda Guerra Mundial, personificadas majoritariamente pelo CAVEIRA VERMELHA, principal inimigo do herói. Nesse período, foi o personagem mais popular da Timely, mas com o fim da guerra sua popularidade foi decaindo até seu título ser cancelado em 1950. Em 1953 a revista do Capitão ressurgiu mas não obteve o resultado esperado, e foi novamente cancelada no mesmo ano, arremessando o personagem num limbo editorial que duraria pouco mais de uma década. Em 1961 houve o início da chamada ERA MARVEL dos quadrinhos, e o Capitão América foi reintegrado ao panteão dos novos personagens da MARVEL COMICS ao ser resgatado pelos VINGADORES na seminal edição AVENGERS #4, de março de 1964, produzida por STAN LEE e JACK KIRBY, com arte-final de GEORGE ROUSSOS, depois de passar anos congelado após o fim da Segunda Grande Guerra e da morte de BUCKY, fato que o atormentaria por anos a fio. Dessa forma, o Capitão ressurge como um homem fora de seu tempo que precisa se readequar à sua nova realidade. Assim sendo, além de integrar o recém-criado grupo dos Vingadores, o herói também passa a ter suas aventuras solo publicadas em TALES OF SUSPENSE #59, dividindo espaço no título com o Homem de Ferro, onde STAN LEE e JACK KIRBY revisitam e atualizam alguns fatos e situações do CAPITÃO AMÉRICA durante a Segunda Guerra e seus vários embates contra o Caveira Vermelha, assim como vão apresentando ao longo do tempo novos inimigos e desafios para o herói. Algumas dessas histórias tiveram republicações nos últimos anos na já saudosa COLEÇÃO CLÁSSICA MARVEL #7, 38, 51 e 63 – CAPITÃO AMÉRICA Volumes 1 a 4 da Panini Comics. TALES OF SUSPENSE prossegue até a edição #99, para, em seguida, dar lugar ao título próprio do personagem, que faz sua reestreia em CAPTAIN AMERICA #100, em janeiro de 1968, seguindo com a bombástica dupla LEE e KIRBY no comando no novo título do herói em histórias repletas de ação e tramas muito empolgantes. Nas edições #110-111 e 113, JIM STERANKO assume os roteiros e arte do título para uma interessante sequência de histórias recentemente republicadas pela Panini Comics no Brasil. Já CAPTAIN AMÉRICA #117 é relevante porque traz a primeira aparição de um dos personagens mais essenciais no cânone do bandeiroso: SAM WILSON, que treinado pelo Capitão, torna-se o herói FALCÃO, numa história escrita por STAN LEE e ilustrada por GENE COLAN (lápis) e JOE SINNOTT(arte-final), já publicada no Brasil em CAPITÃO AMÉRICA, THOR E HOMEM DE FERRO (A MAIOR) #1 da EBAL (1970), CAPITÃO AMÉRICA #4 da Editora Abril (1979) e, pela última vez, na Coleção OS HERÓIS MAIS PODEROSOS DA MARVEL #19 – FALCÃO da Editora Salvat (2015).

O personagem se torna tão relevante e essencial nas histórias do Capitão América que algum tempo depois o título original do personagem foi renomeado para CAPTAIN AMERICA AND THE FALCON na edição #134. Stan Lee se despede do personagem na edição #141 de 1971. Na edição #153 se inicia a fase escrita por STEVE ENGLEHART, acompanhado de SAL BUSCEMA nos desenhos, numa caprichada sequência de histórias que culminarão com um grande e empolgante embate entre o Capitão América e o Capitão América da década de 1950. Lembram da tentativa frustrada de reviver a revista do Capitão em 1953? Quando o Capitão foi redescoberto pelos Vingadores, as histórias dessa dessa época foram automaticamente desconsideradas naquele momento, no entanto o roteirista STEVE ENGLEHART, numa decisão muito criativa, decidiu integrá-las à mitologia do herói como sendo uma iniciativa do governo em criar um NOVO Capitão América depois da suposta morte de Steve Rogers no final da Segunda Grande Guerra, e essa “duplicata” ressurgiu anos depois com a convicção de ser o autêntico herói. E, tendo o verdadeiro Capitão América ficado congelado entre o final da Segunda Guerra e os “dias atuais”, Englehart aproveitou a deixa para construir uma interessante narrativa que resultou num combate entre os “Capitães” retratado na edição #156, que foi publicada no Brasil em CAPITÃO AMÉRICA EM CORES (CAPITÃO Z)#24, da EBAL, CAPITÃO AMÉRICA #1 da Bloch Editores (1975) e CAPITÃO AMÉRICA #26 da Editora Abril (1981).

Amanha volte aqui para conferir a segunda parte desta matéria.
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