HQ TERRITORIO NEUTRO | CAPITÃO AMÉRICA – PRINCIPAIS HISTÓRIAS E FATOS MARCANTES : PARTE 2

Por Leandro “Leo” Banner

Nas edições CAPTAIN AMERICA AND THE FALCON #169-176, de 1974, tem-se o arco IMPÉRIO SECRETO, no qual o Capitão é acusado de assassinato e passa a ser perseguido pelas autoridades. Contando não apenas com o auxílio do Falcão (que tem seu traje aperfeiçoado), mas também do PANTERA NEGRA e dos X-MEN, Steve Rogers segue lutando até descobrir uma seita por trás dos acontecimentos, cujo maior objetivo é destruir a reputação do Sentinela da Liberdade. Uma sequência muito boa que foi publicada no Brasil em CAPITÃO AMÉRICA #7-9 da Bloch Editores em 1975, CAPITÃO AMÉRICA #37-40 da Editora Abril em 1982, e, mais recentemente, na COLEÇÃO OFICIAL DE GRAPHIC NOVELS #30 da Editora Salvat, em 2017. Em 1976, depois de sua marcante passagem pela DC COMICS, o Rei dos Quadrinhos JACK KIRBY retorna à Marvel e ao personagem que cocriara na década de 1940 a partir da edição #193, assumindo roteiros, desenhos e edição, com o famoso arco A BOMBA ENLOUQUECEDORA, que tem sua conclusão em CAPTAIN AMERICA AND THE FALCON #200. Esse arco só havia sido publicado no Brasil pela Bloch Editores em 1976 e pela Salvat em 2017, no entanto, NENHUMA dessas duas editoras publicaram a integralidade dessa fase, o que só foi ocorrer pela PANINI COMICS no OMNIBUS CAPITÃO AMÉRICA – Por JACK KIRBY, lançado em 2021 que, finalmente, trouxe a fase COMPLETA de Kirby à frente do personagem, que durou até a edição #214.

Com o título voltando a chamar-se apenas CAPTAIN AMERICA a partir da edição #216, em abril de 1980, na edição #247 o personagem teve uma ótima sequência de histórias que durou até o numero #255, produzidas pela brilhante dupla ROGER STERN (roteiros) e JOHN BYRNE (corroteirista e desenhista), acompanhados de JOSEF RUBINSTEIN na arte-final, constituindo-se numa das séries mais publicadas e republicadas do personagem nos últimos anos pelas Editoras Abril, Salvat e Panini Comics, sendo que esta última republicou novamente essas ótimas histórias em MARVEL EPIC COLLECTION #5 de 2023, que traz também o início da aclamada fase de J. M. DeMATTEIS e MIKE ZECK, com as primeiras histórias dessa equipe criativa nas edições #261-264. Entretanto, as demais aventuras produzidas pela dupla continuam nas edições #267-270, #273, #275-289, com Zeck se despedindo do título e DeMatteis ainda permanecendo como roteirista até a edição #300 em 1984. A maioria dessas histórias foi publicada apenas pela Editora Abril até este momento, e certamente mereciam uma republicação numa eventual nova edição da série EPIC COLLECTION dedicada ao Capitão América. A partir de CAPTAIN AMERICA #307, de julho de 1985, o editor MARK GRUENWALD assume o posto de roteirista da série, e aqui se inicia um dos períodos mais longevos do personagem, com alguns momentos marcantes. Publicada aqui no Brasil a partir de CAPITÃO AMÉRICA #106 de 1988, da Editora Abril, a fase de Gruenwald, que duraria praticamente DEZ ANOS, começou com um ritmo lento e histórias mornas, com desenhos do insosso PAUL NEARY e arte-final do talentoso DENNIS JANKE. As histórias melhoram consideravelmente a partir da edição #332, quando Steve Rogers perde o direito de usar o uniforme do Capitão América depois de se recusar a se tornar um agente do governo norte-americano. A essa altura os desenhos estão a cargo do competente TOM MORGAN, e no decorrer das histórias seguintes, Steve Rogers some de cena enquanto o governo decide recrutar uma nova pessoa para usar o uniforme e o escudo do Capitão América. John Walker, antes conhecido como Superpatriota, é o escolhido do governo para ser o novo Capitão América, que deverá agir pautado apenas segundo os ditames e ordens governamentais. Entretanto, com o surgimento da Sociedade da Serpente e outras ameaças, Steve Rogers assume a identidade de CAPITÃO e, usando um uniforme predominante negro, inicia uma uma série de contraofensivas que definirá quem será capaz de assumir verdadeiramente o legado. A apoteótica conclusão deste que é o melhor arco de toda fase de MARK GRUENWALD, se dá na edição #350, com desenhos do subestimado KIERON DWYER, que segue como desenhista regular do título por algum tempo. Essas histórias foram publicadas pela Editora Abril e, mais recentemente, em duas edições da série MARVEL VINTAGE da Panini Comics Brasil, em O NOVO CAPITÃO AMÉRICA e CAPITÃO CONTRA CAPITÃO, de 2021. Depois desse arco, GRUENWALD fez pouquíssimas histórias dignas de nota, e ainda assim ficou à frente do título até a edição #443, de julho de 1995.

Não podemos deixar de citar neste apanhado a minissérie em quatro partes intitulada AS AVENTURAS DO CAPITÃO AMÉRICA, no original THE ADVENTURES OF CAPTAIN AMERICA, de 1991, publicada aqui no Brasil em 1992 pela Editora Abril nos mesmos moldes, e que trouxe até aquele momento, a melhor e mais detalhada história de origem do Sentinela da Liberdade, com roteiros de FABIAN NICIEZA, desenhos de KEVIN MAGUIRE e arte-final de TERRY AUSTIN e JOSEF RUBINSTEIN, numa trama cinematográfica primorosamente escrita por Nicieza (na opinião deste escriba, o seu melhor trabalho), que se constituiu num dos materiais de base para o enredo do filme CAPITÃO AMÉRICA: O PRIMEIRO VINGADOR, de 2011, dirigido por JOE JOHNSTON. É totalmente incompreensível o fato de essa excelente minissérie ainda não ter tido uma republicação até os dias de hoje por nenhuma outra editora além da Abril.
A partir de CAPTAIN AMERICA #444, uma nova direção ao título foi promovida pela equipe criativa composta por MARK WAID nos roteiros e RON GARNEY na arte, trazendo de volta a ameaça do Caveira Vermelha e a Agente 13 Sharon Carter, num padrão de histórias significativamente superior ao que se vira nos anos anteriores. Entretanto, pouco tempo depois, o título regular do herói sofreu uma interrupção de um ano para dar lugar à malfadada HERÓIS RENASCEM, que consistiu numa tentativa de revitalizar os principais personagens da Casa das Ideias pelas mãos dos “consagrados” artistas da Image Comics, como Jim Lee, Rob Liefeld e companhia. 🤮🤮A iniciativa foi um fracasso retumbante (alguém surpreso??) e o Capitão América retornou novamente ao “universo regular” em seu título próprio, CAPTAIN AMERICA (VOL. 3) #1, trazendo de volta, também, a ótima equipe criativa formada por WAID e GARNEY na iniciativa denominada HERÓIS RETORNAM, com ANDY KUBERT assumindo o posto de desenhista regular a partir da edição #7. Essa ótima fase durou até a saída de Mark Waid dos roteiros e teve publicação conturbada no Brasil, uma vez que seu início se deu pela Abril e o término pela Panini, nos primeiros anos do novo século, depois de a Abril perder os direitos de publicação da Marvel em terras tupiniquins. No entanto, essa fase foi republicada INTEGRALMENTE pela Editora Salvat na coleção MARVEL EDIÇÃO ESPECIAL LIMITADA – CAPITÃO AMÉRICA #1-3 de 2018, e ainda é possível encontrá-la em bancas e livrarias especializadas a preços muito convidativos.

Em 2000, como parte da iniciativa de atualizar heróis e conceitos da Marvel, surgiu a linha ULTIMATE MARVEL, que buscava trazer para o século 21 os clássicos personagens da Casa das Ideias. E um dos melhores e mais marcantes títulos dessa iniciativa foi a série THE ULTIMATES, de 2002, aqui no Brasil batizada de OS SUPREMOS, que trazia justamente os Vingadores numa nova e atualizada abordagem, com MARK MILLAR nos roteiros e BRYAN HITCH (lápis) e PAUL NEARY com ANDREW CURRIE (arte-final) nas fantásticas ilustrações. Um dos grandes destaques foi justamente o CAPITÃO AMÉRICA ULTIMATE, com uma personalidade consideravelmente mais contundente e violenta em comparação à sua versão do universo tradicional, valendo acrescentar também que a trama apresentada no VOLUME 1 de THE ULTIMATES, que compreendeu 13 edições, serviu de base para o enredo do filme OS VINGADORES de 2012, dirigido por JOSS WHEDON. Os volumes 1 e 2 de SUPREMOS tiveram duas ótimas Edições Definitivas publicadas pela Panini Comics em 2007 e 2012, com o primeiro volume tendo uma republicação mais recente pelo selo MARVEL ESSENCIAIS da editora.
Voltando ao Capitão “tradicional”, também em 2002, o título do personagem foi novamente relançado com o arco NOVO PACTO, publicado em CAPTAIN AMERICA (VOL. 4)#1-6, escrita por JOHN NEY RIEBER e magnificamente ilustrada pelo saudoso e prematuramente falecido JOHN CASSADAY, com essa história marcando um ponto de virada na vida do Capitão América, que revela sua identidade ao mundo. A despeito do roteiro desse arco, que se revela muito bom por si só, ainda tem-se a belíssima arte esplendorosa e inspirada de John Cassaday. Nessa época a Marvel já estava entrando na onda, não apenas dos retcons, mas também dos chamados “soft reboots”, criando novos pontos de partida e reiniciando a numeração de seus títulos de tempos em tempos a fim de atrair novos leitores. E depois desse arco, o Volume 4 do bandeiroso não teve mais nenhuma história que fosse digna de ser mencionada neste post.

Em 2003 foi lançada a excelente minissérie em sete partes TRUTH: RED, WHITE AND BLACK, que foi publicada por aqui pela Panini Comics na edição encadernada CAPITÃO AMÉRICA: A VERDADE, com roteiro de ROBERT MORALES e arte de KYLE BAKER. Engana-se quem pensa que Sam Wilson foi o primeiro afrodescendente a vestir o uniforme do Capitão América, pois antes de STEVE ROGERS, outra pessoa foi submetida a um arriscado experimento para se tornar um supersoldado, e a história traz à tona os detalhes dos eventos que levaram ISAIAH BRADLEY a ser o candidato escolhido. Com esses fatos, que o governo norte-americano manteve no mais absoluto segredo por décadas, STEVE ROGERS se vê forçado a acertar as contas com o passado em função do fardo de representar um símbolo que se revela cada vez mais falho e corruptível. Uma história que merecia ter sido publicada há tempos, mas que a Panini, por razões completamente inexplicáveis, só decidiu trazê-la para o Brasil em 2021.
Em 2004 o título é relançado, e CAPTAIN AMERICA (VOL. 5) #1 nos brinda com o começo daquela que é considerada por muitos – e também por este que vos fala – como a MELHOR fase do personagem de todos os tempos, capitaneada pelo excelente roteirista ED BRUBAKER, acompanhado de um time estelar de artistas como STEVE EPTING, MICHAEL LARK, JOHN PAUL LEON, MIKE PERKINS, JACKSON GUICE, os brasileiros LUKE ROSS e MIKE DEODATO JR., entre outros. O roteirista revira a vida do Sentinela da Liberdade de ponta-cabeça quando apresenta o SOLDADO INVERNAL, que se mostra como muito mais do que um antagonista para o Capitão América. Brubaker constrói uma narrativa coerente e muito bem estruturada para revelar que um antigo aliado do bandeiroso que se acreditava morto desde os tempos da Segunda Grande Guerra, estava vivo por todo esse tempo. Interligada com os eventos da minissérie GUERRA CIVIL, a saga desenvolvida por BRUBAKER também mostra um complô para assassinar Steve Rogers, com a passagem do legado do Sentinela da Liberdade para uma outra pessoa muito próxima a Rogers, que faz tudo ao seu alcance para manter viva a chama do grande símbolo que ele representara. Contando com participações mais do que especiais de Sharon Carter, Nick Fury, Os Vingadores e muito mais, essa, definitivamente, é uma fase para ser conhecida, lida e relida. Originalmente publicadas no Brasil em diversos títulos da Panini Comics, as histórias produzidas por ED BRUBAKER foram integralmente compiladas pela editora em 9 volumes da série MARVEL DELUXE – CAPITÃO AMÉRICA, a saber:
Vol. 1 – O SOLDADO INVERNAL;
Vol. 2 – A AMEAÇA VERMELHA;
Vol. 3 – A MORTE DO SONHO;
Vol. 4 – O HOMEM QUE COMPROU A AMÉRICA;
Vol. 5 – A FLECHA DO TEMPO;
Vol. 6 – RENASCIMENTO;
Vol. 7 – O JULGAMENTO DO CAPITÃO AMÉRICA;
Vol. 8 – SONHOS AMERICANOS; e
Vol. 9 – NOVAS ORDENS MUNDIAIS.

Para quem NUNCA leu nada do personagem, basta ler a fase de ED BRUBAKER que, ainda que sofra de algumas eventuais quedas na qualidade no decorrer da série, consegue manter um nível muito acima do que era produzido na época e do que é feito atualmente, sendo, sem dúvida, uma das melhores séries de quadrinhos mainstream dos últimos 25 anos. Por fim, vale mencionar neste post, a título de relevância , mais um reinício do título do personagem, que se dá em CAPTAIN AMERICA (VOL. 7) #1, com RICK REMENDER nos roteiros e arte de JOHN ROMITA JR. (lápis) e KLAUS JANSON (arte-final), em 2013, que vai mostrar ao longo de suas histórias que o soro do Supersoldado começa a perder efeito no corpo de Steve Rogers, fazendo-o envelhecer, ocasionando que o legado do CAPITÃO AMÉRICA fosse (mais uma vez) assumido por outra pessoa… e assim, na edição #25 desta encarnação do título, SAM WILSON, o FALCÃO, assume a identidade do Sentinela da Liberdade, e, não obstante todos os eventos que transcorreram nas HQs, que levaram STEVE ROGERS a envergar novamente o traje, SAM WILSON permaneceu – e ainda permanece até os dias atuais em seu título próprio – sendo mais um a dar continuidade à história do CAPITÃO AMÉRICA. 😉

Vida longa e próspera e até a próxima!🖖🏻

Leia a primeira parte pelo link abaixo:

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