CONHEÇA A VIDA E CARREIRA DE JANE FONDA. HOMENGEADA NO SAG AWARDS

Por Adilson Carvalho

Jane Fonda ao longo das décadas

Preciso confessar…. sempre fui apaixonado por Jane Fonda, desde criança. Sua carreira e sua ideologia política são admiráveis, faces de uma mulher, que muito antes do atual empoderamento feminino já defendia causas, usava sua voz pelo que acreditava e provou que ter sido chamado de sex symbol era pouco demais para seu talento e importância artística. Celebremos hoje seu aniversário de seus 86 anos e a notícia de que eu câncer está em remissão. A nova iorquina Jane Seymour Fonda nasceu em 21 de dezembro de 1937; filha de Henry Fonda, um dos grandes atores do cinema americano e da socialite Frances Seymour Fonda. Menina tímida e retraída na infância, Jane e seu irmão, o também ator Peter Fonda (1940-2019), enfrentaram o divórcio de seus pais, e a morte prematura de sua mãe. Jane – aos 14 anos – entra para um internato para meninas localizado em Troy, perto de Nova York e lá descobre o amor pela atuação. Seu primeiro papel foi o de um garoto na peça Boy with a Cart, de Christopher Fry. Em seguida, faz sua estreia semi-professional contracenando com o pai na peça The Country Girl, no mesmo teatro onde Henry Fonda fizera sua primeira apresentação como ator 30 anos antes. No verão de 1957, Jane viaja a Paris para estudar pintura, mas acaba se juntando à redação da revista cultural Paris Review e vivendo intensamente a noite parisiense, contrariando seu pai. De volta aos Estados Unidos, seus conflitos com o pai pioram quando Henry se casa pela terceira vez, e Jane se matricula no Actor’s Studio de Lee Strasberg, desagradando o pai que se opõe ao método.

Barbarella (à esquerda) e Descalços no Parque (à direita)

Depois de alguns papéis no teatro, Lady Jane faz sua estreia em Hollywood no papel de uma jovem fútil em Até os Fortes Vacilam (The Tall Story) em 1960, de Joshua Logan. Desde cedo faz de tudo para não ser resumida à filha de Henry Fonda, e com uma personalidade forte rejeita o estereótipo de jovem ingênua americana e faz o papel de uma prostituta em Pelos Bairros do Vício (1962) de Edward Dmytrik passando para papeis mais desafiadores em A Vida Íntima de Quatro Mulheres (1962), adaptado do best seller de Irving Wallace e Contramarcha Nupcial (1962), adaptado da peça de Tenesse Williams. Disse certa vez “Quero ser tratada como uma mulher, e não como uma estátua de mármore“. Pouco depois, Jane vem a ser batizada pela imprensa de “Brigitte Bardot americana“, viajando à França mais uma vez onde se apaixona pelo diretor Roger Vadim. Aos 30 anos estrela Barbarella, e chama a atenção pelo cena inicial do filme em que faz um strip tease em pleno espaço tirando uma roupa de astronauta, bem ao gosto extravagante de Vadim, cuja fama de pervertido abalou ainda mais a relação de Jane e seu famosos pai. Nesse ponto de sua carreira Jane se indispõe com o conservadorismo americano, e torna-se persona non grata quando se opõe públicamente à guerra do Vietnã e ao governo de Richard Nixon.

Cat Ballou (à esquerda), Klute (com Donald Sutherland) e O Cavaleiro Elétrico (com Rodbert Redford)

Ao longo da década de 70 fez A Noite dos Desesperados (1970) – pelo qual recebeu sua primeira indicação ao Oscar, vindo a recebê-lo já no ano seguinte em Klute, o Passado Condena de Alan Pakula. Depois de cinco anos rejeitada pelas suas convicções políticas ainda marcada pelo apelido de Jane Hanoi, e perseguida pelo FBI, sua carreira renasce com Advinhe quem vem para Roubar (1976), Julia (1977) e Amargo Regresso (1978), que lhe confere seu segundo Oscar. Também voltou a trabalhar com Robert Redford em O Cavaleiro Elétrico no qual interpretou uma repórter, papel também por ela representado em Síndrome da China (1979) ao lado de Michael Douglas e Jack Lemmon. Em cada um desses filmes, seus papéis refletiam seus ideais como militância política, o papel do quarto poder, ativismo contra a guerra e contaminação radioativa. Na década de 80 diversificou ainda mais sua vida tornando-se a rainha das academias, gravando vídeos promovendo a boa alimentação e a boa forma física. O sucesso de sua nova empreitada a leva a escrever o best-seller Jane Fonda’s Workout Book e a ser escolhida a segunda mulher mais influente dos Estados Unidos. Já na década de 80 gradativamente reduz seus trabalhos na frente da câmera marcando como grande sucesso comercial a comédia Como Eliminar seu Chefe (1980) ao lado de Dolly Parton e da amiga Lily Tomlin.

Síndorme da China (à esquerda), Num Lago Dourado (centro) e Como Eliminar seu Chefe (à direita)

Em 1982 fez seu único filme com o pai, fazendo as pazes depois de anos de ressentimento e diferenças, no sensível Num Lago Dourado, pelo qual seu pai ganhou o Oscar de melhor ator. Infelizmente Henry Fonda morreu logo após o fim das filmagens. Ainda fez o papel de uma psicóloga em Agnes de Deus (1985), uma mulher desmemoriada em A Manhã Seguinte (1986), e a professora Harriet de Gringo Velho (1989) trabalhando ao lado do amigo Gregory Peck (1916-2003) pela primeira vez. Em 1991 casou-se com o magnata da mídia Ted Turner, e afastou-se da atuação por um longo tempo até voltar em A Sogra (2005) dividindo a cena com Jennifer Lopez.

Com Jennifer Lopez (A Sogra) e Lily Tomlin (Grace & Frankie)

Entre 2015 e 2022 voltou a trabalhar com a amiga Lily Tomlin na série da Netflix Grace & Frankie, marcando uma nova geração de fãs em plena era do streaming. Em todos seus trabalhos e ainda se mantendo ativa tanto em seu ativismo como no cinema, Jane Fonda é uma lenda viva, uma mulher que sempre viveu à frente de seu próprio tempo e exemplo de poder , convicção e talento sem igual. Parabéns Lady Jane. Congratulations.

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