GALERIA DE ESTRELAS | ELIZABETH TAYLOR

Por Adilson Carvalho

A sombra de seu sorriso vai colorir todos meus sonhos e iluminar o crepúsculo…“, estes versos da canção de Andy Williams, trilha sonora de Adeus às Ilusões (1965), perfeitos para emoldurar a beleza singular de uma das maiores estrelas de Hollywood, que completaria hoje 93 anos. Falo de Elizabeth Taylor, a estrela de olhos cor violeta, primeira atriz a assinar um contrato milionário, no caso pelo papel título em Cleopatra (1963). Vencedora de dois Oscars de Melhor Atriz, um BAFTA e um Globo de Ouro, seus méritos como intérprete rivalizam com sua tumultuada vida particular e seu ativismo em prol da pesquisa pela cura da AIDS.

Elizabeth Rosemond Taylor nasceu em 27 de fevereiro de 1932, em Heathwood, Londres, embora seus pais fossem americanos, do Kansas, e para os Estados Unidos retornaram quando Liz Taylor, apelido que detestava, tinha 7 anos devido ao medo da guerra iminente na Europa. Depois que a família se fixou em Beverly Hills, a mãe da futura estrela foi aconselhada a levá-la para um teste nos estúdios de cinema. Os olhos de Taylor, em particular, chamavam a atenção; eles eram violetas, e eram contornados por cílios duplos escuros causados ​​por uma distiquíase, doença hereditária que, no caso de Elizabeth, lhe era favorável esteticamente. Depois de testes com a Universal e MGM, a atriz assinou com a Universal onde teve papel menor em There’s One Born Every Minute, lançado em 1942. Contudo, a Universal não demonstrou interesse na atriz mirim e sua mãe a levou para a Metro onde estrelou, aos 11 anos, A Força do Coração (Lassie Come Home), contracenando com Roddy MacDowell, que seria seu amigo para o resto da vida. Elizabeth recebeu meros $100 semanais, menos que a cadela que fazia Lassie que recebia $250 por semana. A atriz voltou a contracenar com a canina famosa em A Coragem de Lassie (The Courage of Lassie) de 1946. Nesse meio tempo já havia mostrado força como protagonista no papel de uma garota que quer competir como jóquei em A Mocidade é Assim (National Velvet) de 1943. Recém saída da adolescência, a jovem atriz se destacou em Quatro Destinos (Little Women), de 1949, baseado na obra de Louisa May Alcott, a romântica judia Rebecca de Ivanhoe – O Vingador do Rei (Ivanhoe) de 1952, mas ainda teve que amargar um papel não creditado como prisioneira em Quo Vadis (1951). Nesse período merecem destaque dois filmes: O Pai da Noiva (Father of the Bride) de 1950, deliciosa comédia de costumes como filha de um relutante Spencer Tracy e a belíssima milionária de Um Lugar ao Sol (A Place in the Sun) de 1951 de George Stevens onde iniciou outra amizade forte com seu co-astro Montgomery Cliff. Ela o acompanhou à estreia de Tarde Demais (The Heiress) de 1949 e se gostaram logo de cara. Clift costumava chamá-la de “Bessie Mae”. Alguns anos depois, após sair de uma festa na casa de Elizabeth, ele sofreu um acidente de carro que o deixou desfigurado. Foi ela quem o encontrou primeiro, entrou no carro pela porta de trás, rastejou até o banco da frente e removeu dois dentes da frente da garganta de Clift, que ameaçavam sufocá-lo, salvando sua vida. Anos mais tarde a atriz admitiu que sentiu-se estimulada a se desafiar como intérprete inspirada em como Monty atuava.

Na década de 50 Elizabeth já havia atingido uma popularidade sem igual e exercitou sua capacidade dramática em filmes como O Caminho dos Elefantes (Elephant Walk, 1954), A Última Vez que Vi Paris (The Last Time I Saw Paris, 1954) e Assim Caminha a Humanidade (Giant, 1956), este sendo o último filme do lendário James Dean. Liz levou por esse filme um Globo de Ouro por sua atuação. Ganhou também por duas vezes seguidas o Laurel Award por sua atuação em A Árvore da Vida (The Raintree Country, 1957), novamente contracenando com Montgomery Cliff e em Gata em Teto de Zinco Quente (Cat on a Hot Tin Roof, 1958), baseado na obra de Tennesse Williams,. um papel desafiador como a mulher rejeitada por Paul Newman. Taylor fechou a era de Eisenhower com papel desafiador, uma bela mulher sofrendo de grave doença mental em De Repente no Último Verão (Suddenly Last Summer, 1959) ao lado de Katherine Hepburn e do amigo Montgomery Cliff. Também em 1959, ela foi a inspiração visual para as ilustrações originais de Carol Ferris, o interesse amoroso do Lanterna Verde/Hal Jordan que acabou se transformando na super-heroína Safira Estelar. Taylor tinha 27 anos de idade na época da criação da personagem.

Os anos 60 começou com o Oscar de melhor atriz pelo papel de uma garota de programa em Disque Butterfiled 8 (Butterfiled 8, 1960), e três anos depois recebeu $1 milhão (quantia inédita na época paga a um ator) pelo papel de protagonista no épico Cleopatra (1963), já filmado antes com Theda Bara em 1917 e Claudette Colbert em 1934. Apesar de tornar-se a maior bilheteria de 1963, arrecadando US$ 57,7 milhões nos Estados Unidos , o filme perdeu dinheiro devido a seus custos de produção e marketing, no valor de US$ 44 milhões (equivalente a US$ 352 milhões em 2017), quase levando a 20th Century Fox à falência, mas ganhando quatro Oscars. O filme, gravado em Cinecittá, foi foco de um escãndalo quando Liz iniciou romance com o ator Richard Burton, intérprete de Marco Antônio, que era casado na época. A própria Liz havia se casado já quatro vezes, enviuvado quando Mike Todd, o terceiro, morreu em um desastre de avião, e pouco depois foi pivô da separação de Eddie Fisher e Debbie Reynolds, sua amiga, vindo a se casar com Fisher, e sendo por isso atacada como “Destruidorea de lares”. Anos depois admitiu que se envolveu com Eddie Fisher por carência e luto. Com Richard Burton, que dizem ter sido o amor de sua vida, e com quem se casou duas vezes, fez mais 10 filmes além de Cleopatra (1963), Quem Tem Medo de Virginia Woolf? (1966), Gente Muito Importante (1963), Sob o Bosque de Leite (1971), A Megera Domada (1967), Adeus às Ilusões (1965), Unidos pelo Mal (1972), Doutor Faustus (1967), Divórcio Dele, Divórcio Dela (1973), Os Farsantes (1967), e O Homem que Veio de Longe (1968). Dentre esses, o papel que mostrou a atriz superando tudo que havia feito antes em termos de mergulho emocional em um papel como a Martha de Quem Tem Medo de Virginia Wolf? (Who is Afraid of Virginia Wolf, 1966), adaptado da peça de Edward Albee. Seu último trabalho no cinema foi como a sogra de Fred Flintstone (John Goodman) em Os Flintstones (1994), que lhe rendeu o inglório Framboesa de Ouro de pior atriz. Nesse período a atriz era mais conhecida por seus casamentos, 7 ao total, pela amizade com Michael Jackson.

Recebeu honrarias americanas e britânicas por sua carreira: o Prêmio de Contribuição em Vida pelo AFI – Instituto Americano de Cinema, em 1993, o prêmio honorário Screen Actors Guild em 1997, e um BAFTA Fellowship, em 1999. Em 2000, foi nomeada Dama Comandante da Ordem do Império Britânico por Rainha Elizabeth II. Depois do papel coadjuvante no telefilme As Damas de Hollywood (2001), e no sitcom animado God, the Devil and Bob (2001), a atriz anunciou que estava se aposentando da atuação para dedicar seu tempo à filantropia. Ela fez uma última apresentação pública em 2007 quando, com James Earl Jones, executou a peça Love Letters em um evento beneficente contra a AIDS nos Estúdios Paramount. Elizabeth Taylor foi uma guerreira ao longo de sua vida, superando a depressão, síndrome do pânico, alcoolismo, tumor cerebral, ansiedade, e no final de vida obesidade, e perda do uso das pernas, mas nunca deixando de lado suas atividades filantrópicas. Uma lenda de Hollywood que deixou marca indelével nas telas.

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