MARATONA OSCAR NA TV CHANNEL| GLADIADOR

Por Adilson Carvalho

Revisitar a antiga Roma formou um subgênero narrativo que rendeu obras fabulosas como Quo Vadis ? (1951) e Spartacus (1960). Em 2000, Hollywood não se interessava mais em retratar o período, o que mudou com a iniciativa de Ridley Scott ao ter em mãos o roteiro, inicialmente escrito por David Franzoni, inspirado no romance de 1958 de Daniel P. Mannix, Those About to Die. Franzoni foi o autor do roteiro de Amistad, drama histórico dirigido por Spielberg, que havia sido um sucesso modesto de bilheteria. O próprio Franzoni queria que Spielberg dirigisse o filme, centrado na figura de Commodus, imperador romano que governou de 180 a 192. Os produtores da DreamWorks, Walter F. Parkes e Douglas Wick, acharam que Ridley Scott seria o diretor ideal para dar vida à história de Franzoni. Eles lhe mostraram uma cópia da pintura Pollice Verso, de Jean-Léon Gérôme, de 1872, que Scott disse retratar o Império Romano “em toda a sua glória e maldade”. Ele ficou tão cativado pela imagem que concordou imediatamente em dirigir o filme. Quando Parkes apontou que Scott não sabia nada sobre a história, Scott respondeu: “Não me importo, vou fazer isso”. Na história, Maximus (Russell Crowe) é um poderoso general romano, amado pelo povo e pelo imperador Marcus Aurelius (Richard Harris). Antes de sua morte, o Imperador desperta a ira de seu filho Commodus (Joaquin Phoenix) ao tornar pública a sua predileção em deixar o trono para Maximus. Sedento pelo poder, Commodus mata seu pai, assume a coroa e ordena a morte de Maximus,além de ordenar a morte da esposa e do filho de Máximus. Este consegue fugir antes de ser pego, e passa a se esconder como um escravo e gladiador, treinado pelo mercador de escravos Próximus (Oliver Reed), enquanto planeja sua vingança.

O filme foi inicialmente oferecido a Mel Gibson, que na época com 44 anos, não se sentiu confortável com o que o papel exigiria fisicamente. Assim, Russell Crowe, de 36 anos, recém saído de O Informante (The Insider) assumiu o papel. Já Commodus sempre foi pensado para Joaquin Phoenix. Oliver Reed morreu três semanas antes do término da fotografia principal. Como seu personagem era essencial, uma cláusula no contrato de seguro do filme teria permitido que os cineastas refizessem todas as cenas de Reed com outro ator às custas da seguradora, cerca de US$ 25 milhões. No entanto, a maioria dos atores e da equipe estava exausta por causa do cronograma rigoroso, e sir Ridley Scott não queria cortar Reed do filme. O roteiro foi reescrito, e um dublê de corpo e CGI foram usados para dar ao personagem de Reed uma resolução plausível. Russell Crowe tornou-se grande amigo de Richard Harris durante as filmagens, uma amizade que, infelizmente, durou apenas alguns anos, até a morte de Harris em 2002. Oliver Reed, por outro lado, não gostou imediatamente de Crowe, apesar de Reed ser um bom amigo de Harris. Em um determinado momento, Reed chegou a desafiar Crowe para uma briga.

7Embora Commodus tenha sido inicialmente favorecido pelo povo romano, ele perdeu esse status por meio de atos dramáticos de megalomania. Ele é frequentemente considerado o iniciador da queda de Roma. Durante seu reinado, ele incorporou seu nome a muitos termos comuns, como os termos para dinheiro e povo. Por fim, os cidadãos e o Senado se cansaram de seu governo: ele foi envenenado e, quando vomitou o veneno, foi estrangulado. Depois disso, o Senado retornou o idioma ao que era antes de Commodus, e as muitas estátuas de si mesmo que ele havia erguido foram retiradas. Curiosamente, é um equívoco comum pensar que um imperador romano colocava o polegar para cima para indicar que um gladiador seria poupado, enquanto o polegar para baixo significava que não haveria misericórdia para um gladiador abatido. Na realidade, esse gesto era o contrário: o polegar para cima simbolizava um golpe de espada (e, portanto, a morte) e o polegar para baixo, uma espada embainhada (misericórdia). A equipe estava ciente disso durante a produção do filme, mas como “polegar para cima” é considerado um bom sinal hoje em dia, eles decidiram não confundir desnecessariamente o público. O filme foi um triunfo fazendo renascer o interesse de Hollywood por épicos históricos, o que a sequência talvez possa fazer repetir. Assista ao filme na programação da TV Channel Network, a plataforma dos grandes clássicos apresentando a Maratona Oscar de 26 de fevereiro a 2 de março.

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