Por Adilson Carvalho

Quando lia hqs em minha infância lembro que nas histórias do Batman o Coringa matava suas vítimas com um gás que as forçava a esboçar um pálido sorriso. O roteirista e diretor Parker Finn levou o efeito mórbido do largo sorriso para o campo sobrenatural. De início, Finn realizou o curta Laura Hasn’t Slept (2020), quando ainda cursava o Chapman University Dodge College of Film and Media Art. O curta ganhou o Prêmio Especial do Júri no SXSW 2020, e foi a base para a história de Sorria (Smile, 2022), a Dra. Rose Cotter (Sosie Bacon) começa a vivenciar eventos assustadores que ela não consegue explicar, após testemunhar um acidente traumático e bizarro envolvendo um paciente, que sofre um surto psicótico que a deixa com um sorriso bizarro no rosto. A bilheteria expressiva levou à sequência Sorria 2 (Smile 2, 2024), igualmente escrita e dirigida por Finn, e que se passa seis dias depois dos eventos do primeiro filme quando a estrela pop de Nova York Skye Riley (Naomi Scott) se prepara para sua turnê de retorno após uma série de infortúnios seguidos. Primeiro, a luta pública contra o abuso de substâncias, depois um acidente de carro que matou seu namorado ator, Paul Hudson. (Ray Nicholson, e ainda a morte de seu amigo de escola Lewis (Lukas Gage). O que se segue é uma sequência de mortes inesperadas e alucinações macabras que levam Skye ao limite da insanidade. A atriz Naomi Scott, a Jasmine do live action de Aladim (2019), se conecta bem com o público, mas não foge à regra de toda personagem perseguida por uma força sobrenatural. A aparição rápida de Ray Nicholson (filho de Jack Nicholson) é curiosa dada a impressionante semelhança de pai e filho, mas não tem funcionalidade dentro da trama. E o que é pior, a narrativa cansa à medida que as mortes vão se sucedendo sem uma explicação de fato convincente. Além disso, Drew Barrymore aparece como ela mesma, entrevistando Skye em seu programa de entrevistas, enquanto o próprio diretor Parker Finn faz uma participação especial como fotógrafo. Enfim é simplesmente um segundo filme com uma outra história onde a entidade do sorriso é o único elo em comum mas sem nada a acrescentar. Embora o diretor tenha evitado os cenários habituais do gênero, como porões frios e assustadores e sótãos sombrios, buscando um ambiente inesperado, o filme perdeu em força narrativa sendo apenas uma sequência de sustos sem propósito. E preparem-se que vem aí um terceiro filme. Disponível na Paramount Plus desde terça 11 de março.
