DO MELHOR AO PIOR | OS SUPER HEROIS DA DC COMICS

Adilson Carvalho

O famigerado Rotten Tomatoes, agregador de críticas, fez uma seleção das adaptações das hqs da DC Comics. Enquanto aguardamos com ansiedade o reinício do Universo DC no cinema com a chega de Superman, de James Gunn para julho, resolvi dar uma visão geral nos filmes de heróis da DC, retirando da lista as animações e as adaptações de quadrinhos fora do universo tradicional surgido em 1938 quando chegou às bancas Action Comics #1. Também decidi não incluir as adaptações live action para TV, que já resultariam em uma segunda lista. Aqui vamos, para o alto e avante.

#1. BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS (Batman: the Dark Knight, 2008). A segunda parte da trilogia de Christopher Nolan faz o que todas as boas continuações devem fazer: Ela pega a premissa do primeiro filme e a aprimora. O Coringa de Heath Ledger é o nêmesis perfeito para o Batman de Christian Bale. Ambos são igualmente inteligentes e calculistas, mas o Príncipe Palhaço do Crime de Ledger apresenta o personagem como uma força do caos, um gênio cruel e sádico que, mesmo sendo fisicamente derrotado, reina vitorioso no final do filme. Por meio de suas ações, o Coringa desmonta tudo o que é caro ao Cavaleiro das Trevas, e é um prazer assistir ao desenrolar de seus planos. Este é sem dúvida o filme de super-herói mais inteligente que você provavelmente verá, e cada vez que o assiste revela novas camadas. Ele continua sendo um dos melhores filmes da DC já feitos.

#2. SUPERMAN: O FILME (Superman: The Movie, 1978). O filme de Richard Donner, é um banquete visual, com efeitos de voo exemplares que deixaram o público do cinema da época boquiaberto. O filme relata a conhecida história de origem de Clark Kent (Christopher Reeve), acompanhando-o desde sua adolescência em Smallville até o início de sua carreira em Metrópolis. Muitos elementos tradicionais das histórias em quadrinhos do Superman, incluindo Lois Lane (Margot Kidder), Lex Luthor (Gene Hackman), Perry White (Jackie Cooper), kryptonita, a Fortaleza da Solidão e Jimmy Olsen (Marc McClure), aparecem ao longo do caminho. O então desconhecido ator Christopher Reeve foi escalado para o papel de Superman, e ele traz uma presença física genuína para o papel. Com mudanças sutis de postura, ele é tão convincente como Clark quanto como o Homem de Aço, e é difícil imaginar agora que outra pessoa tenha sido considerada para o papel. Foi um dos primeiros de uma nova geração de filmes de fantasia, que percebeu que, com um elenco adequado e efeitos especiais decentes, seria possível fazer todos acreditarem que o homem poderia voar, e isso até hoje.

#3. MULHER MARAVILHA (Wonder Woman, 2017). Certamente o filme dirigido por Patty Jenkins foi o ponto alto do DC EXtended Universe, elabrorado por Zack Snyder. Gal Gadot conseguiu o que parecia impossível, substituir Lynda Carter como a encarnação live action perfeita da personagem criada por William Moulton. A história consegue desenvolver a mitologia grega inerente à genesis da personagem de forma convincente e depois inserí-la em plena Primeira Guerra sem jamais perder a essência.

#4. SHAZAM ! (Shazam, 2019). Difícil mas bem vinda adaptação do herói criado por C.C.Beck em 1940, e que já foi chamado de plágio do Superman pelos executivos da DC Comics, até´que esta veio a comprar o personagem originalmente editado pela Fawcett Comics. Zachary Levi, da série Chuck, conseguiu incorporar o espírito do herói que é uma criança transformado em adulto por antigos deuses. Uma pena que o segundo filme não consegui manter o mesmo nível que o primeiro dirigido por David F. Sandberg e que resultou em um filme leve, despretensioso e lembrando muito a premissa de Quero Ser Grande (Big, 1988).

#5. O ESQUADRÃO SUICIDA (The Suicide Squad, 2021). Antes de James Gunn assumir como o novo chefão do DC Studios, ele realizou uma segunda adaptação dos anti heróis que já haviam tido um filme decepcionante em 2016 dirigido por David Ayer. Gunn conseguiu, mesmo com pouco tempo entre as duas produções, estabelecer uma história envolvente, repetindo o que fizera com os Guardiões da Galáxia da Marvel, ou seja, usar personagens secundários em um roteiro inteligente. O filme ainda ganhou um derivado, a série O Pacificador (The Peacemaker), estrelada por John Cena.

#6. BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (Batman: The Dark Knight Rises, 2012). O encerramento da trilogia de Nolan não chegou ao mesmo nível de Batman : O Cavaleiro das Trevas, mas ainda assim foi superior a muitas adaptações de hqs. Embora Bane (Tom Hardy) não seja o oponente mais interessante da vasta galeria do homem morcego, Nolan conseguiu unir as pontas soltas com o primeiro filme trazendo brevemente em cena o Espantalho (Cillian Murphy), e ainda introduzindo a Mulher-Gato (Anne Hathaway), embora a personagem não seja chamada assim durante o filme, e a sempre excelente Marion Coitllard como Talia Al Ghul. O final decepciona mas Nolan é esperto o suficiente para deixar uma brecha aberta para reverter o destino de Bruce Wayne (Bale).

#7. O BATMAN (The Batman, 2022). Matt Reeves fez o filme mais detetivesco do Batman, e apesar de desnecessariamente longo, acerta na narrativa noir e na condução dos personagens coadjuvantes que cercam Bruce Wayne, numa atuação regular mas esforçada de Robert Pattinson. O Charada de Paul Dano rouba a cena durante a metade do filme, mas exagera na dose de psicopatia ao final da trama. Assim como o Batman Begins de Christopher Nolan, Reeves busca inspiração na hq Batman : Ano Um (1988) de Frank Miller e David Mazzuchelli para retratar o primeiro ano de atividade do homem morcego em uma Gotham City violenta e corrupta, que bem poderia ser metáfora para nosso Rio de Janeiro.

#8. BATMAN BEGINS (Batman Begins, 2005). O primeiro filme da trilogia de Nolan eliminou o exagero que marcou os dois filmes de Joel Schumacher, que o antecederam e trouxe o personagem para a realidade. As engenhocas eram plausíveis, e os vilões, demasiadamente humanos. As lutas eram brutais e viscerais, e causavam um impacto físico e emocional em nosso herói destruído. Para uma história de origem que já vimos inúmeras vezes, é revelador que Batman Begins a torne interessante novamente, acrescentando aspectos que nunca vimos em um filme antes. O Bruce de Christian Bale é perfeitamente convincente para mostrar Wayne sempre foi a verdadeira máscara e não Batman. A versão distinta de Nolan do personagem ainda é tão interessante de assistir hoje quanto era na época, e o filme continua sendo uma das abordagens mais interessantes sobre o Morcego e seus primeiros dias.

#9. SUPERMAN II (Superman II, 1980). Até mesmo a interpretação irônica de Gene Hackman como Lex Luthor é memorável, mas foi necessário a inserção de um trio de supervilões kryptonianos da Zona Fantasma para colocar o Superman em uma situação física difícil. Em Superman IIo General Zod (Terence Stamp) e seus asseclas são libertados do equivalente kryptoniano de uma prisão de segurança máxima, apenas para se verem dotados de poderes extraordinários, cortesia da baixa gravidade da Terra e de seu sol amarelo. O Superman, agora o guardião não oficial da Terra, deve lutar contra eles para garantir a sobrevivência do planeta, já que Zod busca escravizar a humanidade e Lex Luthor se mostra muito disposto a trair sua própria espécie para obter ganhos pessoais. Terence Stamp traz uma arrogância maravilhosa a Zod, enquanto seus ajudantes, a femme-fatale Ursa (Sarah Douglas) e o mudo Non (Jack O’Hollohan) , provam ser tenentes formidáveis. Como era de se esperar, as cenas de luta são maravilhosamente realizadas, e os kryptonianos são excelentes vilões. Um dos pontos mais fortes dessa sequência é que ela parece uma continuação adequada do original de 1978 – é mais do mesmo, que é exatamente o que o público da época exigia. Confira a versão de Richard Donner, que é muito melhor que a versão de Richard Lester que chegou às telas em 1980.

#10. BATMAN O RETORNO (Batman Returns, 1992). O Batman de Michael Keaton retorna nessa sequência dirigida por Tim Burton, que apresenta o Pinguim de Danny DeVito e a Mulher-Gato de Michelle Pfeiffer. Está longe de ser um filme ruim, mas parece uma tentativa fracassada de, mais uma vez, engarrafar um raio. Os elementos estão todos lá – o retorno de muitos membros do elenco, as sensibilidades góticas, o cenário incrivelmente distinto (inspirado no trabalho do designer de produção Anton Furst) e a sublime trilha sonora de Danny Elfman – mas, no final das contas, fica aquém do objetivo. O primeiro filme tinha um senso de humor irônico, mas há um niilismo sombrio na sequência que sacrifica muito do charme do original. Keaton, Pfeiffer, DeVito e o sempre consistente Christopher Walken como Max Schreck de cabelos brancos (uma espécie de sucessor espiritual do vilão de Bond de Walken, Maximillian Zorin) estão excelentes como sempre, mas a diversão que esperamos da franquia está em grande parte ausente. O Cavaleiro das Trevas é, nesse caso, sombrio demais.