FILME DO DIA | O MENTIROSO

Por Adilson Carvalho

Tradicionalmente 1º de abril é o Dia da Mentira, também conhecido como dia dos bobos, uma celebração anual em alguns países europeus e ocidentais, iniciada na idade média. O calendário era então um pouco diferente na França, o ano “virava” no dia 1º de abril — ou seja, a semana que antecedia a data era a de comemoração do Ano Novo. O rei Carlos 9º decidiu adotar o formato moderno somente em 1564, o que demorou para que a população de fato acreditar. Daí nascendo as raízes do dia em que bancar o Pinóquio diverte. Em 1997, Jim Carrey fez da mentira compulsiva um de seus melhores papeis, o do inescrupuloso advogado de Los Angeles Fletcher Reede em O Mentiroso (Liar Liar). Embora ele ame o filho Max (Justin Cooper), a sua incapacidade de manter promessas e as mentiras compulsivas que conta causam problemas entre os dois e a ex-mulher Audrey (Maura Tierney). Cansado das mentiras do pai, Max faz um desejo antes de soprar as velinhas do seu bolo de aniversário: ele quer que o pai só diga a verdade nas próximas 24 horas. Quando o pedido de Max se torna realidade, o mundo de Fletcher começa a se transformar em um caos, principalmente porque precisará de sua tremenda “cara de pau” para defender a Sra Samantha Cole (Jennifer Tilly), que traiu seu marido milionário e agora briga na justiça por seus direitos.

Inicialmente o papel foi oferecido a Steve Martin, mas este estava comprometido com O Sargento Trapalhão (Sgt. Bilko) e depois a Robin Williams, que não se interessou e preferiu filmar Gênio Indomável (Good Will Hunting). O projeto chegou a ser modificado para uma protagonista feminina pensando em Goldie Hawn, mas acabou sendo reescrito para Jim, que deu um show fosse no bloqueio de não poder mentir ou na dinâmica entre o ator e o pequeno Justin Cooper. Em um momento de auto referência Max (Justin Cooper) pergunta a seu pai se fazer careta é ruim e este revela “tem gente que ganha a vida assim“. A brincadeira com o “Garra” não estava no roteiro e foi acrescentada por Jim Carrey, imitando uma brincadeira que seu pai fazia com ele quando criança. O ator destila aqui todo seu histrionismo e disse ter adorado fazer um filme que pudesse estar de cara limpa, sem maquiagem pesada depois de seguidos papeis como O Máskara (1995), Batman Eternamente (1996) e outros. Nas cenas Carrey não poupou fôlego como na sequência em que seu personagem se agride no banheiro. O ator fez tudo sem usar efeitos práticos de som e imagem, para dar realismo à cena. O filme foi o último do ator Jason Bernard, que faz o Juiz Marhall Stevens. Ele sofreu um ataque cardíaco enquanto dirigia seu carro. Quando foi lançado em 1997, filme foi dedicado em sua memória. Foi o terceiro dirigido por Tom Shadyac, com quem Carrey colaborou também em Ace Ventura Um Detetive Diferente (1994) e O Todo Poderoso (2003). O sucesso de O Mentiroso foi enorme, mas esgotou demais o ator após as longas filmagens. No ano seguinte, o ator resolveu partir para papeis mais sérios, e mostrar que sabia fazer trabalhos mais dramáticos como em O Show de Truman (1998) e O Mundo de Andy (1999). Como as cenas de erros de gravação mostram ao final, era impossível ficar sério ao lado de Carrey, um dos grandes nomes de sua geração. Disponível na assinatura do Telecine.

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