Adilson Carvalho

Há 40 anos a música pop cantou e dançou satirizando a sede de poder, a escalada bélica e o descaso com a natureza, décadas antes da megalomania trumpista. Os ingleses Roland Orzabal e Curt Smith, em seu segundo álbum de estúdio intitulado Songs of the Big Chair, lançado em março de 1985, alcançaram o sucesso com o hit Everybody wants to rule the world. A canção, embalada pelo som de sintetizadores, alertava que “enquanto dormíamos, viravamos as costas para a mãe natureza” em versos que protestavam contra as atitudes dos governantes e nos despertavam de nossa própria imobilidade pois, conforme dizia a letra escrita por Roland Orzabal junto de Ian Stanley e Chris Hughes, o autoritarismo e a cobiça desmedida estaca nos conduzindo a um ponto sem retorno. A canção tornou-se parte da trilha sonora da comédia Academia de Genios (Real Genius) de Martha Coolidge.  No filme, estrelado por Val Kilmer, um grupo de jovens estudantes de física criam um laser experimental de potência  destrutiva sem saber que seu professor (William Atherton) planeja vendê-lo aos militares. O filme, desconhecido da geração mais jovem, foi inspirado e vagamente baseado em eventos reais no Cal Tech, também conhecido como Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena, Califórnia.

O vídeo de Everybody Wants to Rule the World foi dirigido por Nigel Dick, filmado em Los Angeles, Desert Hot Springs, Palm Springs e Cabazon, na Califórnia. A canção foi usada também em episódios de vários programas de TV, incluindo ER (1998), Cold Case (2004), Brothers & Sisters (2007), Medium (2008), Psych (2014) e Riverdale (2018). No cinema, além de Academia de Gênios (1985), também fez parte da trilha sonora de Romy and Michele (1997) estrelada por Lisa Kudrow e Mira Sorvino, no filme Straight Outta Compton (2015) e no filme de Steven Spielberg com tema dos anos 80 Jogador #1 (2018). Uma canção ainda atual em um mundo de Trumps e Putins.