Por Paulo Telles

Em Hollywood, casais de astros e estrelas sempre despertam curiosidades em seus fãs, e não é de hoje que o cinema angaria entre seus deuses e deusas, casais realmente casados, que com muito esforço (e às vezes em vão!) tentam driblar os holofotes de repórteres e paparazzi para conseguir, ao menos, um pouco de privacidade. Mas aqui vamos relembrar de um dos mais notórios no mundo da Sétima Arte: Robert Taylor (1911-1969) e Barbara Stanwyck (1907-1990).

Bob Taylor, então um dos mais famosos galãs da MGM, um dos mais belos astros de cinema de todos os tempos, a receber até mesmo mais cartas de fãs do que Clark Gable, considerado a referência do estúdio, o Rei de Hollywood. Bob fez muitas jovens suspirarem em A Dama das Camélias (Camilie, 1936) de George Cukor (1899-1983), ao contracenar com uma das grandes divas da tela, Greta Garbo (1905-1990). Já Barbara, ou melhor, Babs, já era uma atriz experiente e requisitada por grandes cineastas que reconheciam nela um grande talento.
Bob contracenou com Babs durante as filmagens de A Mulher do Meu Irmão (His Brothers’s Wife, 1936) de W. S. Van Dyke (1889-1943), mas eles já se conheciam pessoalmente, apresentados por Zeppo Marx, sócio de Barbara numa fazenda de criação de cavalos. Ele estava completamente desimpedido, e ela, em processo de divórcio com o então marido. Barbara havia passado por grandes dificuldades em sua vida e era, em muitas coisas, o oposto de Bob Taylor. A Metro e seu chefe, o lendário Louis B. Mayer (1884-1957) desaprovavam qualquer ideia de casamento, e assim o namoro entre Babs e Bob se estendeu por três anos, resultando em casamento somente em maio de 1939. A sinceridade de suas cenas românticas em A Mulher do Meu Irmão e A Força do Coração (This Is My Affair, 1937, direção de William A. Seiter) era inequívoca, e emocionou os fãs. Quando indagada pelos repórteres, Barbara foi positiva na resposta: “O rapaz tem muito que aprender, e eu tenho muita coisa a ensinar“. Dela, Bob disse: “Jamais encontrei em Nebraska uma mulher como Barbara“.

Contudo, o casal enfrentou seus obstáculos e empecilhos, começando com a mãe de Bob Taylor, que não suportava Babs, e nem ela suportava a sogra. Além disso, Bob gostava de lazeres esportivos com os amigos, mas no dito popular, sempre encontrava um meio de pular a cerca. Não aguentava um rabo de saia e não foram poucas as vezes que as fãs investiam, para valer, em cima do ator. Infelizmente, a forte e, ao mesmo tempo, vulnerável Babs, veio a saber das traições do marido. Nesta época, os Estados Unidos estavam entrando na II Guerra, e Bob, talvez para escapar dos conflitos do casamento, resolveu se alistar como piloto, deixando a esposa e a mãe apavoradas. Terminado o conflito em 1945, Bob retornou ao lar, mas o casamento já ia de mal para pior. Raramente passavam o tempo juntos.
Mas, definitivamente, o confronto entre Bob e Babs entenderia além do Pacífico. Em 1950, enquanto Bob Taylor estava na Itália estrelando o épico religioso Quo Vadis, cujas filmagens duraram sete meses, em Hollywood os rumores sobre o seu divórcio enchiam as colunas de fofocas e jornais. Realmente, algo pairava no ar, quando estourou de vez a notícia da “outra” com quem Bob se envolvera em Roma, a italiana Lia de Leo, uma atriz iniciante com uma breve participação no filme, identificada como a pedicure chutada por Nero-Peter Ustinov .
Babs largou tudo e tomou o primeiro avião para Roma. Encontrou tudo bem, uma vez que a ninfeta já havia sido descartada por Bob. Todavia, foi confirmada a infidelidade do marido, e Babs entrou com uma ação de divórcio tão logo regressassem aos Estados Unidos e, no início de 1951, estavam legalmente separados.

Entretanto, os dois astros continuavam amigos, mesmo depois de Bob casar, em 1955, com a modelo e atriz alemã Ursula Thiess (1924-2010), que lhe deu dois filhos. Em 1964, Bob e Babs voltaram a contracenar juntos em um thriller de suspense, Quando Descem as Sombras (The Night Walker). A amizade entre os dois se estendeu até o falecimento de Robert Taylor, de câncer, a 8 de junho de 1969, aos 57 anos de idade. Barbara sentiu profundamente a morte do ex-marido. Amigos próximos de Babs sempre diziam que ela constantemente falava que, apesar das inúmeras traições de Bob, ela ainda o amava. Em 1987, a casa de Barbara sofreu um incêndio, e apesar de ter saído com vida, ela acabou perdendo todas as cartas de amor de Bob da época que namoravam, o que a fez ficar profundamente triste. Barbara Stanwick faleceu em 20 de Janeiro de 1990, aos 82 anos.
Um caso em nossos registros em Isto é Fato… Não Fita!
Paulo Telles é crítico de cinema, escritor e radialista (DRT 21959-RJ) além de colunista e redator do blog Cine Retro Boavista.