CLASSICO REVISITADO ANOS 90 | BATMAN ETERNAMENTE

Por Adilson Carvalho

Apesar do sucesso nas bilheterias, os executivos da Warner queriam um filme menos dark, o que provocou diferenças criativas com Tim Burton – que permaneceu ligado à franquia apenas como produtor – levando à uma mudança de direção para a sequência “Batman Eternamente” lançada em 1995, com direção de Joel Schumacher , diretor do clássicos oitentistas como “Garotos Perdidos” (1987) e “O Primeiro Dia do Resto de Nossas Vidas” (1985). Diante da saída de Burton e do roteiro apresentado, Michael Keaton caiu fora, deixando o papel para Val Kilmer (Top Secret Super Confidencial).

O novo filme apresentou um visual mais colorido, um novo interesse romântico na figura da psicóloga interpretada por Nicole Kidman, além de introduzir na franquia o personagem do Robin que teve o nome de Marlon Wayans (As Branquelas) cotado durante o período de Tim Burton à frente da franquia. O papel, no entanto, ficou com Chris O’Donnell depois de cogitado o nome de Leonardo DiCaprio, e curiosamente, um então jovem Christian Bale. Contudo, o roteiro continuou a explorar mal o potencial dos personagens. Tommy Lee Jones é mal aproveitado como Duas Caras, um personagem que nas HQs possui uma carga dramática maior, restando para Jim Carrey os melhores momentos numa atuação afetada como o Charada, o príncipe dos enigmas. As filmagens foram tumultuadas nos bastidores não apenas devido ao temperamento difícil de Val Kilmer, como também pelos conflitos entre Tommy Lee Jones e Jim Carrey.

Do elenco dos filmes de Tim Burton, retornam apenas Michael Cough (1916 – 2011) como o fiel mordomo Alfred e Pat Hingles (1924 – 2009) como o Comissário Gordon. Michelle Pfeiffer foi considerada para reprisar o papel de Mulher Gato, mas o roteiro acabou não se ajustando à vilã, que acabou sendo cogitada para um filme solo, que acabou também não se concretizando. “Batman Eternamente” acabou se tornando a primeira versão live-action de Robin, desde que Burt Ward deixou o papel em 1969. O papel estava inicialmente previsto para Leonardo diCaprio, que não gostou de Joel Schumacher. O papel veio a ficar com Chris O’Donell (Perfume de Mulher). Desde o início o Charada estava previsto para ser o vilão do filme, sendo que Robin Williams, que era fã de hqs, queria muito o papel até que Jim Carrey, vindo de sucessos de bilheteria como “Ace Ventura” (1994) e “O Máscara” (1995) ficasse com o papel. Tommy Lee Jones como o vilão Duas-Caras foi uma decisão de Schumacher, que ainda tentou negociar com a Warner um filme no estilo de “Batman Ano Um“, mas os executivos do estúdio recusaram a ideia que só seria considerada muitos anos mais tarde com “Batman Begins” (2015)

O resultado foi bem nas bilheterias, o suficiente para um quarto filme lançado em 1997: “Batman & Robin”, também dirigido por Joel Schumacher, que transformou o filme num baile de carnaval, com cores em demasia para um personagem de natureza tão sombria quanto Batman. Tendo Val Kilmer trocado Bruce Wayne pelo filme “O Santo“, Schumacher trouxe George Clooney (Plantão Médico) , que na época estrelava o bem sucedido seriado , e teve boa projeção no cinema em “Um Drink no Inferno”. Apesar do carisma em cena de Clooney, o filme é um lamentável engano com diálogos patéticos, um roteiro que parece só existir para justificar o grande número de personagens – sem nenhum aprofundamento – desfilando nas frente das câmeras. Desta vez nem os vilões funcionam já que tanto Arnold Schwarzenegger (o  Sr.Frio)  como Uma Thurman (Hera Venenosa) parecem adversários patéticos, sem qualquer traço dos personagens aos quais correspondem nas HQs . O filme ainda inclui o ex-lutador Jeep Swenson como uma primitiva versão do vilão “Bane“, aqui reduzido a guarda-costas de Hera Venenosa. O elenco inflado ainda tem a Batgirl, de Alicia Silverstone, que não acrescenta nada à história, nem sequer o apelo juvenil. O resultado desastroso do filme tanto em termos artísticos como de bilheteria afundou a franquia por um longo tempo. Em alguns dias, o CCP traz o renascimento do morcego na era Christopher Nolan.

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