GALERIA DE ESTRELAS | FRED ASTAIRE

Adilson Carvalho

Ator, cantor, dançarino, um showman que marcou a história do cinema e imprimiu nas telas e nos palcos da Broadway seu estilo de leveza e classe com o qual parecia flutuar no ar a cada passo. Hoje Frederick Austerlitz, ou Fred Astaire, completaria 126 anos de uma vida e carreira brilhante. Sua mãe era filha de imigrantes alemães da antiga Prússia oriental e seu pai era judeu e imigrante austríaco. Sua irmã Adele, três anos mais velha, era excelente dançarina e formou dupla com o irmão para apresentações no teatro de vaudeville seguindo as orientações e a vontade de sua mãe. Com a fama conquistada nos palcos, Fred e Adele rapidamente conseguiram um grande contrato e se apresentaram no famoso Orpheum Circuit, uma cadeia de vaudeville e cinemas. Os Astaires estrearam na Broadway em 1917 com Over the Top, uma sátira patriótica, e, na época, se apresentaram também para as tropas americanas e aliadas. Eles seguiram com vários outros shows. Logo, a habilidade de dança de Astaire começou a ofuscar a de sua irmã, mas com o casamento de Adele, Fred seguiu em carreira solo.

Segundo reza a lenda, um relatório de teste de tela sobre Astaire para os estúdios da RKO dizia: “Não sabe cantar. Não sabe atuar. Ficando calvo. Sabe dançar um pouco“. No entanto, isso não afetou os planos da RKO para Astaire. Sua estreia em Hollywood, no entanto, veio quando a RKO o emprestou para a MGM para um papel secundário no musical Amor de Dançarina (Dancing Lady), no qual dança com Joan Crawford. No ano seguinte já estava de volta à RKO, como o quinto nome nos créditos, logo atrás do nome de Ginger Rogers, em Voando Para o Rio (Flying Down to Rio) estrelado por Dolores del Río. Astaire revolucionou a dança no cinema ao ter total autonomia sobre sua apresentação. Ele é creditado por duas inovações importantes nos primeiros filmes musicais. Primeiro, ele insistiu que uma câmera monotrilho filmasse de perto uma coreografia de dança no menor número de tomadas possíveis, normalmente de apenas quatro a oito cortes, mostrando os dançarinos por inteiro todo o tempo. Isso dava a ilusão de uma câmera quase estacionária filmando uma dança inteira em uma única tomada. Astaire ficou famoso pela frase: “Ou a câmera dança, ou eu danço“. Astaire manteve essa política de A Alegre Divorciada (The Gay Divorcee) em 1934, até seu último filme musical, O Caminho do Arco-íris (Finian’s Rainbow), de 1968, quando o diretor Francis Ford Coppola rejeitou sua exigência.

Outra inovação de Astaire envolveu o contexto da dança; ele era irredutível de que todas as coreografias de música e dança fossem parte integrante do enredo do filme. Em vez de usar a dança como um espetáculo independente da história. Certa vez quando perguntaram a Astaire, anos depois, quem era sua parceira de dança favorita, Astaire disse: “Tudo bem, eu vou te dar um nome, mas se você deixar escapar, eu vou jurar que menti. Foi Rita Hayworth“. Com Rita Fred fez Ao Compasso do Amor (You’ll Never Get Rich, 1941) e Bonita Como Nunca (Lovelier Than Never , 1942). Mas foi com Ginger Rogers que Fred entrou para a história do cinema como a dupla perfeita. Juntos fizeram 10 filmes entre eles O Picolino (Top Hat, 1935), no qual dançou e cantou a icônica Cheek to Cheek, e o último porém excelente Ciúmes Sinal de Amor (The Barkleys of Broadway, 1949). Fred teve excelentes parceiras de danças e com elas parecia flutuar, desafiar a gravidade. Esteve assim ao lado de Paulette Goddard em Amor da Minha Vida (Second Chorus, 1940), Judy Garland em Desfile de Páscoa (Easter Parade, 1948), com Betty Hutton em Nasci Para Bailar (Let’s Dance, 1950) e Jane Powell em Núpcias Reais (Royal Wedding, 1951). Neste último Fred dança subindo pelas paredes de seu quarto entrando para a história dos grandes musicais de Hollywood. Nos anos 50 teve dois filmes extraordinários quando já circulavam histórias de que se aposentaria.

Em 1957 fez um fotógrafo de moda contracenando com Audrey Hepburn em Cinderela em Paris (Funny Faces) no mesmo ano em que brilhou ao lado de Cyd Charisse em Meais de Seda (Silk Stockigs), refilmagem do clássico Ninotchaka (1939). Um de seus melhores trabalhos, contudo, até hoje é o excelente A Roda da Fortuna (The Band Wagon, 1953) no qual canta e dança ao lado de Oscar Levant e Nannete Fabray a fantástica That’s Entertainment, até hoje considerada hino do showbizz americano. Já na terceira idade, o incrível Fred experimentou papéis mais dramáticos como o filme catástrofe Inferno na Torre (The Towering Inferno, 1974) contracenando com Jennifer Jones, o filme de terror com Histórias de Fantasmas (Ghost Story, 1982) e no filme de TV O Homem na Roupa de Papel Noel (The Man in Santa Claus Suit, 1979). Uma nova geração então assistia mais televisão do que ia ao cinema, e Astaire se reapresentou ao público como convidado de honra em séries populares como O Rei dos Ladrões (It Takes a Thief, 1969/70) e Galactica (1979) além de diversos especiais e nas coletâneas Isto era Hollywood (That´s Entertainment, 1974) e Isto também Era Hollywood (That’s Entertainment II, 1976). Astaire morreu de pneumonia em 22 de junho de 1987, aos 88 anos. Seu corpo foi sepultado no Cemitério do Parque Nacional de Oakwood em Chatsworth, Califórnia. Um de seus últimos pedidos foi agradecer aos fãs por inúmeros anos de apoio. Nós é quem agradecemos Fred. Descanse em paz !

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