TV MEMORIA | A GATA & O RATO

Por Adilson Carvalho

A condição de saúde do astro Bruce Willis preocupa a seus fãs, e contrasta com o sorriso atrevido e os papéis de ação que o ator imprimiu nas telas começando com a divertida série A Gata & O Rato (Moonlighting). Histórias de detetives sempre tiveram um público cativo seja na literatura ou no cinema. Na primeira metade da década de 80 tinhamos Jogo Duplo/Remington Steele (NBC), Assassinato por Escrito (CBS), Magnum P.I (CBS), Mike Hammer (CBS) entre outras. A emissora ABC queria um sucesso nessa linha e encomendou ao roteirista Glenn Gordon Caron uma série no mesmo estilo. Seguindo a máxima que diz que os opostos se atraem, onde os mistérios investigados ficam em segundo plano com foco maior na interação conflituosa de seus protagonistas, tal qual Cary Grant e Rosalind Russell no clássico Jejum de Amor (His Girl Friday) de 1946. Vai ao ar em março de 1985 A Gata & O Rato (Moonlighting).

Para os papeis principais foram escalados Cybill Shephard, atriz e ex modelo que trabalhara na década de 70 em filmes conceituados de diretores como Peter Bogdnovich (A Última Sessão de Cinema) e Martin Scorcese (Taxi Driver) e o novato Bruce Willis que em sua carreira tinha ponta em filmes como O Veredito (The Verdict) mas ainda era um completo desconhecido. Seus papéis seriam respectivamente de Maddie Hayes e David Addison. Ela era uma ex modelo milionária que perdera sua fortuna e fica apenas como uma nada lucrativa agência de detetive chamada “Lua Azul” administrada pelo sem noção David Addison. Completando o inesquecível elenco ainda tinhamos Alyce Beasley como Agnes Dipesto (na dublagem brasileira, era falado Tupisto) de voz fanhososa e sempre atendendo o telefone da recepção com rimas. Custis Armstrong, se uniu ao elenco interpretando um empregado temporário chamado Herbert Viola, que mais tarde passou a ser também investigador da agência. Foram 66 episódios ao longo de 5 temporadas, 41 indicações ao Emmy fora o Golden Globe para Bruce Willis como melhor ator. A trilha sonora da abertura era cantada pela voz melodiosa de Al Jarreau,, que infelizmente era cortada pela Rede Globo que exibiu a série entre 1986 e 1991.

A belíssima abertura da série

No Brasil, a série foi um sucesso e mais um triunfo da dublagem brasileira com Sumara Louise na voz de Cybill Shephard e o saudoso Newton da Mata, que foi por longos anos, a voz oficial de Bruce Willis. Os bastidores da série foram muito atribulados devido aos constantes desentendimentos entre o casal de atores. À medida que a carreira dele evoluía no cinema com sucessos como Duro de Matar (1988), Cybill – igualmente famosa por seu temperamento difícil – viu os convites para outros papeis diminuírem além de que a atriz engravidou de gêmeos ao longo da 3ª temporada. Outro fator que complicou eram os constantes atrasos para que os roteiros ficassem prontos. A série tinha o dobro de páginas de roteiro comparadas a uma típica série de uma hora já que as histórias eram focadas no relacionamento Maddie Hayes-David Addison, que constantemente entravam em conflito, e ainda constantemente falavam ao mesmo tempo. Da 4ª temporada para a 5ª temporada, a série também foi prejudicada por uma longa greve dos roteiristas. Ainda assim, a série marcou pelo espírito anarquista, constantes quebra da quarta parede (mais comum hoje em dia), cenas filmadas nos bastidores do estúdio, episódios em linhas de tempo alternativas e o inegável carisma da dupla de protagonistas. Você tem a oportunidade de conhecer ou rever esse marco do gênero disponível no TV Channel Network.

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