Adilson Carvalho

A literatura de ficção-científica sempre imaginou o homem colonizando o espaço, e nem sempre sob a ótica otimista e utópica como em Star Trek. O livro de Barry Longyear, dirigido por Wolfgang Peterson (A História Sem Fim), mostra a raça humana evoluída tecnologicamente mas ainda dominado pelo instinto beligerante, o mesmo que espalhou o caos na Terra por séculos. Num futuro distante a Terra está em guerra com os habitantes de Dracon. Nesse embate, o humano Willis Davidge (Dennis Quaid) e extraterreste Jeriba (Louis Gosset Jr) caem em um planeta inóspito e, apesar da relutância, tem de unir forças para voltarem para casa. O roteiro de Edward Khamara, o mesmo de Ladyhawke – O Feitiço de Áquila (1985), cria uma parábola da psiquê humana e suas contradições. Davidge é preconceituoso, intolerante e desconfiado mas a luta pela sobrevivência com o Drac o transforma, principalmente quando o alienígena hermafrodita engravida e morre no parto. O humano se torna o “tio” de Zammis (Bumper Robinson), a criança Drac. Para cuidar e proteger o inocente ser, Davidge redescobre valores que não acreditava ter, e a promessa feita a Jeriba, conduz sua luta pela sobrevivência em meio a vários perigos. A paisagem exótica foi criada nos estúdios alemãs da Bavaria, na época o complexo computadorizado mais avançado da Europa. Espelhos de 18 metros espalhados pelo cenário criavam a ilusão de amplidão; sete toneladas de sal e doze máquinas de vento fabricaram uma tempestade de gelo; 1100 toneladas de água foram usadas para criar o lago alienígena, mas todo esse primor no design de produção, somado à excelente maquiagem de Chris Wallas – que levava três horas para aplicar – foram essenciais para tornar convincente a jornada de Davidge e Jeriba, ambos interpretados pelos talentosos Dennis Quaid e Louis Gosset Jr. Os dois atores mostram uma incrível química que ganha a tela e promove mais do que ação, traz reflexão sobre o que determina a contraditória equação humana. Assista Inimigo Meu na TV Channel Network