CLINT EASTWOOD NEGA ENTREVISTA DADA A PUBLICAÇÃO ALEMÃ

Adilson Carvalho

A entrevista de Clint Eastwood que ganhou atenção na semana passada, na qual o astro e diretor de 95 anos criticou a “era dos remakes e franquias” de Hollywood, foi desmascarada pelo diretor, que chamou o artigo de “totalmente falso”. Mas, em uma nova reviravolta, o jornalista por trás do artigo afirma que as citações contidas na entrevista são, de fato, autênticas – elas apenas datam de anos antes de sua publicação. Em uma declaração à Variety, Elisabeth Sereda, jornalista e membro de longa data da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, diz que foi escolhida pela publicação austríaca Kurier para escrever um tributo ao 95º aniversário de Eastwood, em 31 de maio. Sereda diz que extraiu citações de várias entrevistas de Eastwood conduzidas pela HFPA, que remontam a 1976. A homenagem da Kurier, publicada em alemão, foi então traduzida e agregada por vários veículos, incluindo a Variety. Na segunda-feira, Eastwood divulgou uma declaração ao Deadline na qual ele esclareceu “nunca dei uma entrevista a uma publicação austríaca chamada Kurier, ou a qualquer outro escritor nas últimas semanas, e que a entrevista é totalmente falsa”. De acordo com o Guardian, a Kurier retirou o artigo, informando que a publicação disse que “o artigo ficou aquém de seus padrões”. Não é a primeira vez que um membro da Hollywood Foreign Press afirma ter se inspirado em coletivas de imprensa para escrever um artigo. Em 2018, a ex-presidente da HFPA, Aida Takla O’Reilly, disse que uma entrevista bizarra com Drew Barrymore, publicada pela revista de bordo da EgyptAir, era “genuína e longe de ser falsa”, embora possa ter sido editada erroneamente pela publicação. A declaração de Sereda indicaria que Eastwood, de fato, fez as citações contidas em seu artigo – mas elas poderiam ter sido ditas a qualquer momento ao longo de várias décadas. Uma citação, na qual Eastwood diz que “filmou sequências três vezes”, pode dar uma dica. Em 1980, Eastwood já havia feito duas continuações de Dirty Harry – Perseguidor Implacável (Dirty Harry, 1971) – Magnum 44 (Magnum Force, 1973) e Sem Medo da Morte (The Enforcer, 1976) – bem como Punhos de Aço (Any Which Way You Can, 1981), a sequência de Doido Para Brigar Louco Para Amar (Every Which Way But Loose, 1976). Eastwood ainda faria mais duas sequências como Dirty Harry, Impacto Fulminante (Sudden Impact, 1983) e Dirty Harry Na Lista Negra (The Dead Pool, 1988). Isso sem contar a trilogia de westerns spaghetti de Sergio Leone. Com essa matemática, esta citação completa de Eastwood – “Vivemos em uma era de remakes e franquias. Já filmei sequências três vezes, mas há muito tempo não me interesso por isso. Minha filosofia é: faça algo novo ou fique em casa” – pode remontar ao início dos anos 80. Essa declaração, potencialmente com décadas de idade, foi amplamente interpretada como contemporânea e ainda repercute nos leitores de hoje.

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