Adilson Carvalho
Depois do sucesso de Os Vingadores (2012), a Marvel tratou logo de providenciar uma sequência reunindo mais uma vez seus heróis mais poderosos em uma nova aventura. Porém, mesmo reunindo o mesmo elenco e com Joss Whedon retornando à cadeira do diretor, o resultado ficou muito abaixo do esperado. As escolhas narrativas foram decepcionantes e desperdiçaram um dos melhores vilões da Marvel, o robô Ultron. Nas hqs originais Ultron é uma inteligência artificial que se volta contra a humanidade, criado pelo Dr. Hank Pym. No filme, Pym é substituído por Tony Stark (Robert Downey Jr) como o inventor de Ultron a partir de uma das joias do infinito. Tudo é muito apressado para que Ultron se manifeste como uma ameaça global e o ritmo de montanha russa de ação conduz a trama sem a mesma harmonia que Whedon empregou no primeiro filme. A inclusão de Mercúrio (Aaron Taylor Johnson) e da Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen) embora tenha seu valor como persoangens funcionais na trama também acaba sem o desenvolvimento merecido. Em 2h:21min o roteiro de Whedon apresenta Ultron (presença e voz marcante se James Spader), que de protótipo maligno de Tony Stark se torna uma ameaça à humanidade que alicia Mercúrio e Feiticeira Escarlate, que sem nenhum artificio de controle mental, simplesmente aceita os planos do robô pata no final se redimirem no clássico clichê já visto tantas vezes. A criação do Visão (Paul Bettany) acaba sendo mais um elemento desperdiçado de um roteiro que faz corte e colagem de várias histórias da equipe nas hqs e ainda nota se a preocupação em inserir a história no contexto da saga do Infinito, ainda que Thanos fique de lado no plano maior.

Os leitores antigos de hqs sabem que Ultron é um adversário de peso da equipe e merecia um plot maior que o apresentado. Entre os heróis o Hulk (Mark Ruffalo) é o mais mal empregado e sua luta contra o Homem de Ferro (Robert Downey Jr) se torna uma distração que em nada acrescenta à história. Originalmente, o roteiro previa que ao final da luta Bruce Banner se transformaria na versão cinza do Hulk, mas logo isso foi descartado. O romance entre Bruce e a Viúva Negra (Scarlett Johansson) é raso demais mostrando que o roteiro de Whedon se atropela ao mostrar coisas demais em tempo de menos. O próprio Whedon revelou que escalou os personagens de Mercúrio e Feiticeira Escarlate porque queria usar seus poderes como parte integrante da história. Como na época, os direitos dos personagens mutantes da Marvel pertenciam à 20th Century Fox, que não havia ainda se fundido à Disney, os dois personagens foram apresentados ao público, ao final de Capitão América: Soldado Invernal (2014) com poderes aprimorados pela HYDRA usando o cubo cósmico. Em sua costumeira participação especial nos filmes da Marvel, Stan Lee aparece como um veterano de guerra, que depois de ficar bêbado, diz “Excelsior”, a mesma frase com a qual ele terminava sua coluna semanal Stan’s Soapbox, que aparecia em todas as histórias em quadrinhos da Marvel. O título do filme foi retirado de uma saga das hqs com Ultron, mas com narrando eventos completamente diferentes. No final ficou uma aventura super inflada, e que serviu apenas para plantar elementos que seriam desenvolvidos depois como a destruição da Sokovia, que levará ao tratado usado em Capitão América: Guerra Civil (2016). Um desperdício de um ótimo elenco e de um vilão muito bom, que James Spader soube interpretar muito bem apesar das limitações da captura de movimento. Disponível na Disney Plus.