POLTRONA 6 | VENCER OU MORRER ⭐⭐⭐⭐

Adilson Carvalho

Igualdade, liberdade e fraternidade“, os ideais da Revolução Francesa não foram tão nobres quanto se pensa. Como todo período de transformação político e social, existem excessos, existe um lado sombrio que os livros de história nem sempre registram de forma apurada. Vencer ou Morrer (Vaincre ou Mourir), dirigido por Vincent Mottez e Paul Mignot recria a Guerra da Vendeia, um fato histórico pouco ou nada conhecido dos brasileiros, que remonta a França pós revolução, quando uma recém criada República tropeça nos seus próprios anseios. Como todo conflito, o mártir é a figura histórica de François de Charette, ex oficial da marinha real imperial que liderou um grupo de camponeses descontentes que foram perseguidos por sua fé católica, e por sua lealdade ao rei deposto. O filme retrata a força espiritual de famílias camponesas unidas pelo Sagrado Coração de Jesus, símbolo que marcou uma das maiores expressões de fidelidade cristã da história europeia. O roteiro de Vincent Mottez evoca o heroísmo de Charette, a cisão interna da França dividida entre monarquistas e republicanos dedicados à construção de um país, e com admirável fidelidade aos fatos já que foi filmado nos próprios locais onde a história aconteceu, garantindo uma reconstituição genuína, um recorte no tempo e no espaço reforçado pela fotografia de Alexandre Jamin, a direção de arte de Audrey Malecot e Iréne Marinari e a atuação inspiradora de Hugo Becker como Charette. Sua narração, sua postura como líder cria um elo com o público. Sua luta e o massacre que se segue faz lembrar a luta dos desesperados, dos desafortunados, dos marginalizados como no episódio da Guerra de Canudos no Brasil (guardadas as devidas proporções) onde resistir e lutar por uma causa perdida é o que movimenta a história em meio a questões humanas, espirituais como o momento em que Charette feito prisioneiro diz “Nada se perde“. Sangue, suor e lágrimas são elementos desse épico que pode provocar discussões calorosas entre professores e historiadores como poucas produções podem inflamar. O filme, que chega aos nossos cinemas nesta quinta (05/06), é distribuído no Brasil pela Kolbe Arte.

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