Por Juliana “Supertramp!” Diniz & Wanderson Clayton

Cem Anos de Solidão é um romance publicado em 1967 pelo escritor e ativista político colombiano Gabriel García Márquez, chegando alguns anos depois ao Brasil através da Editora Record. Um marco na literatura latino-americana e no movimento do realismo mágico, a obra conta a saga da “família Buendía” durante sete gerações e os desdobramentos de Macondo, a cidade fundada pelo patriarca José Arcadio. Desde sua publicação a história já foi traduzida para 46 línguas diferentes e é considerada a obra-prima do autor, sendo mundialmente aclamada e reconhecida como um dos trabalhos mais influentes da literatura hispânica. Entretanto, apesar de sua expressiva influência no meio literário mundial, Cem Anos de Solidão ainda não apresenta nenhuma adaptação midiática. Em 2019, Rodrigo García Barcha, filho de García Márquez, anunciou o desenvolvimento de uma série para a Netflix com o lançamento previsto para 2020, mas a produção sofreu atrasos e novas informações não foram mais divulgadas.

Diversas inferências e conexões com a realidade podem ser estabelecidas e observadas quando uma obra tão ricamente construída como Cem Anos de Solidão é submetida a mais camadas e filtros analíticos. Enquanto acompanhava com entusiasmo a fantástica saga dos “Buendía”, simplesmente não conseguia parar de identificar as incríveis conexões do texto com conceitos da biologia evolutiva. Nesta análise, três conceitos evolucionários podem ser identificados em partes distintas da história. O primeiro, o “Efeito Fundador“, diz respeito ao estabelecimento de uma nova população em um determinado local a partir de poucos indivíduos que antes faziam parte de uma população original maior. Na narrativa, isso pode ser percebido logo nos primeiros capítulos, quando um pequeno grupo de pessoas saem de sua cidade natal e, depois de uma grande jornada, fundam uma nova cidade (população)- Macondo. Em seguida, temos o “Gargalo Genético“, cuja definição é simplesmente uma diminuição abrupta no tamanho efetivo de uma população por conta, por exemplo, de catástrofes naturais. Esse evento pode ser notado quando Macondo é assolada por uma chuva torrencial extrema que perdura por anos e, que no final, acaba levando inúmeras vidas e deixando a cidade em destroços.

Finalizando, um tema presente desde o início mas que culmina no ato final da história, é a “Endogamia“, ou seja, a reprodução entre indivíduos que são aparentados geneticamente. Esse modelo de cruzamento pode levar a anomalias genéticas o que, no livro, é representado pelo nascimento de um menino com rabo de porco, fruto de mais um romance entre primos da família. Dessa forma, os avisos iniciais dados pela mãe de Úrsula, esposa de José Arcadio, acerca dos perigos do relacionamento entre familiares foram desacreditados com o passar das gerações mas, no último da estirpe, a previsão feita cem anos antes finalmente se materializou. Além da editora Record, o livro também foi editado no Brasil pela Biblioteca Folha e Editora Globo.
Eu sou Juliana “Supertramp” Diniz, e agora te convido a expandir sua mente e contemplar a ciência que eu vi em “Cem Anos de Solidão“.
Música: The Great Gig in the Sky- Pink Floyd (The Dark Side of the Moon)