Adilson Carvalho

Confesso que me decepcionei com o encerramento de Round 6 (Squid Game). Sei que a série foi marcada por uma violência onipresente, mas também um tom crítico sobre a natureza humana e a ambição como fio condutor da jornada de Gi-Jun (Lee Jung-jae), que de azarão nos jogos mortais passou a grande vencedor da primeira temporada e a vingador incansável na segunda temporada. A terceira temporada lançada na Netflix, na última sexta (27/06) concluiu a série em um tom bastante sombrio, mas não fez evoluir personagens e história, criando expectativas que não são cumpridas à medida que os episódios finais avançam. O detetive Jun-ho (Wi Ha Joon) não consegue encerrar os jogos, nem mesmo fazer um estrago na operação. Durante a temporada demora a descobrir a traição do capitão Park (Oh Dal su) e nem chega perto de ficar frente a frente do misterioso líder (Lee Bying hun). Este, aliás, só tem um momento breve em que se revela para Gi hun, mas sem o impacto prometido. Os próprios jogos terminaram mal para 99,56% dos jogadores envolvidos. Das 456 pessoas que participaram do jogo, apenas duas sobreviveram. Uma foi o Jogador 256 (que foi discretamente resgatado pelo simpático guarda Kang No-eul) e a outra foi o Jogador 222, um lindo bebê de CGI. O suicídio de alguns personagens intensifica a carnificina mas não tem efeito dramático melhor do que um clichê de mal gosto. Até mesmo nosso personagem principal, Gi-hun (Lee Jung-jae), não movimenta a narrativa e seu sacrifício final, para salvar a vida do bebê 222, é antí clímax não funcional entregando um final sombrio e desconfortável. O showrunner Hwang Dong-hyuk explicou em uma entrevista recente, que inicialmente pensava em manter Gi-Hun vivo durante toda a série, mas desistiu por achar que a morte de Gi jun estava mais em sintonia com os tempos atuais. Essa falta de esperança na ficção é justamente o que comprometeu o final da série sul-coreana e nos faz lamentar que a arte esteja imitando justamente aquilo que não deveria, que o homem parou de acreditar, parou de ter esperança.