HQ TERRITORIO NEUTRO  | GRANDES ASTROS SUPERMAN

Por Leandro “Leo” Banner

A maxissérie ALL-STAR SUPERMAN #1-12 saiu originalmente nos Estados Unidos entre 2006 e 2008, magistralmente escrita por GRANT MORRISON, com desenhos de FRANK QUITELY e arte-final de JAMIE GRANT, que também se encarregou da colorização da obra. Saiu no Brasil pela primeira vez no formato de 12 edições avulsas sob o título GRANDES ASTROS: SUPERMAN e depois numa bela e caprichada Edição Definitiva reunindo toda a saga pela editora Panini Comics Brasil em 2012, que ainda se encontra em reedições regulares nos dias atuais, que também contam com uma fantástica EDIÇÃO ABSOLUTA em formato diferenciado e uma nova edição atual no chamado formato “pocket”.
Trata-se de uma história autocontida do Superman que reúne, senão todos, a grande maioria dos principais conceitos e ideias ao longo das Eras de Ouro, Prata e Bronze no período de quase 70 anos de criação do personagem, na época que a história fora originalmente concebida e publicada. Cada história tem início, meio e fim, mas todas servem para compor a trama principal que se estende ao longo das 12 edições que constituem a obra, e a primeira parte da história já começa com o Superman se lançando ao sol para salvar a tripulação da nave Ray Bradbury, comandada pelo excêntrico cientista Leo Quintum. No entanto, a sabotagem da nave acaba se revelando uma artimanha de Lex Luthor, aqui retratado como o cientista megalomaníaco das Eras de Ouro, Prata e Bronze, que, ao constatar seu próprio envelhecimento, resolve expor o Superman a uma maciça exposição à radiação do sol a fim de sobrecarregar suas células que funcionam como verdadeiras baterias solares. Vale ressaltar, no entanto, que a despeito da caracterização de antigamente, Luthor não chega a ser ridículo nem caricato, trazendo uma crueldade que passou a ser mais evidente no personagem a partir de meados da década de 1970. O Superman aqui retratado também guarda relação com o ultra poderoso semideus pré-Crise Nas Infinitas Terras, contendo ainda que de forma comedida, alguns elementos mais modernos, mas retoma em alguma medida a ideia de Clark Kent ser o disfarce do Superman.


Continuando a história, depois do resgate da nave, Leo Quintum submete o Superman a uma série de minuciosos exames e conclui que o envenenamento pela exposição à radiação solar é fatal e sem chance de reversão. Ciente dos poucos meses que lhe restam de vida, Superman decide resolver seus assuntos pendentes antes do momento decisivo. Para começar, ao final desse primeiro capítulo, Clark decide revelar para Lois o segredo de sua dupla identidade.
Iniciando a segunda parte, Lois, mesmo depois de anos suspeitando de que Clark era o Superman, no momento da revelação, simplesmente não consegue acreditar e acha que tudo não passa de uma armação entre Clark e Superman. Um dos absurdos da Era de Prata sobre a dupla identidade do Homem de Aço levados ao extremo por Grant Morrison, que resulta numa patacoada divertida envolvendo vários outros conceitos surreais como a chave da Fortaleza da Solidão (que ao invés de ser uma enorme chave pesando toneladas, aqui se mostra como uma chave de tamanho normal com uma densidade tamanha que a faz pesar quintilhões de toneladas) e a concessão dos poderes do Superman a Lois Lane por um dia como presente de aniversário para a repórter, que tem a oportunidade de ser a Superwoman.
Duas outras grandes histórias que chamam bastante a atenção são a história em que Clark Kent vai entrevistar Lex Luthor na prisão e se depara com uma rebelião de malfeitores que pretendem antecipar a pena de morte do cientista… a forma como Clark lida com a situação sem se revelar é sensacional, com uma tremenda aula de domínio da narrativa de Frank Quitely, que entrega cenas fantásticas com a suposta inabilidade de Kent, que salva a vida de Luthor em diversos momentos; a outra história que traz bons momentos envolve viagem no tempo e se dá no ano em que Jonathan Kent – pai terreno de Clark Kent – contrata empregados extras para ajudar na colheita da fazenda. O que há por trás desses empregados é o grande destaque dessa bela história.
Superman segue tentando acertar os assuntos pendentes de sua vida, como por exemplo, restaurar o tamanho da cidade engarrafada de Kandor, a iminente colisão do planeta quadrado de Bizarro com a Terra e o surgimento de um Bizarro “defeituoso”, responder a pergunta irrespondível (quer saber qual??? Leia a história!!!😝😝😝), encontrar um meio de compatibilizar seu gene kryptoniano com o gene humano de Lois Lane e enfrentar seu arqui-inimigo num último e derradeiro confronto que vai decidir não apenas o destino do Homem de Aço, mas também o de todo o planeta Terra.
Uma história com ótimos momentos e inúmeras referências a vários pontos da vida editorial do personagem, com Grant Morrison prestando um belíssimo tributo ao Homem de Aço. Os absurdos levados ao extremo se encaixam perfeitamente na narrativa, que tem um texto fluido e ágil, com a característica competência de Morrison em nos brindar com histórias acima da média.
Os desenhos de Frank Quitely (e a arte-final de Jamie Grant) entregam cenas impactantes e sequências de tirar o fôlego, com destaque para as caracterizações de Clark Kent e Superman, em que o desenhista faz questão de retratar Kent como um desleixado com as costas curvadas e cabelos desgrenhados, enquanto que o Superman sempre aparece altivo, com penteado impecável, compleição física proeminente e postura ereta e majestosa. Único ponto desagradável (para este que vos fala, claro) é a capa minúscula do uniforme desenhada por Quitely, que, além de ridícula, parece menor que uma toalha de banho. As cores – também de Jamie Grant – realçam planos abertos com belas paisagens ao mesmo tempo que transmitem o paroxismo de explosões e a intensidade de altos impactos.
Certamente merece figurar no rol de melhores histórias do Superman.

Vida longa e próspera e até a próxima!🖖🏻

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