Por Adilson Carvalho

Depois das insatisfações de Christopher Reeve com Superman III (1983), o ator estava disposto a se distanciar do papel em favor de se mostrar um intérprete maior que o papel de último filho de Krypton, chegando a se recusar a fazer aparição no filme Supergirl (1984) produzido pelos Irmãos Alexander & Ilya Salking, detentores dos direitos do personagem em uma época em que a Warner, embora já fosse dona da DC Comics, apenas distribuía os filmes do herói. Supergirl, estrelado por Helen Slater, foi um fracasso de bilheteria e os irmãos Salking acabaram com isso vendendo os direitos do personagem para a produtora Cannon, dos primos Menahem Golem e Yaram Globus, especialistas em produzir filmes de baixo orçamento. Claro que para que um quarto filme desse certo era necessário trazer Christopher Reeve para o projeto, o que só foi conseguido porque o ator exigiu co-escrever o roteiro além de que o estúdio deveria financiar o filme Malandro de Rua (Street Smart), projeto que o ator há algum tempo desenvolvia. A Cannon tentou trazer Richard Donner para dirigir mas este estava envolvido com Máquina Mortífera (Lethal Weapon), em seguida foi a vez de Richard Lester ser convidado, mas este também recusou-se. Não foi diferente quando o estúdio quase contratou Wes Craven (A Hora do Pesadelo), mas haviam muitas diferenças criativas com Reeve. Assim, o estúdio contratou Sidney J. Furie, de Águia de Aço (1985), que se indispunha com Christopher Reeve durante todo o tempo de filmagem. Margot Kidder também teve alguns desentendimentos com Reeve O filme foi muito prejudicado pelo orçamento irrisório de meros US$ 17 milhões, depois de um orçamento original do filme de US$ 36 milhões.

Os cineastas cortaram gastos fazendo coisas como reutilizar efeitos especiais e usar o recurso de back-projection bem mal feito na tentativa de reproduzir o vôo romântico de Lois e Clark. A principio o roteiro incluia a introdução do vilão Bizarro, que seria interpretado pelo próprio Christopher Reeve até que, para economizar na maquiagem e no truque de cena de fazer Reeve interpretar dois papeis, os produtores criaram o Homem-Nuclear (o novato Mark Pillow). A história de que o Planeta Diário é comprado por um grupo corporativo seria como nos quadrinhos do início dos anos 70 quando o Grupo Galáxia de Transmissão comprou o Planeta Diário fazendo o empresário Morgan Edge, o novo editor chefe. No filme as características de Edge foram base para o personagem David Warfield (Sam Wanamaker). Na história de Superman IV Em Busca da Paz (Superman IV The Quest for Peace) Lex Luthor foge da prisão com ajuda de seu sobrinho Lenny (Jon Cryer) é de posse de um fio de cabelo do Superman, cria o Homem Nuclear, um poderoso ser capaz de matar o Superman, justamente quando o Homem de Aço decidiu erradicar as armas nucleares do planeta. O roteiro de Reeve se baseia na premissa de que um ser com os poderes do Superman certamente interferiria em questões internacionais. Um dos pontos melhores do filme é a presença de Lacy Warfield (Mariel Hemingway), que se apaixona por Clark e faz tudo para conquista-lo e não dá a mínima para o Superman. A sequência em que Clark usa de supervelocidade para se encontrar com Lois e Lacy ao mesmo tempo é bem curiosa. Apesar da volta de Gene Hackman como antagonista e das boas intenções de Reeve o filme teve um péssimo impacto junto à crítica e ao público. Christopher Reeve disse certa vez em entrevista “Quanto menos falar de Superman IV melhor“. Lamentável pois o ator merecia um canto do cisne melhor para o papel que criou e se do até hoje por isso o melhor Superman das telas.