CICLO STALLONE |  RAMBO

Por Adilson Carvalho

Uma das imagens mais icônicas dos anos 80 é a figura de Sylvester Stallone amarrando uma bandana na testa e empunhando uma metralhadora, protótipo do exército de um homem só. Hoje 41 anos desde o lançamento de Rambo – Programado Para Matar (First Blood), dirigido por Ted Kotcheff, ainda mantem o impacto de ser um dos melhores filmes de ação, além de tocar na ferida aberta da reintegração dos veteranos de guerra à sociedade, enfrentando preconceito e violência. Na época, o ator reescreveu o roteiro, que já havia sido refeito 26 vezes a partir do livro de David Morell, publicado originalmente em 1972.

O personagem do livro, no entanto, era um anti-herói, anti-social e paranóico, fruto da guerra do Vietnã, cujo primeiro nome sequer é mencionado. Um animal descontrolado sem qualquer semelhança com o físico ou o rosto de Stallone, que no filme faz de tudo para não matar ninguém. Também no livro não há a forte amizade entre Rambo (Stallone) e o Coronel Samuel Trauttman (Richard Creena); este, segundo o autor incorpora o próprio Tio Sam enviando seu patriótico soldado para o inferno em nome de uma boa causa.

Bo Gritz, o verdadeiro Rambo

O que poucas pessoas conhecem é a história de James Gordon, ou Bo Gritz, o capitão das forças especiais foi uma inspiração para que David Morrell criasse o Rambo. Muitos dos episódios contados nos filmes e nos livros, aconteceram com Griz enquanto ele estava na guerra. O retorno dos veteranos ao lar mostrou-se uma caixa de traumas, tal como Pandora, aberta em sua reintegração ao país que serviram. Vários filmes mostravam esse calvário como “Amargo Regresso” (1978) e “O Franco Atirador” (1978), mas foi Rambo com sua rebeldia quem deu ao tema uma nova dimensão de popularidade, sobrevivendo à perseguição de toda uma cidade. O final do filme também foi mudado que no livro Rambo é morto, sacrificado por Trauttman tal como Frankenstein e seu monstro, criador e criatura de um passado que não se deseja lembrar. Stallone e Richard Creena assumiram os papeis inicialmente pensados para Al Pacino e Kirk Douglas. Foi Stallone quem recriou o personagem de forma que este pudesse retornar em sequências. De lá pra cá foram quatro continuações Rambo II: A Missão (1986), Rambo III (1988), Rambo IV (2008) e Rambo : Até o Fim (2019), mas nenhuma delas tão boa quanto o primeiro.

Foi a partir do segundo filme, co-escrito por Stallone e James Cameron que John Rambo assumiu uma aura de super herói imbatível, símbolo perfeito do ufanismo do governo Reagan. O realismo do primeiro filme foi trocado pela fantasia do exército de um homem só, que retorna ao Vietnã para ganhar a guerra perdida antes. Rambo 2 – A Missão (1985) foi um grande sucesso de bilheteria arrecadando cerca de US$ 300 milhões para um orçamento de US$25,5 milhões. Os produtores do filme achavam que o filme seria mais lucrativo se Rambo obtivesse um parceiro, que seria interpretado por John Travolta, mas Stallone não aprovou a ideia. Em vez de Travolta, Rambo ganha a ajuda da vietnamita Co Bao (Julia Nickson) para resgatar prisioneiros de guerra americanos. Considerado o filme mais violento já produzido, com um total de 221 atos de violência e 108 mortes, Rambo 3 (1988) coloca o super soldado em luta contra os soviéticos durante a invasão do Afeganistão, onde o Col. Trautman (Richard Creena) está sendo mantido como refém. Foram necessários 20 anos para que Stallone voltasse ao personagem em Rambo IV (2008). Agora um grupo de missionários precisa passar por um caminho perigoso até um campo de refugiados, onde pretendem entregar suprimentos médicos e comida. O capítulo final viria com Rambo – Até o Fim (2019) onde ele vive recluso em um rancho até que uma jovem de uma família amiga é sequestrada, Rambo parte em seu resgate e confronta um perigoso cartel mexicano de escravas brancas.

No próximo artigo teremos o crime como um doença e a cura se chama Cobra.

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