OFF – TOPIC : RELICÁRIOS DA RÁDIO VINTAGE |A REVISTA MAD

Releitura dos artigos publicados no site da extinta Rádio Vintage

por Sérgio Cortêz

Quadrinhos Vintage: A Revista Mad

Muitos vêem as décadas de 1970 e 1980 como um grande legado de maquiagens carregadas, penteados no estilo “mullet”, planos econômicos furados e seriados de TV. Mas, apesar das esquisitices e problemas socioeconômicos, existiam também nessa época danceterias icônicas, boates da pesada, boas bandas de rock nacional e, claro, a Revista MAD. Criada em 1952 pelos norte-americanos Harvey Kurtzman e Willian Gaines e publicada em diversos países, a Mad sempre primou pelo humor escrachado e sem freios que desfilava nas paródias de filmes e enlatados “made in USA”, nos quadrinhos Spy X Spy, nas seções de cartas, respostas cretinas para perguntas imbecis e expressões ao pé da letra, além da capa final que, quando dobrada, formava engenhosamente uma ilustração. No Brasil chegou a apresentar paródias de novelas e programas de TV tupiniquins, sem perder um de seus traços marcantes: a preocupação em não deixar espaços em branco, o que levava os ilustrados a preencher os fundos dos desenhos com piadas visuais, gags e outras referências. De 1952 até 2018, foram 550 edições regulares publicadas, bem como centenas de reimpressões e outros projetos de impressão. A numeração da revista teve a numeração zerada com a edição de junho de 2018, coincidindo com a mudança da sede da revista para a Costa Oeste americana. Em 3 de julho de 2019 foi anunciado que a Mad não seria mais vendida nas bancas até ao final do ano; além disso, além de um número especial de fim de ano, as edições futuras não mais apresentariam novos conteúdos, com a revista confiando no conteúdo clássico da história de 67 anos da publicação.

No Brasil, MAD começou a ser publicada em 1974 pela extinta Editora Vecchi, já com o cartunista Otacílio D’Assunção (o Ota) à frente de seu editorial. Com a falência da Vecchi nos anos 80, a revista passou pelas editoras Record, Mythos e Panini – que a manteve nas bancas até seu cancelamento, em 2017. Nos Estados Unidos, MAD chegou a ser proibida e investigada pelo FBI sob a acusação de contribuir para a delinqüência juvenil – tanto melhor para o esquisitíssimo Alfred E. Newman, o garoto-propaganda da revista, que agradeceu a promoção gratuita obtida a partir de então! Foram muito marcantes as várias paródias de filmes e séries de TV que ganhavam destaques na MAD, como Tubarão ( Mad #180, janeiro de 1980), Rocky – Um Lutador (Mad #194, outubro de 1977), E. T : O Extraterrestre (Mad #236, janeiro de 1983) e muito mais. As edições nacionais não faziam concessões à nada e guardavam divertidas farpas para o Plano Cruzado (Mad #22, agosto de 1986, Ed. Record), a rivalidade Xuxa vs. Angelica (Mad #59, dezembro de 1989, Ed. Record), o ex presidente Collor (Mad #83, abril de 1992, Ed. Record) e o programa do Gugu (Mad #143, setembro de 1993, Ed. Record) entre tantas outras sátiras hilárias de um humor anárquico, demolidor e politicamente incorreto, que deixou uma lacuna no humor inteligente tão raro atualmente.

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