Por Adilson Carvalho

Se estivesse vivo, meu ídolo Robin McLaurin Williams (1951-2014) estaria fazendo hoje 75 anos. Ator e comediante na profissão, mas alienígena, médico, professor, robô, mendigo, babá e outros na ficção, tudo quase perfeito se a perfeição fosse seu desejo. Robin fez das imperfeições humanas motivos para risos e lágrimas que esse canceriano sabia como ninguém provocar em todos. Quando Steven Spielberg estava filmando A Lista de Schindler (Schindler’s List), 1994, notou que o elenco e a equipe passavam por momentos extremamente depressivos. A pedidos do diretor, Robin telefonou ao estúdio, e com sua voz nos alto falantes contou uma piada após a outra, elevando o estado de espírito de todos os presentes. O próprio Spielberg já havia observado que Williams era uma criança grande ao lhe entregar o papel de Peter Pan em Hook – A Volta do Capitão Gancho (1991). E assim também Francis Ford Coppola percebeu ao escalá-lo para “Jack” (1996) como uma criança com distúrbio de crescimento que o faz envelhecer rápido fisicamente, mas mantendo a mente infantil.

Robin conseguiu sua primeira indicação ao Oscar pelo papel de Adrian Cronauer em Bom Dia, Vietnam” da Disney/Touchstone (1985) e em 1992 foi premiado no Globo de Ouro por sua performance vocal como o Gênio em Aladim , mas apesar de todo o sucesso, Robin Williams teve um grande aborrecimento com o estúdio quando fez um acordo optando pelo pagamento-padrão do Screen Actors Guild (o sindicato dos atores americanos), 75 mil dólares, com a condição de que seu nome e sua imagem não fossem usados para marketing, e que seu personagem não ocuparia mais de 25% do espaço da arte feita para promover o filme, já que seu filme A Revolta dos Brinquedos (Toys) seria lançada um mês após a estreia de Aladdin, e o ator não desejava ter uma super exposição na mídia. O estúdio, no entanto, acabou não cumprindo ambas as condições, especialmente na questão do pôster oficial do filme, no qual o Gênio ocupava mais de 25% da imagem, com outros personagens tanto principais quanto coadjuvantes retratados de maneira consideravelmente menor.

Robin estudou artes dramáticas na tradicional Julliard School, junto com Christopher Reeve (Superman) e criou-se uma amizade que se seguiria por toda a vida com Williams sendo escolhido para padrinho do filho de Reeve. Foi também Robin quem arrancou o primeiro riso depois do terrível acidente que vitimou o ex Superman deixando-o paraplégico para o resto da vida. Robin o visitou no hospital, vestido de médico e anunciando um inconveniente “exame de próstata”. Robin era assim uma força vital, e não à toa foi o primeiro a me fazer chorar em uma sessão de cinema ao assistir Sociedade dos Poetas Mortos (1989) no qual recitava Walt Whitman e Henry David Thoreau, autores que eu estudava na faculdade, mas que ganhavam maior profundidade graças ao clamor de Carpe Diem proferido pelo personagem do professor John Keating. O que vinha de Williams era uma intensidade histriônica incontrolável e contagiante capaz de transformas risos em lágrimas e lágrimas em risos como o Daniel Hillard de Uma Babá Quase Perfeita (1992) ou o premiado Dr. Hunter Addams em Patch Addams (1998). Mas Robin mostrou se capaz de compor tipos mais contidos e retraídos emocionalmente como o Dr. Malcom Sayer de Tempo de Despertar (1990) e o psicólogo Dr. Sean Maguire no maravilhoso Gênio Indomável (1997), papel que lhe deu o Oscar de melhor ator coadjuvante. Partindo para papeis mais ameaçadores, Robin fez um assassino serial em Insônia, segundo filme de Christopher Nolan e uma psicótico em Retratos de uma Obsessão, indicado a vários prêmios, ambos aos filmes em 2002.

Não apenas no cinema, mas também a Tv foi palco de seu talento como na sitcom Mork & Mindy (1978-1982) na qual interpretava um alienígena. No teste para o papel, Williams sentou-se de cabeça para baixo em uma poltrona para a entrevista. O diretor de elenco disse que escolheu Robin porque ele foi o único alienígena que apareceu para o teste. Sua vida foi rica, movimentada, a tocou cada um nós, foi meu Popeye, meu melhor amigo e um exemplo a seguir. Nesta data, muito obrigado Robin, “Nanu Nanu” !!
De hoje ao último dia de julho vamos revisitar alguns dos filmes estrelados por Robin Williams