HQ | QUARTETO FANTÁSTICO – AS MELHORES HISTÓRIAS

Por Adilson Carvalho

Stan Lee (1922 -2018) não criou sozinho os heróis Marvel, mas é perfeitamente justo dizer que sua mente pulsante e criativa, ao lado de nomes como Steve Dikto, Jack Kirby entre outros foi essencial para o surgimento desse universo fascinante que há gerações tem sido parte da cultura pop. Com 18 anos; o nova iorquino Stanley Martin Lieber, nascido em 28 de dezembro de 1922, começou a trabalhar para Martin Goodman, dono da Timely Comics. Depois de uma infância pobre alimentado pelos clássicos livros de Conan Doyle, Jules Verne, Edgar Rice Burroughs, Alexandre Dumas, Stan desenvolveu uma imaginação fértil, sonhando em ser um escritor. O trabalho na Timely, a editora que décadas mais tarde seria a Marvel Comics, era um meio de sobrevivência. Começando como assistente de Joe Simon & Jack Kirby, pouco depois já estava escrevendo pequenos textos para Captain America #3, na historia “Captain America Foils the Traitor’s Revenge” (Maio 1941) assinando pela primeira vez como Stan Lee. Foram praticamente 20 anos até a Timely, rebatizada Atlas, e depois rebatizada Marvel, pedisse que Stan Lee criasse algo novo que atraísse a atenção dos leitores de hqs, seguindo a linha de Liga da Justiça, título da concorrente DC comics, grande sucesso de vendas. Lee estava desiludido com o material que editava, e alimentava o sonho de ser levado a sério como escritor. Assim, sem grandes pretensões e depois de aconselhado por sua esposa, Lee trabalhou com Jack Kirby no conceito de um grupo de super heróis que também é uma família.

Quarteto Fantástico enfrenta Dr. Destino, o Homem Impossível e Namor (Stan Lee & Jack Kirby)

Em agosto de 1961, ano de publicação de Fantastic Four #1, a corrida espacial e a guerra fria alimentavam a imaginação popular. A ideia de raios cósmicos que transformassem a fisiologia humana, concedendo super poderes nascera da literatura de ficção cientifica de Verne e Wells. Pouco se sabia cientificamente e muito se imaginava. Lee, assim, nos apresentou ao gênio científico Dr. Reed Richards, que embarca em um vôo espacial experimental junto de seu melhor amigo, o piloto Ben Grimm, sua noiva Susan Storm, e o irmão dela Johnny Storm. Uma vez no espaço, o foguete foi atingido por uma tempestade de radiação cósmica transformando seus corpos e lhes dado novas habilidades notáveis. Reed ganhou a habilidade de esticar seu corpo e membros adotando o nome de Sr. Fantástico, Ben ganhou forma humanóide rochosa chamando a si mesmo de Coisa, Sue tornou-se a Garota Invisível e Johnny foi capaz de gerar chamas em seu corpo, o Tocha Humana, sendo este último o mesmo nome já usado em outro herói da editora (quando ainda se chamavam Timely) que não era publicado desde 1954. O Quarteto Fantástico, no entanto, não eram meros combatentes de crime, mas exploradores científicos tal qual os Desafiadores do Desconhecido, personagens que o próprio Jack Kirby havia criado para a DC Comics em 1957.

A clássica trilogia de Galactus nas hqs e a versão para o cinema “Quarteto Fantástico & O Surfista Prateado” (2007)

Nas páginas de Quarteto Fantástico, os heróis viajavam para outras dimensões, a Zona Negativa, outros planetas, enfrentavam invasores alienígenas como os Skrulls e déspotas megalomaníacos como o Dr, Destino, mas também se viam constantemente em brigas e discussões criados a partir do choque de temperamentos ou dos sentimentos de culpa toda vez que Reed falhava em reverter Ben à sua forma humana. O arquétipo frankensteniano do Coisa o fez o mais popular personagem entre os leitores. Em suas histórias, reencontramos Namor, o príncipe submarino, também pregresso da Timely, conhecemos pela primeira vez o Pantera Negra e o reino de Wakanda, além de iniciado a ideia de universo compartilhado toda vez que o quarteto viria a dividir espaço com o Homem Aranha ou o Hulk. Stan Lee e Jack Kirby fizeram juntos 102 edições da equipe, e à medida que expandiam conceitos e ideias, estabeleceram os alicerces de todo um universo de herois. À eles se seguiram Roy Thomas, John Buscema, Marv Wolfman, Keith Pollard, John Byrne, Walt Simonson, Tom de Falco, Ron Frenz, Chris Claremont, Carlos Pacheco, Mark Waid, Mike Wieringo, Mark Millar, Jonathan Hickman entre outros.

John Byrne e algumas de suas icônicas capas.

A minha fase preferida dos personagens é a escrita e desenhada pelo canadense John Byrne, que esteve à frente do título de Fantastic Four #232 (1981) a Fantastic Four # 295 (1986). Byrne aprofundou todos os cânones estabelecidos pelos criadores Stan Lee & Jack Kirby: Elevou a Mulher Invisível (antes Garota Invisível) a membro mais poderoso da equipe; explorou Galactus não como um mero vilão cósmico, mas como uma força da natureza; confrontou Reed e Victor Von Doom em batalhas homéricas; estabeleceu os poderes de Franklin Richard, o filho de Reed & Sue; e ainda substituiu o Coisa pela Mulher Hulk após os eventos de Guerras Secretas. Foram seis anos de histórias empolgantes que popularizavam ainda mais o quarteto para a geração anos 80.

Da esquerda para direita: As fases Walt Simonson, Mark Miller / Bryan Hitch e Mark Waid / Mike Wieringo

No final dos anos 80 e início dos anos 90, o icônico Walt Simonson, que havia sido responsável por uma das melhores fases de Thor, assumiu a revista do Quarteto Fantástico, durando de Fantastic Four #329 a #355 (1989 a 1991). Em sua fase, o autor americano se tornou o primeiro a retratar os dinossauros com penas, descoberta científica que impactaria o mundo com o livro Predatory Dinosaurs of the World de Gregory S. Paul. Também Simonson reuniu temporariamente Hulk, Motoqueiro Fantasma, Wolverine e Homem Aranha em uma nova versão da equipe com desenhos de Arthur Adams. Nos anos 2000, o escritor e desenhista Carlos Pacheco assumiu o título ficando até 2002 quando a dupla Mark Waid & Mike Wieringo manteve qualidade nas histórias levando o quarteto a novas fronteiras, incluindo a encontrar Deus, com as feições do mestre Jack Kirby. Em 2008 foi a vez da dupla Mark Millar & Brian Hitch deixar sua marca na equipe, entregando para Jonathan Hickman em 2009 e seguindo até o fim do título em 2011. Claro que em 2014, o título foi retomado mas não mais com o mesmo brilho que fez da equipe a base do Universo Marvel.

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