Adilson Carvalho

Todo mundo certamente conhece a história de como, em 1938, a voz de Orson Welles foi filtrada pelos rádios dos Estados Unidos, anunciando a invasão da Terra por criaturas extraterrestres e deixando os ouvintes em pânico (embora a escala desse pânico tenha sido questionada nos anos seguintes). Na realidade, Welles estava fazendo uma adaptação de Guerra dos Mundos (War of the Worlds), romance de 1898 de H.G. Wells, mas o formato de notícia da transmissão convenceu alguns ouvintes de que os marcianos haviam realmente chegado ao nosso planeta natal. Desde então, tivemos várias outras adaptações do clássico da ficção científica que não causaram tanto pânico, como o clássico de 1952, estrelado por Gene Barry, e o atípico sucesso de bilheteria de Steven Spielberg estrelado por Tom Cruise em 2005. Agora, no entanto, Ice Cube fez um filme de Guerra dos Mundos, que por si só deveria ter induzido um pânico tão grande quanto a transmissão de rádio não convencional de Welles. Em vez disso, parece que os espectadores não se cansam de assistir a esse filme, que, por outro lado, desanimou os críticos em geral. O filme é estrelado por Ice Cube como o analista de terror da Segurança Nacional e especialista em vigilância Will Radford, um homem que aparentemente tem muito tempo livre, pois passa a maior parte do seu turno vigiando seus próprios filhos e repreendendo-os por jogarem videogame e não terem uma alimentação tão saudável quanto ele gostaria. Logo, porém, começa a invasão alienígena, que, em vez de testemunharmos em toda a glória em 4K que uma adaptação moderna pode oferecer, vemos por meio de clipes em baixa resolução tirados por cidadãos comuns apontando seus telefones para a carnificina em andamento. Sim, a nova versão, que chegou à Prime Video, se passa todo no computador de mesa de Ice Cube (o filme foi filmado durante a pandemia). No entanto, os críticos massacraram essa nova versão, que parece estar agradando aos assinantes da Prime Video.