CLASSICO NACIONAL |  CARLOTTA JOAQUINA ⭐⭐⭐⭐

Adilson Carvalho

A extinção da Embrafilme, estatal responsável pela produção, financiamento e distribuição de filmes brasileiros, foi um golpe fatal para o cinema brasileiro em 1990. Cinco anos depois a cultura cinematográfica renasceu com a retomada iniciada com o lançamento de Carlota Joaquina, Princesa do Brasil. Dirigido por Carla Camurati, o filme dá protagonismo à figura da esposa de D. João VI, Rainha Consorte de Portugal e Algarves, de 1816 até 1826, além de Rainha Consorte do Brasil de 1816 até 1822, e também Imperatriz Titular do Brasil. Contudo, o roteiro de Carla Camurati, Melanie Dimantas e Angus Mitchell troca a romantização histórica pela sátira com atuação magistral de Marieta Severo no papel principal.

A morte do rei de Portugal D. José I de Bragança (Marco Nanini), em 1777, e a declaração de insanidade da rainha Dona Maria I (Maria Fernanda), em 1792, levam seu filho, o então príncipe D. João de Bragança e sua esposa, Carlota Joaquina (Marieta Severo), ao trono real português. Em 1807, para escapar das tropas napoleônicas que invadiam Portugal, o casal e a corte transferem-se às pressas para o Rio de Janeiro, onde a família real e grande parte da nobreza portuguesa vive exilada por 13 anos. Na colônia aumentam os desentendimentos entre Carlota e D. João, que após a morte da mãe. O elenco fabuloso ainda reúne Marcos Palmeira, Beth Goulart, Ney Latorraca, Antonio Abujamra, Vera Holtz, Maria Ceiça, Bel Kutner, Thales Pan Chacon e mais.

Com orçamento de R$500 mil reais, o filme enfrentou vários obstáculos para ser rodado. Em entrevista posterior, Carla relembra que só tinha dinheiro para filmar uma semana por vez , sendo rodado ao longo de seis meses. Quando o dinheiro acabava, ela fazia reuniões com empresas privadas para mostrar o material que havia filmado, e recomeçava a filmagem depois de conseguir um novo patrocínio. Apesar de vários ataques ao filme acusado de inconsistência histórica, a diretora anunciou ter usado três fontes históricas para sustentar o roteiro. Assim como Ainda Estou Aqui de Walter Salles, o filme de Carla Camurati foi de grande importância por desafiar os negacionistas da história e de mostrar que o humor é a essência de revisitar o passado com a luz do presente. O filme completa 30 anos e para comemorar será relançado em vários cinemas do país no segundo semestre.

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