Adilson Carvalho

A franquia Alien tem se desenrolado exclusivamente nas telonas desde que Ridley Scott estreou seu filme original em 1979, mas tudo isso está prestes a mudar com a chegada de Alien: Terra (Alien: Earth) na Disney +. Não só a propriedade está mudando de mídia pela primeira vez, como também está adicionando uma nova voz criativa à disputa, com Noah Hawley assumindo as rédeas do que promete ser uma das adições mais ousadas ao cânone da franquia até agora. O lançamento desta série, no entanto, levanta uma questão urgente para todos os espectadores de Alien. A quadrilogia inicial exclusivamente a trajetória de Ellen Ripley (e sua clone), interpretada por Sigourney Weaver, que foi sem dúvida a heroína cinematográfica mais azarada de todos os tempos, pois enfrentou os mortais Xenomorfos repetidas vezes. No entanto, os filmes prequelas de Scott, Prometheus (2012) e Alien: Covenant (2017) adotaram uma abordagem muito diferente, focando no vilão androide David (Michael Fassbender) e seus esforços cada vez mais distorcidos para criar o organismo perfeito como o conhecemos. O filme mais recente, Alien: Romulus (2024), finalmente rompeu com a tradição e se concentrou em um novo grupo de personagens. Então, onde se encaixa Alien: Terra nesse amplo espectro e quanto conhecimento prévio é necessário para aproveitar plenamente esta nova série? Trazendo a ação para a Terra, lembramos que no final de Alien: Ressurreição (Alien: Ressurrection, 1998) o clone de Ripley e os demais sobreviventes chegaram ao nosso planeta em ruínas. Então como Alien: Terra se encaixa no rumo da história ? A premissa desta série prequela envolve uma nave de pesquisa espacial — que contém todos os tipos de horrores extraterrestres com os quais a humanidade nunca deveria ter se cruzado — que se encontra em rota de colisão com a Terra.

Não é spoiler revelar que a nave acaba colidindo com nosso planeta natal, embora a maneira como isso acaba se desenrolando provavelmente desafie as expectativas. No centro de todo esse caos está o Xenomorfo e seu ciclo de vida parasitário. Embora isso seja geralmente explicado nos primeiros episódios de Alien: Terra, para o benefício daqueles que talvez não tenham assistido aos filmes, a série opera sob a suposição de que o público já tem uma ampla compreensão do que acontece. Os Xenomorfos adultos representam a maior ameaça, é claro, mas esse não é o único perigo que eles representam. O reconhecível ovo cilíndrico (conhecido oficialmente como Ovomorph) pode ser um dos exemplos mais infames de design de produção de todos os tempos. Isso é insignificante em comparação com o que reside dentro dele: o assustador Facehugger, semelhante a uma aranha, que se lança sobre as vítimas e as penetra invasivamente para plantar o monstruoso Chestburster (que, sim, faz exatamente o que você imagina). Por sua vez, esse estágio adolescente eventualmente dá lugar aos Xenomorfos e ao auge da evolução (ligeiramente bioengenheirada) como a conhecemos. No momento em que Alien: Terra começa, alguns dos detalhes da construção do mundo com os quais estamos familiarizados ainda não aconteceram. Por exemplo, temos o conglomerado sem rosto conhecido como Weyland-Yutani, uma corporação que basicamente governa toda a humanidade e seus esforços de colonização pelo espaço interestelar. Essa visão profundamente cínica e distópica do futuro é parte integrante dos temas da franquia, em que as empresas capitalistas desumanizam e, muitas vezes, até mesmo descartam os trabalhadores braçais que fazem o trabalho. Quando o primeiro episódio da série começa, ambientado no ano de 2120 (apenas dois anos antes do filme original de Scott), um texto inicial estabelece que a Terra é governada por várias entidades empresariais que disputam a supremacia. Operando como nações soberanas independentes, cada uma delas conquistou seu próprio território e fronteiras em todo o mundo. A nave espacial que cai e dá início a tudo pertence à Weyland-Yutani, é claro, mas também tem a infelicidade de pousar em uma cidade controlada por uma empresa rival chamada Prodigy. Sabemos pelos vários filmes da franquia Alien que a Weyland-Yutani acabará saindo vitoriosa, então será que esta temporada (ou temporadas futuras) de Alien: Terra começará a preparar o terreno para que essa conquista aconteça? De qualquer forma, parte do atrativo para os fãs hardcore será a ideia de descobrir mais detalhes sobre a empresa responsável por (verifica notas) basicamente todas as coisas ruins que acontecem em toda a franquia Alien.

Os sintéticos ainda desempenham um papel importante em Alien: Terra, seguindo os passos de personagens anteriores como Ash, interpretado por Ian Holm em 1979 e Bishop, interpretado por Lance Henriksen no filme de 1986, não esquecendo David, interpretado por Michael Fassbender… mas com uma reviravolta fascinante. O criador Noah Hawley mantém o padrão bem estabelecido de apresentar personagens sintéticos que recebem ordens de seus senhores corporativos, como melhor exemplificado por Kirsh, interpretado por Timothy Olyphant, mas ele também adiciona algumas reviravoltas fascinantes para nós lidarmos. Veja a protagonista da série, Wendy, interpretada por Sydney Chandler. Na verdade, uma criança com doença terminal cuja consciência foi transferida para o corpo de um sintético, seu status incomum como “híbrida” adiciona uma nova camada à tradição de Alien. Por último, tem Babou Ceesay como um ciborgue chamado Morrow, que é um humano com aprimoramentos robóticos. Essas três classes de seres permanecem totalmente fiéis a tudo o que lembramos dos filmes anteriores, mas é seguro dizer que Hawley tem muito em mente quando se trata do que realmente nos torna humanos. Alien: Terra chega com os dois primeiros episódios nesta quarta (06/08) no Disney +.