Adilson Carvalho

O diretor Zach Cregger acertou em cheio com Noites Brutais (Barbarian, 2022) e A Hora do Mal (Weapons, 2025), dois filmes de terror originais que deram fôlego ao gênero por diferentes motivos. O primeiro chegou aos cinemas como uma lufada de ar fresco, graças a uma combinação inteligente de subversão narrativa magistral e disposição para experimentar com a estrutura para obter maior impacto dramático. Sua obra mais recente é uma tragédia pessoal transformada em um pedaço afiado e visceral de terror, pois é o tipo de narrativa múltipla que fica na sua cabeça muito tempo depois dos créditos finais. Como comprovado por essas obras, os impulsos de Cregger como diretor são intrigantes o suficiente para gerar uma expectativa emocionante em torno de projetos futuros, e é por isso que todo mundo está animado com sua versão da amada franquia Resident Evil. O legado dos jogos da franquia continua sem precedentes. Apesar da divertida, mas cada vez mais frustrante (e cheia de artifícios) série de filmes de Paul W.S. Anderson, a nova adaptação vem causando expectativa entre os fãs. Em que medida a nova história seguirá a tradição estabelecida dos jogos? A resposta a esta pergunta é um pouco complicada, uma vez que a abordagem de Cregger à franquia tem origem no seu amor pela escrita de roteiros originais, que podem não se assemelhar a nada do que aconteceu nos jogos. Cregger decidiu omitir personagens clássicos de sua adaptação, o que pode suscitar respostas divididas instintivamente, mas ele tem um motivo válido para isso. Afinal, alguém como Leon Kennedy já foi bem desenvolvido na franquia (e, devo acrescentar, de forma notável), a ponto de estarmos intimamente cientes da evolução das perspectivas de Leon e do motivo pelo qual ele é assim. O mesmo pode ser dito sobre personagens icônicos como Jill Valentine ou Albert Wesker, e é por isso que Cregger optou por criar personagens que nunca conhecemos antes, pois isso representa uma oportunidade genuína de criar uma história com novos desafios. Embora seja uma manobra arriscada, é um risco que vale a pena correr, especialmente com alguém tão capaz como Cregger no comando de um projeto que pode mudar a forma como vemos uma adaptação bem-sucedida de Resident Evil.