FILME DE ROMAN POLANSKI FINALMENTE É LANÇADO NOS CINEMAS AMERICANOS

Adilson Carvalho

Os funcionários do Film Forum, em Nova York, estão criticando os programadores do cinema pela exibição limitada de O Oficial & O Espião (J’Accuse, 2019), filme de Roman Polanski finalmente será exibido nos Estados Unidos depois deste e seu diretor terem sido amplamente rejeitados comercialmente devido à acusação de agressão sexual (da qual ele se declarou culpado) que levou Polanski, vencedor de um Oscar por O Pianista (2002) a fugir dos Estados Unidos há décadas. Em junho, o Film Forum anunciou que o filme estrearia em 8 de agosto para uma exibição limitada. Seria a primeira exibição do filme na América, apesar de ter ganho o Grande Prêmio do Júri em Veneza em 2019. Na segunda-feira, porém, o sindicato do Film Forum, Local 2110 UAW, divulgou uma longa declaração no X dizendo que estava “perturbado e decepcionado” com a escolha da programação. A declaração acredita que a nota de programação listada no site do cinema “não aborda com precisão a gravidade” das acusações contra Polanski. “Este apoio ao projeto alegórico de Polanski torna o Film Forum cúmplice da amnésia cultural que normaliza o abuso e impede que as vítimas de violência sexual sejam levadas a sério”, diz a declaração. Como trabalhadores e amantes do cinema, contamos com o discernimento dos nossos programadores de estreias para apresentar obras que não só reflitam a importância cultural, mas também defendam a responsabilidade ética.” A administração e os programadores do Film Forum referiram-se à sua nota de programação que diz: “Respeitamos as opiniões divergentes do nosso público e reconhecemos o debate complicado em torno da apresentação de trabalhos de artistas com histórias controversas ou problemáticas” e acrescentaram que essa declaração “se estende à nossa equipe”, tendo conversado com os funcionários antes da estreia do filme. “Entramos em contato e envolvemos a equipe diretamente com bastante antecedência da estreia de ‘O Oficial & O Espião, com espírito de abertura e responsabilidade, detalhando nosso processo de programação de forma transparente, oferecendo oportunidades para assistir ao filme e nos colocando à disposição para discutir questões ou preocupações a qualquer momento. Continuamos abertos a um diálogo produtivo e de boa fé”. O filme é estrelado por Louis Garrel no papel do capitão do exército francês Alfred Dreyfus, que na França do século XIX foi banido para a Ilha do Diabo após ser considerado culpado de traição e acusado de divulgar segredos militares para a Alemanha. Mais tarde, porém, descobriu-se que Dreyfus foi condenado por causa de sua fé judaica. Jean Dujardin interpreta o chefe da contra-espionagem francesa, Georges Picquart, que ajudou a provar a inocência de Dreyfus. Em notas à imprensa na época da estreia do filme em Veneza, Polanski disse que se identificava com o material e encontrou paralelos com sua própria carreira. “Vejo a mesma determinação em negar os fatos e me condenar por coisas que não fiz”, escreveu Polanski. “Meu trabalho não é terapia. No entanto, devo admitir que estou familiarizado com muitos dos mecanismos do aparato de perseguição mostrado no filme, e isso claramente me inspirou.” O diretor Roman Polanski não pode entrar nos Estados Unidos devido a um mandado de prisão não resolvido relacionado à condenação por relações sexuais ilegais com uma menor em 1977. Embora ele tenha sido condenado pelo crime, Polanski fugiu dos EUA antes da sentença, temendo que o acordo judicial não fosse cumprido. O filme pode ser encontrado para compra ou aluguer em plataformas digitais como a Apple TV.

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