CLASSICOS DA TV | PERDIDOS NO ESPAÇO : 60 ANOS

Adilson Carvalho

Em 1965 o homem ainda não tinha pousado na lua, e disputava a conquista espacial com os russos, que já haviam colocado Yuri Gagarin em órbita. Na ficção, ao menos, Irwim Allen colocou uma família inteira rumo ao longínquo sistema estelar de Alpha-Centauri em uma das séries mais queridas já exibidas no Brasil. Perdidos no Espaço já teve duas refilmagens, um longa em 1998 e uma série pela Netflix em 2018, mas é a tripulação do Júpiter 2 que chegou às TVs americanas em setembro de 1965 que marcou a memória afetiva de todos.

A história se passa no futuro em uma realidade hipotética situada em 16 de outubro de 1997 quando o planeta Terra sofre com a superpopulação e a única esperança de salvação é a colonização espacial. A espaçonave Júpiter 2 é preparada para levar a família Robinson, até um outro planeta para iniciar o processo de colonização O líder da missão é o Professor John Robinson (Guy Williams) acompanhado de sua esposa Maureen Robinson (June Lockhart), e seus 3 filhos, Judy (Martha Kristen), Penny (Angela Cartwright) e o prodígio Will (Billy Mumy). A bordo ainda temos o Major Don West (Mark Godard), que era o piloto da nave Jupiter 2, mas que no episódio-piloto intitulado No Place To Hide (nunca exibido no Brasil), se chama Gemini 12. Nesse episódio piloto não há ainda o Dr. SMith (Jonathan Harris) e o Robô (Bob May/Dick Tufeld) acrescentados depois. Mergulhado no clima de guerra fria, Allen foi buscar a figura de um antagonista para a família Robinson, um espião estrangeiro infiltrado que sabota a missão, levando-os a ficar à deriva. O acréscimo do Dr. Smith, no entanto, acabou agradando ao público desde sua primeira aparição em The Reluctant Stoneway, o primeiro episódio.

A primeira temporada, toda filmada em preto e branco, é uma movimentada aventura de ficção científica baseada em Swiss Family Robinson, clássico de Johann David Wyss, publicado pela primeira vez em 1812, sobre uma família suíça de imigrantes cujo navio a caminho de Port Jackson, na Austrália, sai do curso e naufraga nas Índias Orientais. Os roteiros são embebidos em similares do gênero como O Planeta Proibido (1956) e Guerras Entre Planetas (1955), com sombras da guerra fria projetadas sobre a vilania de Smith à medida que os Robinsons encontram formas de vida alienígenas. Depois dos primeiros episódios, o Jupiter 2 aterrisa em um planeta deserto ficando lá por toda a temporada. Smith atua como uma fonte de covardia e vilania cômicas, explorando a natureza eternamente clemente do Professor Robinson. No início da segunda temporada (a partir desse ponto, filmada em cores), a Jupiter 2 consertada é lançada ao espaço mais uma vez, para escapar da destruição do planeta em que estavam ilhados, após uma série de terremotos cataclísmicos. Os Robinsons aterrissam em um novo e estranho mundo, ficando novamente presos ao planeta por mais uma temporada. A partir daqui o protagonismo é definitivamente entregue ao trio Smith-Will-Robô e o humor se sobressai nos roteiros. O tema de John Williams, que futuramente ficaria conhecido no cinema (Tubarão, Indiana Jones e outros), se destaca na abertura em desenho animado, entrando para a memória afetiva de toda uma geração. Na terceira temporada, uma nova abertura com novo tema de John Williams trazendo os atores do elenco e uma mudança no formato dos episódios. Nessa temporada, a Jupiter 2 viaja livremente pelo espaço em sete episódios, visitando um planeta, mas partindo no final, ou encontrando uma aventura no espaço. Em vários episódios, eles visitam novos mundos, com aterrissagens controladas e de emergência, enquanto a família tenta retornar à Terra ou pelo menos chegar ao seu destino original no sistema Alpha Centauri. Um “Space Pod” recém-introduzido fornece um meio de transporte entre a nave e os planetas que passam, permitindo várias aventuras.

Perdidos no Espaço é lembrado pelas falas frequentemente repetidas do Robô, como “Perigo! Perigo!” ou as frequentes broncas de Smith ao Robô também eram populares. Harris tinha orgulho de falar sobre como costumava ficar na cama à noite sonhando com elas para usar no programa. “Seu paspalho!”, “Lata de Sardinha!“, ou ainda suas lamúrias e bravatas típicas: “Oh, a dor… a dor!” e ”Nada tema, com Smith não há problema” Um dos últimos papéis de Harris foi fazer a voz do louva-a-deus Manny em A Bug’s Life, da Disney, que também diz a frase “Oh, the pain … the pain!” (Oh, a dor… a dor!) perto do final do filme. A série teve 83 episódios, exibidas no Brasil pela Rede Globo, Tupi, Band, Fox, FX e, claro, na TV Channel Network, onde você consegue assistir todas as séries criadas pro Irwin Allen.

Deixe um comentário