Adilson Carvalho

Kim Novak, a estrela de Um Corpo que Cai (Vertigo, 1958), foi homenageada com um Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra na segunda-feira (1º/09) no Festival de Cinema de Veneza, onde a reclusa diva de Hollywood fez sua primeira aparição pública em décadas, desde que deixou os holofotes ainda em meados da década de 1960. Ela foi recebida com um calorosa e prolongado aplauso antes de Guillermo del Toro subir ao palco para fazer uma homenagem emocionante. Aos 92 anos, a atriz foi uma das que estrelou mais filmes com as maiores bilheterias entre o final dos anos 50 e início dos anos 60, graças a filmes agora considerados clássicos, como Férias de Amor (Picnic, 1955), de Joshua Logan, O Homem do Braço de Ouro (The Man with a Golden Arm, 1955), de Otto Preminger, Meus Dois Carinhos (Pal Joey, 1957), de George Sidney, e, é claro, Um Corpo que Cai (Vertigo, 1958), de Alfred Hitchcock, no qual ela interpreta dois personagens no papel de sua vida. Depois de listar os principais diretores com quem Novak trabalhou, del Toro destacou os aspectos de sua carreira que mais o impressionaram: “O mais impressionante é o fato de ela ser capaz de projetar fragilidade, poder e mistério. De parecer cativante, dinâmica, mítica e fenomenal. E, com todas essas performances maravilhosas e cativantes, ela sempre carregava um pouco de calor humano, um pouco de tristeza e um pouco de mistério.” Del Toro acrescentou: “Com o tempo, ela tornou suas atuações únicas. Notavelmente, ela também optou por desacelerar, fazer uma pausa no auge de seu poder e buscar realização pessoal criando cavalos e como letrista e pintora.” Em 1966, a estrela de Hollywood se afastou da atuação e se aposentou em seu rancho em Oregon para se dedicar à pintura e aos seus cavalos, trabalhando apenas esporadicamente no cinema desde então. “Meu Deus! Isso é tão bonito”, disse Novak, visivelmente emocionada. “Estou recebendo isso. Mas é como se vocês estivessem recebendo”, disse ela, gesticulando para o público. Em seguida, exclamou: “Vocês são eu!” “Em primeiro lugar, gostaria de agradecer aos deuses lá em cima. Não a um em particular. A todos eles. É uma dádiva tão grande que eles tenham esperado até o fim da minha vida [para que eu] recebesse isso”, acrescentou Novak.