Por Adilson Carvalho
Apresentação : No cinema com poesia eu estou aqui diante de uma profissional fantástica que representa atrizes como Queen Latifah, Cameron Diaz, Linda Hamilton, Kim Basinger, Demi Moore em Ghost, Julia Roberts e a lista é bem grande inclui também a Priscila da TV Colosso e a doutora Meredith de Grey’s Anatomy. Estou falando com a minha amiga, a nossa querida atriz e dubladora Mônica Rossi.

Adilson: Mônica, olá muito. É um prazer conversar com você. Vou começar a nossa entrevista pelas séries de TV que hoje em dia são muito populares no streaming. Você esteve em A Bela & A Fera no papel de Linda Hamilton, Lois & Clark dublando a Lois Lane de Teri Hatcher, esteve em Lei & Ordem : Unidade de Vítimas Especiais durante um longo tempo e vem interpretando a doutora Meredith (Ellen Pompeo) em Grey’s Anatomy que é uma série muito amada pelos seus fãs com 21 temporadas. A minha pergunta para você é: não é cansativo para o dublador um trabalho tão longo assim ?
Mônica: Pelo contrário, nada cansativo, é estimulante e essa longevidade nos ajuda mesmo quando é um trabalho que a gente não está gostando tanto de fazer, e eu já tive esse tipo de experiências, eu fui me acostumando e no final já tirava aquilo de letra. Já quando é uma série que a gente ama, aí a gente se apaixona de vez, pelo menos é o que acontece comigo aí é que eu me apaixonei e quero mais é que a série dure muitos e muitos anos como é o caso de Grey’s Anatomy que está na vigésima temporada. Quanto mais longa é mais fácil tornando porque você começa a entender o personagem, tudo se torna mais orgânico na composição do personagem.
Adilson : Como foi o início de sua carreira de dubladora ?
Mônica: Se tem um culpado nisso, esse culpado chama-se Mário Jorge porque quando eu o conheci eu não fazia ideia do que era dublagem. Eu nunca tinha parado para pensar em como eu assisti os filmes em português, e quando nós nos conhecemos, ele já era dublador. Para quem ainda não sabe eu e Mário Jorge fomos casados, e então quando nós nos conhecemos ele me falou sobre a dublagem e me levou para assistir ele dublando. Era uma época em que as pessoas dublavam juntas, mas hoje em dia cada um dubla seu personagem separadamente. Depois da pandemia veio a dublagem remota então fiquei muito maravilhada com aquilo e aí toda vez que eu podia eu ia assistir toda vez que eu tinha oportunidade ele me levava e eu ficava ali horas assistindo né aquelas pessoas maravilhosas que entrava eu ficava assim sendo todas as vozes que eu conhecia desde a minha infância. Eu frequentei os estúdios da Herbert Richers e eu posso dizer que eu aprendi a dublar observando os melhores fazendo aquilo. Quando eu acabei de fazer o teste falaram assim para mim “Ah mas você já dubla né ?” e eu nunca tinha dublado até então. Lembrando que para ser um dublador não basta ter uma voz bonita, você tem que obedecer um tempo que já existe naquilo. Nem todo ator consegue dublar. Fiz o teste assim, acertei de primeira, fiz escola de dubladores e fui contratada poucos meses depois. Estou fazendo isso há mais de 40 anos.

Adilson: Vou falar aqui de dois papéis que você fez :A Rose interpretada por Kate Winslet, em Titanic, um personagem emotivo que passa um sofrimento com toda aquela situação condenada a um casamento sem amor determinado pelas obrigações da sociedade até descobrir o amor através do personagem de Leonardo DiCaprio. Aí eu vejo você passar frieza e crueldade fazendo a Charlize Theron em Velozes e Furiosos 8 (2017), o papel de uma terrorista que joga com as pessoas como se fossem brinquedos. Lembro de uma cena em que o Vin Diesel aponta uma arma para ela e de repente vem a sua voz dizendo “Vai então, faça a sua escolha”. Da água para o vinho você sai de um romance e um drama que é o Titanic para um personagem bem cruel, sem escrúpulos da Charlize Theron. É melhor dublar os digamos vilões com ou as heroínas ou tanto faz .
Mônica: Acho que dublar as vilãs sempre é um desafio me parece um desafio maior e essas inflexões das vilãs como a Charlize em Branca de Neve e o Caçador que ela faz aquela rainha muito má e isso é muito saboroso fazer. Eu adoro fazer essas vilãs porque esse exercício de crueldade normalmente te dá um leque maior de possibilidades. As heroínas sofredoras tem cenas que você tem que buscar tudo ali no fundo da sua alma, aquela emoção né né. Vamos falar de Grey ‘s Anatomy que tem episódios que são assim terríveis no sentido de ter realmente bons de dublar tamanha carga dramática. São sabores diferentes, mas igualmente deliciosos. É como escolher sorvetes de sabores diferentes.
Adilson: Vamos voltar a falar de personagens de histórias em quadrinhos, você fez a Mulher Gato da Michelle Pfeiffer e a Lois Lane (Teri Hatcher) de Lois & Clark. Ambas tem uma energia bem diferente de personagens vilanescos mais da vida real como a terrorista de Charlize Theron em Velozes & Furiosos. Gravar um personagem de quadrinho é ou é não mais divertido ?
Mônica: O personagem pode ser interessante ou não e isso não é determinado por ser um personagem de quadrinhos. Eu não sou uma leitora de quadrinhos, mas sei que para os leitores há toda uma expectativa em torno dessas adaptações. Os fãs imaginam a voz, o rosto de quem vai atuar como um personagem. Eu gosto é de dublar, e gosto de ter dublado 98 por cento do que dublei. E realmente eu amo a minha profissão e sempre digo isso, é por isso que eu tenho muito respeito pelo meu trabalho.
Adilson: Você é muito versátil, e fez entre tantos personagens a Laura Dern de Jurassic Park – Parque dos Dinossauros (1994), Jurassic World e ainda a dublou no game da franquia. tem alguma diferença passar do live action para um game ?
Mônica: Eu não sou uma Gamer então é um universo que eu de verdade não conheço tanto. Ás vezes temos uma referência do personagem, mas muitas vezes o que temos é um guia em inglês que nem sempre é um guia definitivo, é só mesmo para orientar na questão do tempo. gravar game é como o trabalho no rádio teatro, e a gente tem que usar a imaginação para criar a voz do personagem, de poder fazer minha inflexões, minha pausa, é uma delícia. Adoraria fazer mais dublagem de games porque isso me traz lembranças do rádio teatro.
Adilson : Você já fez você também foi a voz da Carrie Fisher em dois filmes da franquia Star Wars; O Império Contra Ataca e o Retorno de Jedi. Você é fã de ficção científica ?
Mônica: Olha, é uma vergonha isso que eu vou falar mas eu não assisto tantos filmes assim, quando eu comecei a dublar eu não sei o que que aconteceu eu parei de de cinema e mesmo agora é com toda essa facilidade que a gente tem para assistir os filmes em casa Adoro essa magia do cinema eu acho incrível mas eu realmente perdi o hábito mas, de qualquer forma, ficção científica não é o meu gênero preferido, eu prefiro romance e drama.

Adilson : Você dublou dois filmes clássicos sensacionais: Olivia de Havilland em A Carga da Brigada Ligeira (1936) e a Shirley MacLaine em Se Meu Apartamento Falasse (1961). Esses filmes são retratos de Uma Hollywood que acabou né, a Hollywood clássica como nós dizemos ela está submersa em meio a um cinema reféns de franquias e sequências a minha pergunta é o cinema hollywoodiano para você é melhor que o cinema atual ou não ?
Mônica: O que eu acho é que com tecnologia ou sem tanta tecnologia continua sendo uma magia eu acho que embora muitas vezes né eu ouço, eu já ouvi algumas vezes isso que você falou né que olha já acabou que agora todo tecnologia e tal mas eu acho que o que se entrega o produto continua sendo magia então eu não consigo eu não consigo perceber essa essa diferença como eu falei eu não sou uma expert em cinema mas eu como dubladora que nem assisto né então eu não percebo essa essa mesmo entre o velho e entre o novo e o clássico de cinema
Adilson: Qual é o som que você mais gosta de ouvir?
Mônica: o som do mar
Adilson: Qual o som você menos gosta de ouvir ?
Mônica: ai são muitos Você sabe que eu descobri agora que eu sou muito chata eu não suporto tem muitos ruídos que eu não suporto por exemplo o barulho de um cadeira arrastando
Adilson: que profissão você além da sua claro eu acho que você gostaria de ter tido medicina eu queria ter sido médico eu cheguei a fazer vestibular para medicina no momento que você chegasse eu gostaria de uma resposta
Adilson: Que profissão você jamais teria em hipótese alguma Mônica
Mônica: Coveira
Adilson: que você gostaria de ouvir de Deus no momento que você chegasse ao céu ?
Mônica: Teu pai tá te esperando.