Por Adilson Carvalho

Quilombo de Cacá Diegues acompanha a luta dos escravos negros, que no século XVII, escolheram o caminho da liberdade liderados por Ganga Zumba (Tony Tornado), e depois por Zumbi (Antonio Pompeo). criando uma república livre na capitania de Pernambuco. Em seu décimo filme, Cacá Diegues construiu uma verdadeira fábrica em Xerém, chamada de Uzina Barravento, dirigida pelo cenógrafo Luis Carlos Ripper, na qual se confeccionaram todos os cenários e indumentárias utilizadas. O filme é uma obra de ficção e não um documentário, contudo o esmero da produção empregou historiadores e antropólogos para reconstituir a época com rigor. O roteiro foi baseado nos livros Ganga Zumba, de João Felício dos Santos e Palmares, de Décio de Freitas, depois de três anos de dedicada pesquisa. O elenco reunido teve grandes nomes, além de Toni Tornado e Antonio Pompeo, como Zezé Motta, Grande Otelo, Antonio Pitanga, Maurício do Valle, Jonas Bloch, Vera Fischer, Milton Gonçalves, João Nogueira (o saudoso cantor), Lea Garcia (falecida recentemente), Jofre Soares, Dona Zica, Carlos Kroeber entre outros, além de ter sido o primeiro trabalho da atriz Camila Pitanga. Na trilha sonora, um trabalho magnífico de Gilberto Gil. O filme foi indicado à Palma de Ouro em Cannes, e foi premiado no XXIV Festival de Cinema de Cartagena, na Colômbia e no Festival de Miami em 1984, ano de lançamento do filme. Um filme memorável, parte de nossa história e do trabalho fantástico de nossos atores. Um grito de liberdade a ser revisitado.