DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA | ADVINHA QUEM VEM PARA JANTAR

Paulo Telles & Adilson Carvalho

A História : Joey (Katherine Hoghton) foi criada por seus pais (Spencer Tracy & Katherine Hepburn) para ter a mente aberta, mas a situação muda quando ela chega em casa acompanhada com o Dr. John Prentice (Sidney Poitier), seu noivo, um homem negro. Embora decidida a se casar apesar de qualquer objeção, seu noivo quer a aprovação dos pais dela e dos seus também (Roy Glenn & Beah Richards).

A Cena: John Prentice (Sidney Poitier) enfrenta a objeção de seu pai (Roy Glenn) momentos antes do jantar servido pela família Drayton e no qual será anunciado a aprovação ou não de um casamento inter-racial.

O diálogo : Ouça me pai ! Você diz que não quer me dizer como viver minha vida. Então, o que acha que está fazendo? Você me diz quais direitos eu tenho ou não tenho, e o que devo a você pelo que fez por mim. Deixe-me lhe dizer uma coisa. Eu não lhe devo nada! Se você carregou esse fardo por um milhão de quilômetros, você fez o que deveria fazer! Porque você me trouxe a este mundo. E, desde aquele dia, você me deve tudo o que poderia fazer por mim, assim como eu devo ao meu filho, se algum dia eu o tiver. Mas você não é meu dono! Não pode me dizer quando ou onde estou fora da linha, nem tentar fazer com que eu viva minha vida de acordo com suas regras. Você nem sabe o que eu sou, pai, você não sabe quem eu sou. Não sabe como me sinto, o que penso. E se eu tentar explicar isso pelo resto de sua vida, você nunca entenderá. Você é 30 anos mais velho do que eu. Você e toda a sua geração acreditam que o que era para você é o que tem de ser. E somente quando toda a sua geração se deitar e morrer é que o peso morto de vocês sairá de nossas costas! Entenda, você tem que sair das minhas costas! Papai… Pai, você é meu pai. Eu sou seu filho. Eu amo você. Sempre amei e sempre amarei. Mas você se vê como um homem de cor. Eu me vejo apenas como um homem.

A importância: O filme tem uma grande importância histórica tendo sido realizado um ano antes da morte de Martin Luther King, e em meio ao fervor da luta pelos direitos civis. Na época os conflitos raciais chegavam às ruas, multiplicado em brigas e mortes. Em Nova Jersey, em 13 de julho, os conflitos começaram com um protesto contra a miséria e o desemprego da população negra. O protesto foi desencadeado por uma briga entre um taxista negro e dois policiais brancos. O saldo foi de 20 mortos, centenas de feridos e mais de mil detidos. Em Michigan, em 23 de julho, os conflitos começaram com uma intervenção policial em um bar noturno sem licença. O evento durou cinco dias e resultou em 43 mortes, 1 189 feridos, mais de 7 200 prisões e mais de 400 prédios destruídos. A segregação racial na América era secular datando da época da guerra civil americana. O filme de Stanley Kramer foi um farol na tentativa de mostrar o preço a se pagar pela ignorância. Ainda que passados quase 60 anos de sua exibição, o filme mantem seus diálogos impactantes como um exemplo da importância de nunca nos esquecer da importância de defender a igualdade entre etnias e a consciência negra, a consciência de saber o que é ser humano.

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