TV |  MULHER MARAVILHA: 50 ANOS

Adilson Carvalho

Em 1974, a ideia de uma série da Mulher Maravilha (Wonder Woman) veio na rastro de sucesso das aventuras de James Bond. A ideia do produtor e roteirista John D. F. Black era fazer da heroína das hqs uma super espiã com aventuras episódicas na TV. O papel de Diana ficou com Cathy Lee Crosby, loira, com um uniforme totalmente diferente das histórias criadas pelo Dr. William Moulton Marston, um psicólogo que acreditava na superioridade feminina. No pilto a heroína enfrenta o vilão chamado Abner Smith (Ricardo Montalbán), que roubou um conjunto de livros de códigos contendo informações confidenciais sobre agentes de campo do governo dos EUA. O piloto, exibido no Brasil pela Rede Globo,  não agradou aos executivos da Warner, que encomendaram um segundo projeto que fosse mais fiel às origens dos quadrinhos, com  produção de Stanley Ralph Ross. Kate Jackson, Farrah Fawcett e Jaclyn Smith, de As Panteras (Charlie’s Angels) foram todas testadas para o papel já que a Warner queria uma atriz já conhecida para o papel da heroína, mas Ross ficou impressionado com a beleza da ex Miss Mundo Lynda Carter, na época desconhecida do grande público. A atriz tinha apenas 25 dólares na conta bancária quando recebeu a ligação informando que havia conseguido o papel da Mulher Maravilha. Ela superou outras 2.000 atrizes na disputa pelo papel. Assim em 7 de novembro de 1975 estreou na ABC o seriado Mulher Maravilha (The New Original Wonder Woman) – um sucesso imediato, igualmente exibido no Brasil pela Rede Globo. A primeira temporada teve um total de 13 episódios retratando a luta da heroína contra a ameaça Nazista. No elenco de apoio o Major Steve Trevor (Lyle Waggoner), o General Blankship (Richard Eastman) e a Ordenança Etta Candy (Beattrice Colen). Os nazistas eram sempre os vilões de cada episódio, que incluiu participações de grandes nomes da época como Lynda Day George, John Saxon, Hayden Rorke, Caroline Jones e Debra Winger como Drusilla, a Moca Maravilha. Esta não estava contente com o papel e preferiu pagar uma multa rescisória para não repetir o papel de versão adolescente da Mulher Maravilha. Ao final da temporada, a Warner sentia que o recorte temporal da segunda guerra limitava a série, e decidiram mudar tudo atualizando a história para os anos 70. A segunda temporada mostra Diana salvando a vida de Steve Trevor Jr (Lyle Waggoner), um agente do governo em missão especial. Todo o elenco muda e Norman Burton assume como o chefe Joe Atkinson. Na verdade, os roteiristas aproveitaram a premissa de uma Diana que atua como espiã moderna, como inicialmente pensada no piloto inicial estrelado por Cathy Lee Crosby. A atualização, agora transmitida pela CBS, serviu para conquistar novos fãs, embora os super vilões das hqs não fossem usados, com exceção de Fausta Grabels e a Baronesa Paula Von Gunther. mas ainda existia um certo ar de continuidade nas histórias como no episódio duplo Mind Stealers From Outer Space (2×10 e 2×11) em que criaturas do espaço que roubam cérebros chegam à Terra em uma infestação que poderá levar ao extermínio da raça humana. A situação só não piora porque a Mulher Maravilha recebe a ajuda do alienígena Andros (Dack Rambo), filho do Andros original interpretado por Tim O’Connor no episódio Judgment From Outer Space, da primeira temporada. Entre os atores convidados nesta fase os nomes de David Hedison, Fritz Weaver, Frank Gorshin, Helen Hunt, Roddy MacDowell e outros. O uniforme da heroína recebe algumas mudanças e a transformação de Diana em Mulher Maravilha, que era feita com imagens sobrepostas, ganha um clarão azul e vermelho, a cada vez que a personagem roda, e que se tornaria característico até nas hqs.

Nos bastidores, algumas situações eram bem peculiares no esforço dos produtores de conferir realismo às cenas de ação. No episódio Anschluss 77 (episódio 2.2), o roteiro exigia que a Mulher Maravilha se agarrasse a uma barra sob um helicóptero e se segurasse nela enquanto o helicóptero subia 15 metros no ar. A dublê da atriz Lynda Carter filmou a cena, mas como a câmera estava muito perto da substituta, ficou óbvio que não era Lynda. Como a equipe de produção estava começando a perder a iluminação, Lynda sentiu que poderia realizar a cena sozinha e disse à sua dublê para deixá-la ir. Ela filmou a cena sozinha, o que irritou os produtores da série, que não estavam cientes disso, pois Carter não só não informou ninguém com antecedência, como também não usou protetores de pulso que poderiam mantê-la presa ao helicóptero caso ela não tivesse força para se segurar. Perto do final da segunda temporada, a série apresentou Rover um pequeno robô que se tornou um alívio cômico, e que ocasionalmente fazia um efeito sonoro semelhante ao do Papa-Léguas nos desenhos animados Looney Tunes. Durante a segunda temporada, à medida que os episódios eram produzidos outras mudanças seriam sentidas. O Chefe do Serviço Secreto interpretado por Norman Burton vai gradativamente deixando a série, até que na terceira temporada, Steve fica encarregado de passar as missões de Diana. Contudo, o ator Lyle Waggoner acaba servindo de mero adereço nas histórias, o que o deixava descontente. Nem mais um interesse afetivo para Diana, ou um agente de campo, o personagem deixa de ser funcional. Tensões entre as estrelas da série Lynda Carter e Lyle Waggoner foram relatadas à medida que a série avançava, e por conta disso os dois atores apareciam cada vez menos juntos nas cenas. Em entrevistas recentes, Lynda Carter negou que houvesse qualquer tensão, mas ela diz se arrepender de não ter conhecido melhor o colega. O ator ainda se afastou mais das filmagens ao ser eleito prefeito de Encino, na California durante a série. A série impulsionou a carreira de Lynda Carter, que trabalhou em várias produções de TV desde então, além de ter seguido uma carreira sólida como cantora. A série foi extremamente popular no Brasil onde foi exibida pela Rede Globo e SBT entre o final da década de 70 e o início da década de 80. Foi um período em que as TVS traziam um grande número de séries de super heróis como Homem Aranha, O Incrível Hulk, O Homem de Seis Milhões de Dólares, Mulher Biônica e outras. Lynda Carter se fixou no imaginário popular e tornou-se indelével como a personificação da super heroína imaginada por William Moulton Marston, não apenas uma heroína mas um símbolo de beleza e integridade que eleva a força da mulher como protagonista de filmes de ação. ASSISTA A SÉRIE NA TV CHANNEL NETWORK.

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