Adilson Carvalho

Imagine ser capaz de transferir sua mente adulta para o passado, habitando uma versão mais jovem de si mesmo. Com o conhecimento do futuro, você teria a chance de corrigir o que deu errado em sua vida, e na vida das pessoas que te cercam. Uma premissa destas alimenta sonhos e gera toda forma de revezes possíveis pois para cada coisa que gostaríamos de consertar, existem limites e efeitos colaterais que não podemos controlar. O roteiro de O Efeito Borboleta (The Butterfly Effect) de Eric Bress e J. MacKye Gruber, que também dirigiram a produção, explora o conceito de viagem no tempo de forma a refletir do impacto de nossas ações, até mesmo as mínimas, no mundo que nos cerca, e como jamais conseguimos controlar o caos inerente à subjetividade intervencionista. Na história, O estudante universitário Evan Treborn (Ashton Kutcher) está aflito com dores de cabeça tão fortes que frequentemente desmaia. Enquanto está inconsciente, Evan pode viajar de volta no tempo para momentos de dificuldades na infância. Ele também pode alterar o passado para os amigos, como Kayleigh (Amy Smart), que foi molestada pelo pai. Porém ao mudar o passado, ele pode alterar o presente, o que leva Evan a se encontrar em um pesadelo de realidades alternativas, incluindo uma onde ele está preso.

O efeito borboleta refere-se a grandes eventos do futuro que são alterados por algo tão inofensivo como pisar uma borboleta ou, no caso da introdução deste filme, uma borboleta batendo as asas. Isso vem de um conto de Ray Bradbury de 1952 intitulado O Som do Trovão. sobre um viajante do tempo vai a um safári para caçar dinossauros. Sabe-se que o animal está condenado a morrer em poucos minutos devido à queda de uma árvore, então sua morte não terá importância, e eles estão suspensos acima do solo em uma trilha projetada e vestindo trajes de proteção, mas o homem entra em pânico, cai da trilha e a caçada acaba. Ao retornar ao presente, ele descobre que a história tomou um rumo desastroso. Ao tirar seu traje de proteção, ele vê, preso na lama de suas botas, uma borboleta pré-histórica esmagada. O som do trovão é o tiro que ele mesmo disparou. Assim, todas ações de Evan em suas intervenções no passado, nos anos de 1989, 1995, 2002 e 2010, causam males que ele não consegue controlar. O filme é inteligente por conseguir canalizar a carga dramática com as filosofias temáticas da ficção científica. As continuações O Efeito Borboleta 2 (2006) e O Efeito Borboleta 3: Revelações (2009), todas feitas sem Ashton Kutcher, foram lançadas diretamente em DVD com nenhum membro do elenco do original. Nenhuma desta causou o efeito narrativo, sendo pálidas retomadas no original. Este permanece uma pérola que nos lembra que existe uma hora e um tempo para cada propósito terreno de nossas vidas, mesmo que não consigamos deixar de imaginar o que poderia ter sido. Você encontra O Efeito Borboleta na HBOMAX.