HQ TERRITORIO NEUTRO | NATAL DISNEY DE OURO

Por Adilson Carvalho

Eu tinha uns 10 anos quando passando pela banca de jornal me encantou um almanaque reunindo os personagens Disney com o tema natalino. Era dezembro de 1979, e se iniciou então pela editora abril a publicação anual Natal Disney de Ouro, que veio a se tornar tradição no fim de ano, tanto quanto o panetone, nozes e rabanada na mesa. Foram mais de 200 páginas republicando 18 aventuras protagonizadas por Tio Patinhas, Donald, Pateta, Mickey, Zé Carioca, Quincas, Branca de Neve e outros personagens. A fonte do material vinha de diversos títulos e editoras como a Dell, a Gold Key e até mesmo tiras de jornais. Nos roteiros e desenhos nomes como Carl Barks, Waldyr Agayra de Souza (1934/2002) – um dos primeiros desenhistas brasileiros a ilustrar personagens Disney entre outros. A publicação abria espaço entre as histórias americanas para incluir histórias feitas no Brasil como Um Natal Inesquecível, em que o Zé Carioca recebe todos os primos para a noite de Natal, história desenhada pelo talentoso Renato Canini (1936/2013) – um dos principais artistas a deixar sua marca nas histórias do Zé Carioca.

A edição #3 deixou gravada em minha memória afetiva a bela capa com os personagens Disney pendurados na corda dos sinos de Natal. Outra história marcante nessa edição é a história Os Inimigos do Natal extraída de tiras de jornal dos anos 60 e mostrando Peter Pan encarando mais uma vez o Capitão Gancho ou a comovente Um Presente Para o Tio Donald, em que Huguinho, Zezinho e Luizinho buscam empregos temporários para comprarem um presente de Natal para o seu tio. Outra história memorável é A Grande Mudança, publicada em Natal Disney de Ouro #5 (Dezembro de 1983) em que um experimento de Pardal faz com que Donald troque de personalidade com Patinhas. Assim, o velho quaquilionário sovina passa a ser uma pessoa generosa. A ´partir da edição Natal Disney de Ouro #6 (novembro de 1984), a revista passou a publicar material inédito e o logotipo passou a ostentar um brilho dourado. Ao todo foram 20 edições, encerradas apenas em 1998, quando a editora Abril começou a passar por uma série crise no mercado editorial. Em 2010, uma nova versão da revista chegou às bancas durando 7 edições até novembro de 2016. Marcou uma época, deixou saudades nas crianças que como eu esperava cada final de ano não apenas para esperar pelo Papai Noel, mas para esperar por um Natal de Ouro.

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