COMO SIMON FRANGLEN COMPÔS A TRILHA SONORA DE AVATAR: FOGO & CINZA

Adilson Carvalho

Quando Avatar: Fogo & Cinza (Avatar: Fire and Ash) chegar aos cinemas em 19 de dezembro, marcará o culminar de um projeto de décadas para o compositor Simon Franglen, que trabalhou como arranjador e compositor no Avatar original (2009) e compôs a trilha sonora da sequência de 2022, Avatar: O Caminho da Água (Avatar: The Way of Water). Considerando que o terceiro Avatar é mais ambicioso e complexo — tanto técnica quanto tematicamente — do roteirista e diretor James Cameron até agora, não é surpresa que tenha representado o desafio mais assustador da carreira de Franglen. “Em termos da escala do que tivemos que entregar, esta trilha sonora supera tudo o que já fiz antes”, disse Franglen em entrevista observando que escreveu sua primeira peça musical para há sete anos. A maior parte da composição ocorreu nos últimos dois anos e meio, durante os quais Franglen escreveu 1.907 páginas de partitura. “O filme tem três horas e 15 minutos de duração e três horas, quatro minutos e 16 segundos de música. Portanto, tenho cerca de 10 minutos de folga por bom comportamento.” Como muitos dos filmes de Cameron, Avatar: Fogo & Cinza salta de gênero em gênero e abrange uma ampla gama tonal, desde ação emocionante até romance íntimo e luto. Franglen foi encarregado de criar uma trilha sonora digna da profundidade e amplitude da narrativa de Cameron, o que exigiu que ele recorresse a uma ampla variedade de estilos e influências. Tudo começou, no entanto, com o personagem. “Tem que começar com a desconexão entre Jake [Sam Worthington] e Neytiri [Zoe Saldaña]”, disse Franglen sobre o casal no centro do filme, que está devastado pela perda no início da história. “Inicialmente, quando eles conversam, uso duas linhas que se separam uma da outra para que, musicalmente, haja sempre uma sensação de distância entre eles. Então você tem alguns temas muito austeros que têm uma cor muito delicada.” Em contraste, quando Franglen criou a música para os Wind Traders, um clã nômade que viaja pelo ar e navega pelos céus, ele pôde se soltar com temas arrojados na tradição dos filmes de aventura de Hollywood dos anos 1930 e 1940. O fato de os Wind Traders serem vistos tocando instrumentos diante das câmeras significava que Franglen não só tinha que compor músicas para suas apresentações, como também precisava criar os instrumentos que eles tocavam. Para o outro novo clã do filme, o povo Ash, Franglen adotou uma abordagem diferente. “Os Ash são agentes do caos, e eu queria que sua música tivesse uma qualidade visceral”, disse Franglen. “Há dez anos, eu estive na Mongólia Interior, e eles têm um instrumento de cordas chamado morin khuur que pode ter uma ferocidade real, então criei uma textura em torno disso. Mas eu não queria dar aos Ash um tema, queria dar a eles uma sensação.” Com exceção de um grupo vocal das Ilhas do Pacífico, toda a música de Avatar: Fogo & Cinza foi gravada em Los Angeles, nos estúdios da Fox, um fato do qual Franglen se orgulha com razão. Um total de 215 músicos compôs um conjunto que incluiu uma orquestra de 100 instrumentos, coros, solistas, percussão e programação personalizada de sintetizadores — tudo isso combinado para produzir uma trilha sonora variada e poderosa que convida e merece comparações com épicos do passado, como o trabalho de Maurice Jarre em Lawrence da Arábia (1962) e Doutor Jivago (1965). Avatar: Fogo & Cinza estreia no cinema em 18 de dezembro.

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