BASTIDORES | ROB REINER QUASE NÃO DIRIGIU CONTA COMIGO ATÉ QUE FEZ UMA MUDANÇA

Adilson Carvalho

Estamos celebrando a vida do grande Rob Reiner, que faleceu tragicamente aos 78 anos. Stephen King não é apenas um autor prolífico, mas também a fonte de dezenas de grandes filmes e programas de TV que adaptam sua obra. Seu nome é uma marca reconhecível, na qual os estúdios passaram a confiar para alguns dos filmes de terror mais aclamados e bem-sucedidos de todos os tempos. Caramba, há uma razão para que só em 2025 tenha havido tantas adaptações de Stephen King. Ainda assim, por mais populares que King e sua obra sejam, nem todas as adaptações têm garantia de serem feitas. Há pelo menos um filme de Stephen King que todos os estúdios de Hollywood rejeitaram, mas que, quando finalmente foi feito, se tornou um padrão de excelência para as histórias de amadurecimento dos anos 80 e um clássico genuíno. O filme é Conta Comigo (Stand By Me), adaptado do conto “The Body”, de King. Ele acompanha quatro meninos pré-adolescentes (Wil Wheaton, River Phoenix, Corey Feldman e Jerry O’Connell. , cada um de uma família claramente disfuncional, que partem para ver um cadáver sobre o qual ouviram falar e relatá-lo na esperança de se tornarem famosos. Dirigido por Rob Reiner em 1986, o filme continua sendo um filme amado e nostálgico, que só fica melhor a cada nova exibição. No entanto, o filme só funcionou depois que Rob Reiner fez uma mudança crucial. Em uma entrevista para a revista Variety, por ocasião do 30º aniversário do filme, Reiner revelou que teve dificuldades com a falta de foco do roteiro. “Fiquei com dor de cabeça tentando entender isso”, disse Reiner. O ponto de virada, segundo o produtor Andrew Scheinman, foi “perceber que o foco do roteiro precisava ser Gordie, e não Chris. É a história de um garoto que se sente pouco valorizado pelo pai e então percebe que esse é um problema do pai, não dele.” Parece que, na versão inicial, Gordie (Wheaton) era apenas um dos quatro personagens. “Ele era um observador. Não era o foco principal da história”, explicou Reiner. “Então pensei: isso é sobre um garoto que tem sentimentos de insegurança em relação a si mesmo. Ele é levado a ver o corpo, porque nunca chorou no funeral do irmão e seu pai sempre deu mais atenção ao irmão mais velho que morreu.” O enredo é essencialmente o mesmo do livro, mas, assim como na obra original, Gordie narra principalmente o que acontece e se concentra no que seus amigos fazem, especialmente Chris, em vez de si mesmo. Isso faz sentido, já que Chris é o melhor amigo legal, o garoto que você sempre admira e aspira ser na pré-adolescência. É claro que mudar o foco para Gordie não era óbvio. Ele não é o mais trágico, nem o mais distinto fisicamente, nem o mais corajoso. É fácil deixá-lo ficar em segundo plano e ser o observador e eventual narrador. Como disse o produtor e co-roteirista Bruce A. Evans: “Resistimos a isso no início, mas depois vimos para onde ele estava indo. Rob faz isso muito bem”. De fato, é essa mudança que torna o filme o que ele é. Gordie é o personagem com a maior evolução no filme, pois trata mais de como ele lida com seus próprios sentimentos em relação à forma como seus pais o tratam do que de como ele muda ativamente as pessoas ao seu redor. Gordie finalmente se abrindo para Chris (Phoenix) e decidindo não ser mais apenas um observador silencioso é catártico e emocionante. É fácil entender por que até mesmo Stephen King ficou emocionado depois de assistir ao filme. Disponível no Apple TV.

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