PACINO É … SCARFACE. ⭐⭐⭐⭐

Marcelo Kricheldorf

Scarface (1983) é um filme dirigido por Brian De Palma que conta a história de Tony Montana, um imigrante cubano que se torna um dos principais chefes do crime organizado em Miami. Neste artigo, vamos explorar a ascensão e queda de Tony Montana, a representação da imigração cubana, a violência e o crime organizado, o personagem de Tony Montana, a direção de Brian De Palma, a influência do filme original, a trilha sonora, a recepção crítica e comercial, o legado do filme na cultura popular e a análise sociológica de Scarface.
A ascensão de Tony Montana é rápida e violenta. Ele começa como um pequeno traficante de drogas e logo se torna um dos principais chefes do crime organizado em Miami. No entanto, sua queda é igualmente rápida e violenta, resultado de sua ambição e corrupção. O filme representa a experiência dos imigrantes cubanos nos Estados Unidos durante a década de 1980. A história de Tony Montana é uma metáfora para a luta dos imigrantes cubanos que vieram para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor.
A história do filme orbita em torno da violência e o crime organizado, em uma narrativa que mostra a brutalidade e a corrupção do crime organizado, destacando a luta pelo poder e a violência que acompanha essa luta. O personagem de Tony Montana é um estudo de caso sobre a ambição e a corrupção. Sua ascensão ao poder é motivada por sua ambição e sua falta de escrúpulos, e sua queda é resultado de sua própria corrupção e da violência que o cerca.
A direção de Brian De Palma em Scarface é marcada pela intensidade e pela violência. Ele usa a câmera para criar uma atmosfera tensa e violenta, destacando a brutalidade do crime organizado.
O filme Scarface (1932) teve uma grande influência no remake de 1983. A história do filme original foi adaptada para a década de 1980, com a ação se passando em Miami e a máfia cubana substituindo a máfia italiana.
É notável por seu uso do excesso visual, paleta de cores vibrantes e o emprego de planos e ângulos que enfatizam a ascensão e o isolamento do personagem. A mise-en-scène do filme reflete a jornada de Tony, de um imigrante pobre a um magnata das drogas. A direção de arte contrasta a vida de imigrante com a opulência extravagante, usando a arquitetura para espelhar a grandiosidade de Tony. Em cenas como a da enorme banheira de Tony, De Palma opta por planos gerais para destacar o tamanho do imóvel em contraste ao próprio personagem; em seu próprio palácio, simbolizando visualmente sua fragilidade.
A obra é conhecida por seu visual vibrante e neon, que captura a atmosfera de Miami nos anos 80, um mundo de dinheiro, poder e drogas. As cores intensas, especialmente nos interiores das mansões e clubes, criam um ambiente de excesso e decadência.
De Palma utiliza uma variedade de técnicas de câmera para criar tensão e caracterizar a psicologia de Tony.
A utilização de ângulos de câmera do alto (plongée), é usada para dar uma perspectiva distanciada e, às vezes, predestinada da ação, sugerindo que os personagens são parte de um esquema maior do qual não têm controle. O filme termina com um plano ascendente do corpo de Tony em direção à mensagem “O Mundo é Seu”, ironizando sua queda.
Diferente de outros diretores que usariam closes para o drama, De Palma frequentemente usa planos gerais em momentos de conflito (como a discussão na banheira), forçando o espectador a observar a interação dos personagens dentro de seu ambiente opressor.A cinematografia é dinâmica, utilizando ângulos de câmera variados e movimentos que intensificam a ação e o drama, como na marcante cena do massacre da motosserra e do tiroteio final.
De Palma filmou Scarface em película usando câmeras e lentes Panavision, o que ajudou a criar o visual nítido e cinematográfico. A escolha de lentes e a iluminação habilidosa destacam os contrastes visuais do filme — do brilho à brutalidade, capturando a ascensão e a paranoia de Montana.
A trilha sonora do filme foi composta e produzida pelo pioneiro da música eletrônica Giorgio Moroder. A recepção crítica de Scarface foi mista, com alguns críticos elogiando a atuação de Al Pacino e a direção de Brian De Palma, enquanto outros criticaram a violência e a linguagem explícita do filme. No entanto, o filme foi um sucesso comercial e se tornou um clássico do cinema.
Teve um grande impacto na cultura popular. A frase “Say hello to my little friend!” se tornou um ícone da cultura popular, e o filme influenciou muitos outros filmes e músicas. O filme de Brian de Palma pode ser analisado sob uma perspectiva sociológica, destacando a representação da sociedade americana e a crítica à cultura do excesso e da violência. O filme mostra a luta dos imigrantes cubanos e a corrupção do crime organizado, destacando a complexidade da sociedade americana.